Comemorando os 40 anos da Marquês de Sapucaí, mais importante passarela do samba do país, três escolas se destacam no primeiro dia do desfile da série ouro (pela LigaRJ): Estácio, a estreante União de Maricá e seu orçamento de R$ 8 milhões e Inocentes de Belford Roxo, foram os destaques, porém a Estácio acabou estourando o tempo. Outras cinco escolas desfilaram: União do Parque Acari, Império da Tijuca, Acadêmicos de Vigário Geral, Acadêmicos de Niterói e Unidos da Ponte.
Oito escolas abriram entre a noite da sexta-feira (9) e a madrugada de sábado os desfiles do carnaval carioca na Sapucaí, com o primeiro dia da série Ouro. União de Maricá e Inocentes de Belford Roxo estiveram entre os destaques. Estácio de Sá também vinha fazendo um bom desfile, mas teve problemas na dispersão e acabou estourando o tempo.
Outras cinco escolas de samba desfilaram: União do Parque Acari, Império da Tijuca, Acadêmicos de Vigário Geral, Acadêmicos de Niterói e Unidos da Ponte.
União do Parque Acari
A Amarela, Rosa e Branca da Zona Norte do Rio homenageou o Ilê Aiyê, o 1º bloco afro do Brasil, que em 2024 completa 50 anos. Pensando na sustentabilidade do desfile, este ano, todas as fantasias serão recicladas.
O Vovô do Ilê – como é conhecido o músico Antônio Carlos dos Santos Vovô, fundador e presidente do bloco – saiu na última alegoria da escola como destaque. A agremiação fez um desfile simples e digno.
Império da Tijuca
A Verde e Branca da Tijuca homenageou em vida a cantora Lia de Itamaracá, que mês passado completou 80 anos. O desfile teve alguns problemas em harmonia e também foi atrapalhado por um incêndio em uma alegoria.
Acadêmicos de Vigário Geral
A Tricolor vai cantar a cearense Maracanaú, famosa pelos festejos de São João e por ter dois padroeiros, São José e Santo Antônio. A escola introduziu elementos de forró, como sanfonas, no carro de som e animou a Sapucaí.
Inocentes de Belford Roxo
A Inocentes vai exaltar a importância dos camelôs, na história e na vida do brasileiro, desde a colonização, quando foi retratado pela primeira vez nas pinturas do artista francês Jean-Baptiste Debret ao emoldurar cenas das ruas do Rio de Janeiro.
O enredo sobre camelôs agitou o público e o desfile irreverente teve bons momentos, como carro alegórico que era uma imensa caravela e outro lembrando Sílvio Santos.
Estácio de Sá
O Leão partiu de Maria Conga e Vovó Cambinda para homenagear as religiões afro-brasileiras - o que emocionou muita gente na avenida. O desfile teve algumas das fantasias mais bem elaboradas da noite, além de harmonia muito boa.
Problemas na dispersão dos carros, entretanto, atrapalharam a evolução - o desfile terminou com 56 minutos e 18 segundos, estourando o tempo.
União de Maricá
A escola da Região dos Lagos exaltou a vida e obra de Guaracy Sant'anna, o Guará, autor de sambas marcantes, como “Sorriso Aberto”, “Problema Social” e “Singelo Menestrel”.
A escola apresentou alegorias maiores e fantasias luxuosas do que de todas as agremiações da noite e sai como favorita para subir. A comissão de frente contou com um elemento cenográfico em forma de pandeiro onde componentes sambavam em cima que chamou a atenção do público.
Valéria Valenssa, a terna Globeleza, de quem se esperava muito brilho no desfile (ela foi nomeada embaixadora de Maricá), fez apenas uma participação simbólica e comportada na abertura do desfile da União de Maricá, frustrando muita gente.
Prevista para entrar na avenida por volta dos 45 minutos de sábado, a escola só entrou por volta das 02:20h e começou seu desfile somente às 02:40 h.
O enredo “O Esperançar do Poeta” é uma grande homenagem aos compositores que mudam vidas a partir de seus versos e melodias.
A escola trouxe muita exuberância em suas alegorias e fantasias, se destacando das demais agremiações do grupo. A comissão de frente surpreendeu o público com uma peça cenográfica em forma de pandeiro que se movia onde os componentes sambavam em cima dela.
O prefeito de Maricá, Fabiano Horta, desfilou pela escola e falou sobre a ansiedade da estreia no palco principal do carnaval carioca, a Marquês de Sapucaí. “Ansiedade de uma expectativa positiva. A comunidade construiu um belo carnaval, trouxe muita vibração acima de tudo. A escola vai passar pela Sapucaí levando muita energia de uma cidade que se reconhece na transformação, na afirmação da cultura popular do samba como valor identitário e vai chegar chegando. Vai levar esperança para outras cidades do Rio de que é possível transformar o território. Maricá é meu país, meu país é Maricá!", declarou o prefeito antes da escola entrar na avenida.
O presidente da agremiação, Tadeu Marinho, conhecido como Tadeuzinho, falou sobre a preparação da escola ao longo do ano para que a estreia na Sapucaí fosse surpreendente. “Estamos muito animados e com o coração acelerado. Com a certeza de que vamos passar nessa avenida pela primeira vez e fazer história. É um lugar que a gente vai pisar e espero nunca mais sair. Trabalhamos forte desde o começo do ano passado até agora para que esse momento acontecesse. Então, isso é fruto de muito trabalho, competência, amor, garra e vamos mostrar isso aqui”, declarou Tadeuzinho durante entrevista à TV Band.
“Aqui em Maricá sou rainha e a responsabilidade é diferente, mas gratificante. Ainda mais ser rainha de um lugar onde eu fui nascida e criada. Está sendo um privilégio muito grande”, disse Rayane ao falar sua impressão sobre o desfile. "Maravilhosa essa energia com as pessoas cantando o nosso samba-enredo. Está sendo especial demais. É um período mágico que estamos vivendo juntos”, completou.
Com 1.400 componentes, a maioria deles moradores de Maricá, e quatro carros alegóricos, a União de Maricá fez um desfile bastante elogiado por especialistas em carnaval.
O Esperançar do Poeta
O samba-enredo “O Esperançar do Poeta”, do carnavalesco André Rodrigues, foi composto por Rafael Gigante, Vinicius Ferreira, Junior Fionda, Camarão Neto, Victor do Chapéu, Jefferson Oliveira, Marquinho Abaeté e André do Posto 7. A obra é uma grande homenagem ao ato de compor samba, tendo Guaracy Sant’Anna como o fio condutor. Guará, como ficou popularmente conhecido, é o autor de sambas marcantes, como “Sorriso Aberto”, eternizado na voz de Jovelina Pérola Negra, “Singelo Menestrel”, “Catatau”, dentre outros.
O desfile foi pensado em trechos de músicas para contar uma história de esperança para os compositores e da classe sambista.
O 2º carro alegórico, denominado “E aquela gente de cor com a importância de rei vai pisar na passarela”, traz o boneco de uma baiana girando em 360º e com uma coroa na cabeça como destaque da escola. Uma referência às baianas como fundamento ancestral da cultura, fazendo referência às mulheres que eram compositoras e inspiradoras como Dona Ivone Lara e Tia Ciata.
Acadêmicos de Niterói
A Azul e Branca trouxe a cultura dos catopês, grupo folclórico que se expressa nas congadas. São comuns no norte de Minas Gerais.
A escola abusou de elementos cênicos de iluminação - até na apresentação de mestre-sala e porta-bandeira. Não levantou o público, mas foi competente na defesa do enredo e na maioria dos quesitos.
Unidos da Ponte
A escola de São João de Meriti falou do dendê, cujo azeite dá o tom a tantas receitas baianas, como o acarajé. A escola teve problemas em acabamentos de alegorias durante o desfile.
Os desfiles continuam de sábado (10) para domingo (11), quando mais oito escolas desfilarão. São elas: Sereno de Campo Grande, Em Cima da Hora, Arranco, União da Ilha, Unidos de Padre Miguel, São Clemente, Unidos de Bangu e Império Serrano.