terça-feira, 2 de setembro de 2025

Mino Carta, referência do jornalismo brasileiro, morre aos 91 anos

 Ele foi o primeiro diretor de redação de VEJA, cargo que ocupou de 1968 a 1976 


Mino Carta, referência do jornalismo brasileiro, morreu nesta terça-feira, 2, aos 91 anos. Em 1968, ele fez parte do lançamento de VEJA pela Editora Abril, onde também foi diretor de redação. Criou também a QUATRO RODAS, em 1960, IstoÉ, em 1976, e fundou a Carta Capital, em 1994. Também esteve à frente da fundação do Jornal da Tarde, em 1966. 

Segundo texto publicado pela Carta Capital, Mino “lutava contra os problemas de saúde, em idas-e-vindas do hospital” e morreu no Sírio-Libanês, onde passou as duas últimas semanas internadas na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). 

Mino Carta, de batismo Demetrio Giuliano Gianni Carta, nasceu em Gênova, na Itália, e veio para o Brasil logo após o fim da Segunda Guerra Mundial. Muito jovem, aos 17 anos, fora correspondente esportivo do jornal italiano Il Messaggero durante a Copa do Mundo de 1950, realizada pela primeira vez no Brasil, contínuo e articulista da revista paulista Anhembi e em seguida redator da principal agência de notícias da Itália, a Ansa. Durante uma temporada de retorno à sua terra natal, foi convidado pelo fundador da Editora Abril, Victor Civita, em 1959, a editar uma nova publicação, dedicada ao automobilismo e ao turismo, a Quatro Rodas. Mino aceitou, mas fez questão de destacar uma particularidade que sempre o acompanharia: não sabia dirigir e nada sabia de automóveis. O sucesso na direção de Quatro Rodas, cuja tiragem em seis meses passou de 30 000 exemplares mensais parta 70 000, o faria respeitado entre seus pares. 

Não demoraria a ser convidado para produzir no Estadão a Edição de Esportes, caderno dominical que seria o embrião do Jornal da Tarde. 

Em 1968, quando a Abril decidiu lançar VEJA, o nome de Carta logo se destacou. Ele seria o primeiro diretor de redação da revista, cargo que ocupou até 1976, de inteligência rara, rigoroso e de personalidade forte, corajoso no combate aos desmandos da ditadura militar. Criou um estilo de comando que seria depois reproduzido por muitos outros profissionais de imprensa no país. De Carlos Maranhão, no livro Roberto Civita – O Dono da Banca: “. Mino era um homem de estatura pequena, algo que o incomodava. 

Elegante, irônico, mordaz, de gênio explosivo, tinha grande cultura e texto tão inconfundível como o corte de seus paletós de tweed com reforço de couro nos cotovelos.  Adorava a culinária e os vinhos italianos, para ele indiscutivelmente superior aos franceses. Conhecedor de história da arte, pintava quadros figurativos.  Em 1957, realizara em Milão sua primeira exposição individual. Além de jornalista de reconhecida competência, considerava-se um bom designer de revistas.”  Fez parte, sem dúvida alguma, da história da imprensa brasileira antes do surgimento da internet.