6 por meia dúzia: Trapalhada do ICTIM: após repercussão negativa, bolsa de R$ 60 mil do presidente da EPT passa de 'apneia do sono' para ‘mobilidade urbana’
A concessão de uma bolsa de R$ 60 mil ao atual presidente da EPT - Empresa Pública de Transportes de Maricá, Celso Haddad Lopes, tem causado espanto e indignação nos bastidores da administração pública e entre os cidadãos atentos à ética na gestão dos recursos públicos. O benefício foi concedido pelo ICTIM - Instituto de Ciência, Tecnologia e Inovação de Maricá, segundo publicação oficial no Jornal Oficial de Maricá (JOM), edição nº 1770, do dia 18 de agosto de 2025.
A bolsa, de alto valor, foi destinada ao desenvolvimento do projeto intitulado “Investigar os impactos da síndrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS) na saúde física, mental e ocupacional de profissionais de saúde”. O objeto da pesquisa, de cunho essencialmente biomédico e psicológico, exige formação especializada em áreas como medicina, psicologia, fisioterapia, enfermagem, ou no mínimo, saúde pública com ênfase em saúde ocupacional.
No entanto, o bolsista em questão, Celso Haddad, é bacharel em Direito pela Universidade Augusto Motta, com pós-graduação em Direito Eleitoral. Sua trajetória profissional sempre esteve ligada à advocacia e à gestão pública — sem qualquer relação com o campo da saúde ou da pesquisa científica. A evidente ausência de qualificação técnica específica para o tema proposto levanta sérias dúvidas quanto à legalidade, legitimidade e finalidade da concessão.
Denunciado pelo Jornal Barão de Inohan, na matéria https://obaraoj.blogspot.com/2025/08/sem-licitacao-presidente-e-diretor-da.html, o ICTIM, presidido por Cláudio de Souza Gimenez, correu para desfazer a trapalhada e conter a irritação do manda-chuva Celso Pansera (que da CODEMAR dá as ordens ao ICTIM).
6 por meia dúzia
A equipe deu o famoso "jeitinho brasileiro" para consertar a burrada, soltando no JOM 1772 (22 de agosto) uma errata, passando a bolsa de Haddad para "Transporte sustentável e mobilidade inteligente para o desenvolvimento urbano". Mas a preguiça de quem refez a publicação foi tanta que nem o nome de Celso Haddad foi republicado. Melhor deixar quieto, não é verdade? E o problema persistiu, pois o questionamento maior não apenas 'a cadeira a ser estudada na "bolsa"' e sim o INDECENTE valor de R$ 60 mil para o presidente da EPT e para o diretor de tráfego (que a cada dia que passa é menos querido) da autarquia.
Independente do tipo de bolsa, o que se revela nesse imbróglio é talvez um ponto ainda mais grave: Celso Haddad acumula a função de presidente de uma autarquia municipal (EPT) com o recebimento de uma bolsa de pesquisa paga por outra autarquia da mesma esfera de governo (o ICTIM). Isso não apenas fere o princípio da moralidade administrativa, como pode configurar desvio de finalidade na aplicação de recursos públicos, especialmente em um município que investe milhões por ano no programa de bolsas científicas sem garantir mecanismos mínimos de controle, como editais públicos ou critérios técnicos de seleção.
Aliás, o caso de Haddad não é isolado. Desde sua criação, o ICTIM tem distribuído dezenas de bolsas de valores elevados sem qualquer edital público ou processo seletivo transparente. Os critérios de escolha dos bolsistas não são divulgados, e a maior parte das bolsas é destinada a pessoas próximas ao círculo político municipal, o que reforça suspeitas de favorecimento indevido.
Marcelo Velho, responsável pela pasta da Saúde, também é outro secretário que ganhou, digamos, um "plus" no ICTIM. Sem o menor pudor, uma bolsa de R$ 120 mil foi concedida ao gestor: https://claudiodantas.com.br/secretario-de-saude-de-marica-recebe-bolsa-de-r-120-mil-em-meio-a-investigacoes-de-desvios/.
O próprio projeto de apneia obstrutiva do sono também já foi pauta na imprensa porque o ex-presidente do ICTIM e atual CODEMAR, Celso Pansera, chegou a beneficiar sua própria esposa Mônica Levy Andersen.
Um modelo de gestão pública em xeque
O caso das bolsas do ICTIM expõe de forma clara uma grave falha na política de fomento à ciência e tecnologia de Maricá: a inexistência de critérios objetivos, a falta de transparência e a aparente utilização do ICTIM como instrumento de favorecimento político e pessoal.
Em tempos de exigência crescente por integridade e responsabilidade na administração pública, é inadmissível que cargos de confiança acumulem benefícios financeiros indevidos sob a justificativa de "pesquisa", especialmente quando não há expertise, nem seleção, nem contrapartida científica.
Maricá, que deveria ser exemplo de inovação e compromisso com o interesse público, infelizmente dá mais um passo em direção ao descrédito institucional.
O jornal Barão de Inohan continua recebendo denúncias de vários setores do executivo municipal que não aguentam mais tanta maracutaia e desordem e continuará à disposição de todos que querem ver a 'nossa' querida Maricá cada vez mais linda, voltando a sorrir e próspera.
O jornal Barão de Inohan CEDE O ESPAÇO QUE FOR NECESSÁRIO à todos que por ventura tenham sido citados nessa reportagem denúncia e queiram expressar suas ideias e contraposições.
