Maricá e o Paradoxo das Oportunidades: Profissionais Locais Invisibilizados? (quase todos com pires na mão!!!)
Maricá é conhecida como a BILIONÁRIA cidade das utopias, um lugar onde o desenvolvimento social e econômico tem sido pauta constante. No entanto, um paradoxo inquietante se apresenta: a falta de valorização de profissionais técnicos e capacitados que são moradores da cidade. Enquanto talentos locais buscam contribuir para o crescimento do município, profissionais de fora acabam ocupando espaços estratégicos, limitando a participação de quem conhece e vive a realidade da região.O professor Fabiano (45), é um exemplo claro desse fenômeno. Desde a adolescência, quando seus pais adquiriram um terreno em Cordeirinho, ele se apaixonou por Maricá. O que antes era um refúgio de veraneio e fins de semana se tornou sua residência fixa durante a pandemia. Com sua esposa, descobriu os encantos de Ponta Negra e, em sua própria casa, criou a Limão Galego Projetos, uma incubadora social que oferece consultoria, elabora e enquadra projetos em diversos eixos, sempre pautados na inclusão e transversalidade das ações.
"Em 2018, em Cabo Frio, por exemplo, pessoas ligadas ao governo da época me pediram um projeto para o desassoreamento do Canal de Itajuru", relembra Fabiano, especialista em leis de incentivo. Com uma carreira consolidada na escrita de emendas parlamentares, projetos de lei, estruturação de ONGs, prestação de contas e licitações, já teve projetos aprovados em diversas cidades do estado, como Queimados, Duque de Caxias, Cabo Frio, Nilópolis, Nova Iguaçu, Ladeira dos Tabajaras e Arraial do Cabo.
Um dos maiores exemplos do impacto de seu trabalho está na Rocinha, a maior favela do Brasil. Lá, atua como consultor de todos os projetos da comunidade, tendo aprovado iniciativas de grande relevância, como a Arena de Esporte e Lazer da GRES Acadêmicos da Rocinha.
No entanto, apesar de sua vasta experiência e conhecimento, Fabiano enfrenta uma barreira aparentemente intransponível dentro de sua própria cidade. "Já tentei por diversas vezes agendar reuniões com o antigo prefeito Fabiano Horta, com o deputado federal e agora prefeito Quaquá, além dos deputados estaduais referências na cidade, Zeidan e Renato Machado, mas parece existir um verdadeiro campo de força em suas assessorias, tornando impossível furar essa bolha", desabafa.
Projetos de relevância social, cultural e esportiva como o FESTIVAL NACIONAL DE VOZ E VIOLÃO (indo para sua 25ª edição), o MARICANTO ENCONTRA (indo para sua 14ª edição), Favela Fun Fest, Projeto Douradinho, Bola de Meia, Camarote da Inclusão, Arenas de Esporte e Lazer (Escolas de Samba), Memórias do Samba, Mensagens do Céu e Corrida Transbordar poderiam transformar a cidade, mas esbarram na falta de apoio do poder executivo e legislativo local.
Maricá precisa reavaliar suas práticas e olhar para seus próprios talentos com mais atenção. A cidade das utopias só se tornará um exemplo real de desenvolvimento sustentável e inclusão social quando valorizar seu maior patrimônio: seus cidadãos.
Está na hora de abrir as portas para os profissionais locais e permitir que Maricá cresça com quem realmente conhece suas necessidades e potencialidades.
"Tentei também contato com todos os vereadores eleitos e apenas três de fato ao menos me receberam. Já no executivo, apenas a secretária Tatiana Castor, de PCD e Inclusão, e o secretário de Assuntos Religiosos, Pastor Sérgio Luís, mostraram abertura para o diálogo" desabafa Fabiano.
Em 2024, por exemplo, o projeto audiovisual "Memórias do Samba", aprovado em 1° lugar no edital LPG da cidade e exibido no Cine Henfil, não teve sequer a presença de alguma autoridade, mesmo tendo sido oficialmente convidadas. Este projeto, que resgata a memória do maior eixo da cultura popular, hoje é convidado para diversos festivais internacionais.
VERGONHA, UMA VERGONHA!!!
É a cara real da CIDADE DAS UTOPIAS!