Uma equipe de pesquisadores liderados por Takuzo Aida, do RIKEN Center for Emergent Matter Science (CEMS), criou um novo tipo de plástico tão resistente quanto o material convencional, durável, e que começa a se desmanchar na água do mar em poucas horas e se decompõe totalmente com o tempo, sem deixar microplásticos.
Isso é possível graças à sua estrutura inovadora, feita com pontes salinas reticuladas — que funcionam como um zíper que só se abre quando entra em contato com o sal da água do mar. Em qualquer outro lugar, o plástico continua firme e resistente, mas quando chega ao oceano, ele “entende” que é hora de desaparecer.
E tem mais: os ingredientes usados para fabricar esse plástico são surpreendentemente simples. Um deles é um aditivo alimentar comum, usado na fabricação de alimentos processados, chamado hexametafosfato de sódio. O outro vem de compostos à base de íons de guanidínio. É como se tivessem usado “ingredientes de cozinha” que as bactérias sabem digerir direitinho. Ou seja, depois que o plástico se dissolve, os pedaços que sobram são totalmente aproveitados pelas bactérias, sem deixar lixo pra trás.
E o mais incrível? Esse plástico é não tóxico, reciclável e não inflamável — o que impede a liberação de CO₂ por combustão. Além disso, pode ser usado em várias aplicações — de embalagens a impressão 3D e até na área médica.
Em testes, ele se degradou completamente no solo em apenas 10 dias, ainda liberando nutrientes como fósforo e nitrogênio — ou seja, virou um fertilizante!
A pesquisa foi publicada na revista científica Science, no artigo “Supramolecular plastics that degrade in seawater and can be recovered from their monomers”. Acesse o artigo completo: 10.1126/science.ado1782.
Esse pode ser um grande passo para um futuro sem microplásticos nos oceanos e no nosso prato.