A jornalista, Vanessa Ricarte (42), morreu esfaqueada pelo noivo, Caio Nascimento, na noite da quarta-feira (12/02), em uma casa localizada no bairro São Francisco, em Campo Grande (MS).
Na noite que antecedeu o crime, Vanessa havia procurado a DEAM - Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher para denunciar o companheiro e solicitar uma medida protetiva contra ele. Horas antes de ser morta, ela havia ido até a delegacia para buscar a documentação da medida protetiva.
Ao chegar em casa, a jornalista se deparou com Caio. Eles discutiram e ele desferiu diversos golpes de faca contra o pescoço, peito e barriga da vítima. Os vizinhos ouviram os gritos e acionaram a polícia.
Viaturas da Polícia Militar e Corpo de Bombeiros Militares se deslocaram até o endereço e encontraram a vítima caída no chão ensanguentada e com diversas perfurações pelo corpo.
Na casa, estavam Vanessa, um amigo e o assassino. Ela foi socorrida e encaminhada ao Hospital Santa Casa, mas não resistiu aos ferimentos e morreu. Caio foi preso e encaminhado à delegacia.
Ele trabalhava como músico, e era alvo de uma série de denúncias de violência doméstica, violência psicológica, agressão, ameaça e perseguição à Vanessa e outras mulheres.
Na manhã da quinta feira 13, durante coletiva de imprensa, a delegada Elaine Benicasa afirmou que a equipe da Polícia Civil ofereceu abrigo na sede da DEAM - Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher à jornalista duas horas antes de ser morta pelo noivo, mas, ela recusou.
Velório e Sepultamento
O velório de Vanessa ocorre a partir das 13h no Plenário Oliva Enciso da Casa de Leis; sepultamento será em Três Lagoas, onde Vanessa nasceu.
O velório da jornalista Vanessa Ricarte, que morreu esfaqueada pelo ex-noivo, será aberto ao público no Plenário Oliva Enciso, na Câmara Municipal de Campo Grande, durante a tarde da quinta-feira (13), a partir das 13h.
O presidente da Casa de Leis, vereador Epaminondas Neto, mais conhecido como Papy, lamentou mais uma vítima de feminicídio na Capital e destacou a carreira de Vanessa.
“Hoje fomos surpreendidos com a trágica notícia do falecimento da jornalista Vanessa, que foi servidora pública municipal, que fazia importante trabalho no jornalismo em Campo Grande. Infelizmente, mais uma mulher vítima de feminicídio. Nós da Câmara nos solidarizamos com a família e amigos por esta perda irreparável desta grande jornalista”.
Ainda, Papy reforçou que o assunto do feminicídio precisa ser tratado com urgência pelas autoridades, para apresentar soluções para este crime que ainda assola o município e o estado.
“Precisamos investir em políticas públicas eficientes, no combate ao feminicídio e violência contra mulher. Campo Grande está entre as capitais com maior número de feminicídios do Brasil e é preciso coragem para esse enfrentamento”.
Durante a sessão da manhã de quinta feira (13), a Câmara, junto aos seus vereadores e servidores, manifestou condolências aos amigos e familiares de Vanessa e reforçou a importância no enfrentamento a qualquer tipo de violência.
Após o velório, o corpo da jornalista será levado à Três Lagoas, cidade natal de Vanessa e onde será sepultada, ainda sem data, local e horário divulgados.
Pronunciamentos oficiais
Após a notícia da morte da jornalista, vários órgãos e parlamentares se pronunciaram sobre o caso.
Através de um vídeo, publicado em uma rede social, o governador Eduardo Riedel declarou ter ficado profundamente impactado com a notícia da morte da servidora, que atuava no Ministério Público do Trabalho (MPT).
Riedel estendeu a indignação não apenas à Vanessa, mas também ao sofrimento das famílias envolvidas não só nesse, mas em outros casos de feminicídio, crime que apresenta altos índices no estado.
Ainda, o Ministério Público do Trabalho (MPT), onde Vanessa era chefe de comunicação, lamentou e manifestou indignação pela morte de Vanessa, e a descreveu como "uma profissional dedicada e comprometida".
"Sua perda é um golpe não apenas para a instituição, mas para toda a sociedade, que vê mais uma vida ceifada pela violência de gênero", diz texto.
O MPT reforçou ainda o compromisso do órgão com a defesa dos direitos humanos e repudia veementemente qualquer forma de violência contra as mulheres, e se solidarizou com a família, os amigos e colegas da vítima.
"Que sua memória inspire a luta por um mundo mais justo e seguro para todas as mulheres, e que sua tragédia nos motive a fortalecer as políticas públicas de proteção e combate à violência doméstica".
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Mato Grosso do Sul e a Comissão de Mulheres da FENAJ - Federação Nacional dos Jornalistas também emitiram nota de pesar pelo falecimento de Vanessa.
No texto, relembram o caminho profissional da jornalista, formada pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), que atuou como professora de redação, editora, assessora de imprensa e chefe de assessoria de imprensa.
Vanessa foi definida como uma profissional de texto impecável e ideias constantes, que sempre tinha um projeto novo na manga e acreditava no potencial do ser humano como agente de boas transformações.