Professora, Eva também fundou o Jornal de Icaraí
Morreu, na terça-feira (09/9), Eva de Lourdes Santana Amóra, diretora do Jornal A TRIBUNA, aos 84 anos. Eva estava internada no Complexo Hospitalar de Niterói (CHN). A causa da morte foi parada cardio respiratória.
Nascida no dia 11 de fevereiro de 1941, na cidade de Carmo, no Rio de Janeiro, filha de Sebastião Estevão Santana e Sebastiana Maria de Oliveira Sant’Ana, Eva foi registrada em Niterói.
Dona Eva se formou em História pelo Instituto de Ciências Humanas e Filosofia da Universidade Federal Fluminense (UFF), e ainda era licenciada nas disciplinas de Organização Social, Política Brasileira e Estudos Sociais.
Em 1967, antes mesmo de se casar com Jourdan Amóra, Eva se tornou sócia do Jornal A TRIBUNA e, mais tarde, do Jornal de Icaraí, participando de seu lançamento, em 1972.
Eva foi casada com Jourdan Amóra, diretor do Jornal A TRIBUNA, por mais de 50 anos, a quem conheceu na época do movimento estudantil. Os dois tiveram dois filhos, Gustavo e Luis Jourdan Amóra, que são responsáveis pelo jornal atualmente.
Durante a inauguração da reforma do colégio Liceu Nilo Peçanha, Eva foi homenageada como a professora mais longeva da escola.
Uma mulher guerreira, à frente do seu tempo
Dona Eva semeou com seu Jordan Amora, os alicerces do jornal A Tribuna.
Seu legado seguirá preservado pelas mãos dos filhos Gustavo e Luis e a inspiração de seu Jordan Amora.
O velório será realizado às 14h da quarta-feira (10), na Capela 3 do cemitério Parque da Colina, em Pendotiba, seguido do sepultamento às 16h.
Não há adeus, sim, há Deus.
Senhor, como agradecer ? Pensei em escrever como editorial de A TRIBUNA, mas as lágrimas impõem um sentimento de filho. Lembro-me agora, quando meu pai me contou o momento em que teve que noticiar a morte de sua querida mãe.
A história se repete.
Infelizmente, a data tão temida chegou.
Senhor, obrigado.
É pouco !
Muito obrigado. Não vivi uma experiência de filho, vivi um testemunho de dignidade, de paixão, de amor, de persistência, de luta, de companheirismo, de garra, de suor.
Mas, principalmente de devoção.
Eva não foi uma simples mãe.
Ela foi A MÃE! E de muitos. Não só minha, de Gustavo e de Jacqueline. Mas, de muitos de seus alunos, de seus colegas, de seus irmãos e de seus pais.
Mas não tenho palavras para descrever o que ela foi para nós e para meu pai.
Dizem que atrás de um grande homem, sempre existe uma grande mulher.
Tá explicado.
Pilar de nossa família, se dedicou a anos de luta amparando o idealismo de meu pai, por um país mais justo, mais democrático.
Professora de História, OSPB (Organização Política e Social Brasileira) e Moral e Cívica, implantou aos seus alunos, o respeito às instituições educacionais por onde passou, como o Liceu Nilo Peçanha e o IEPIC (Instituto de Educação Professor Ismael Coutinho), em São Domingos, bairro onde morou para atender à vida corrida entre ser mãe, filha, professora e lutadora de A Tribuna e Jornal de Icaraí.
Nos tempos difíceis, não se importou em ajudar também financeiramente os jornais a que se dedicou, com seu salário de professora para honrar os compromissos da empresa.
Embarcou também no sonho de meu pai, em desenvolver a imprensa do interior, através de ADJORI-RJ e ABRAJORI, viajou pelo país em Congressos de Jornais, sempre nos levando e nos ensinando, afinal era professora do trabalho e da vida também.
Sempre zeloza com a família, sempre onde estivesse, ligava para saber dos seus pais, que são vitoriosos como ela.
Saíram do zero, no interior do Rio, na cidade do Carmo, onde minha mãe nasceu, filha de lavradores, que vitoriosamente fizeram sua filha Eva, professora e seus filhos Alédio, Oficial de Justiça e Adão, Contador.
Com a vida aguerrida, nos mostrou que a fraqueza é para os fracos.
Uma fortaleza de mulher, que por anos lutou pela vida, enfrentando doenças e as vencendo com a ajuda de seus médicos e de sua fé católica em Jesus Cristo e em Nossa Senhora de Fátima.
Com esta guerreira, aprendi tudo.
Mas, nos últimos anos, aprendi e vivi algo que poucos são capazes de receber: milagres pela recuperação de sua saúde.
Desafiou a medicina, desafiou a ditadura e mostrou ser uma fortaleza em busca da vida, que não desiste nunca!
Só que a vida não acaba aqui, onde gladiou e venceu sempre.
A sua passagem, parece que foi na hora certa. Quando Deus permitiu.
Nos deu o milagre de podermos nos despedir após uma “quase morte”, no sábado 06/09, quando bateu na porta do céu e pediu para voltar, para mais uma despedida e, com a certeza, de nos encontrarmos em breve.
Por aqui, vamos seguir com seus exemplos de bondade, de honestidade, de luta, de dedicação e amor ao próximo.
Mas, acima de tudo, cuidaremos uns dos outros, como prometi lhe em seu leito de morte.
A ressureição chegou. Vá segurando nas mãos de Deus encontrar nossos queridos familiares e amigos que já se foram.
Um dia, tenho a certeza de que nos encontraremos. Não vou chegar chorando como estou agora.
Mas, sorrindo como devemos levar a vida, com o entendimento de que tudo tem um limite.
Menos para Deus.
E ele agora, a quer ao seu lado e nós aqui continuaremos rezando por você e por ele, pela graça, pelo orgulho e honra de ser seu filho.
Beijos minha mãezinha.
Você, tenho mais que certeza de que está com Deus.
Luis Jourdan Amóra em nome de Gustavo Amóra, Jourdan Amóra e Ana Luiza Amóra
EVA DE LOURDES SANTANA AMÓRA - Luís Antônio Pimentel
Eva de Lourdes Santana, que adotou o nome Amóra, por casamento, nasceu a 11 de fevereiro de 1941, na cidade de Carmo, Estado do Rio de Janeiro, mas foi registrada em Niterói.
Filha do casal Sebastiao Estevão de Santana e Sebastiana Maria de Oliveira Sant’Anna, fez o curso primário no Grupo Escolar José Bonifácio; o curso ginasial no Colégio Plínio Leite; e o curso normal no Instituto de Educação Professor Ismael Coutinho.
Licenciou-se em História pelo Instituto de Ciências Humanas e Filosofia da UFF, onde foi licenciada ainda nas disciplinas de Organização Social e Política Brasileira e em Estudos Sociais.
Em sua vida estudantil foi eleita Rainha dos Estudantes pelo Parlamento Estudantil, pela antiga Federação dos Estudantes Secundários Fluminenses (FESEF). Como presidente do Grêmio do Instituto de Educação, criou a “Semana do Normalista”, publicou jornais com novidades da história da educação. Atuou pela construção dos novos pavilhões do Instituto de Educação, organizou desfiles de estudantes e campanhas contra o aumento das passagens de ônibus e trolleys, pela manutenção de passes livres e pela realização do ginásio Antonio Pedro, em apoio às escolas da antiga CNEG (hoje CNEC), e criação da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (hoje, UFF).
Entre os cursos oficiais que frequentou figuram os preparatórios para lecionar Educação Moral e Cívica (MEC/Inspeitoria Seccional de Niterói); o de Atualização Pedagógica e Reforma do Ensino Médio; o curso de Associação dos Professores do Ensino Médio de Relações Públicas e Humanas, promovido pela Organização Universal do Ensino.
Presidiu a banca examinadora de Educação Moral e Cívica dos Exames de Madureza realizados no Liceu Nilo Peçanha. Foi designada coordenadora de Educação Moral e Cívica, em 1974; coordenadora de turno no Liceu Nilo Peçanha (1980/82); reconhecida em 1994 e a partir daí aposentada compulsoriamente. Editou jornal comemorativo aos 150 anos do Liceu e foi atuante nas associações de alunos do Liceísta. Lecionou na Escola Normal Monsenhor Raeder, em Barreto; no Instituto de Educação São José, em Niterói; no Colégio Ginásio e Escola Técnica Oliveira Viana; na Escola Martin Afonso, no Instituto de Educação e no Liceu Nilo Peçanha.
Participou dos Congressos de História Fluminense, organizados em 1967 pelo Instituto Histórico Fluminense e pelo Departamento de História da UFF; do curso de Historiografia Brasileira, promovido pelo Centro de Estudos Históricos e pelo Departamento de História da UFF; e ainda o “Problemas Sociais e Econômicos da América Latina”, organizado pelas duas instituições e o Instituto de Educação Docente, realizado pelo IEPIC, em Niterói, em 1978.
Publicou artigos e fez pesquisas para monografias em jornais como O Fluminense, onde publicou dois números especiais, em homenagem aos professores; para o jornal A TRIBUNA, em que escreveu por 23 anos, sempre sobre educação; e para o Jornal do Brasil, quando à função de coordenadora do Liceu Nilo Peçanha, por ação de um deputado e ex-líder estudantil, vinculado ao governo Chagas Freitas. Mas este governo, ao fim de sua gestão, outorgou-lhe diploma de menção honrosa, como professora.
Antes mesmo de se casar com o jornalista Jourdan Amora, em 1967, tornou-se sócia do jornal A TRIBUNA, e mais tarde, do “Jornal de Icaraí”, de cuja lançamento, em 1979, participou. Exerce as duas funções até a presente data.
Participou de congressos e associações de imprensa em vários Estados, inclusive na Argentina e no Chile; foi secretária-geral da Associação dos Diretores de Diários do Interior do Estado do Rio de Janeiro (Adirj-RJ) e diretora da Associação Brasileira (Abrajori). Participou da fundação do Sindicato das Empresas de Jornais e Revistas do Estado, da Associação dos Diários do Interior do RJ e da direção de vários jornais lançados pelo seu marido, no interior do Estado.
É mãe do bacharel em Direito, Ezequiel Santana Amora; e de Luis Jourdan Santana Amora, formado em Administração de Empresas na área de publicidade, que dirige duas agências de propaganda, cujas sedes e veículos de comunicação social dirigidos pelos dois filhos.
Na inauguração da reforma do Liceu, ofereceu aos alunos exemplares de sua monografia sobre a História da Escola. E somente após sua aposentadoria passou a dedicar-se inteiramente à imprensa, área em que continuou a trabalhar até seus últimos dias.
SENTIREMOS SUA FALTA!