Profissionais de saúde de Maricá estão denunciando a lentidão na nova e complicado plataforma de dados dos pacientes:
"Na primeira semana de abril, fizeram a troca do sistema de atendimento da UPA. Saiu o SALUX, um sistema antigo em Java, e entrou o KLINICOS, sistema moderno em nuvem.
Tudo ótimo. Sistema mais rápido e com recursos mais modernos. Ótima decisão.
Porém, no início da terceira semana de abril veio uma ordem de cima mandando mudar a página de elaboração do receituário para priorizar os medicamentos disponíveis na farmácia da UPA. Criaram uma interface que faz com que uma receita para resfriado demore 15 minutos para ser elaborada.
As filas estão enormes!!!
Quem deu a ordem de mudança no programa não vai voltar atrás. Os usuários estão estressados porque precisam esperar mais do que estão acostumados e os médicos estão com ódio porque mais uma vez a administração toma decisões que cria uma cadeia de caos".
Caos se instalando e ficando para prejuízo de todos e lucro das OSs
E na manhã do sábado 26/04, mais denúncias chegaram à nossa redação, dando conta que a OS obriga médicos a fazerem o que não precisariam, gerando caos, insatisfação e ainda afirmando que os profissionais "querem mole"!!!
"Os caras bancaram a troca de sistema de atendimento médico na UPA, Santa Rita e Conde. O SALUX era lento demais pra forma que eles decidiram instalar. Reclamação o tempo todo por conta de travamento de computador. Colocaram o KLINIKOS, um velho conhecido das UPAS do RJ e que todo médico sabe trabalhar. Foi repaginado e agora funciona em nuvem. Abre as páginas 10 vezes mais rapidamente do que o SALUX.
Pois bem: trocaram, treinaram os funcionários e implementaram. Imediatamente chamou a atenção o fato de que as consultas estavam sendo mais demoradas. 'Estão se acostumando ao novo sistema' diziam. Horas foram adicionadas as filas que demoravam no máximo 40 minutos. Os médicos foram os primeiros a reclamar: 'eu tenho que fazer 50 ações pra emitir uma receita médica com 5 itens no novo sistema. No antigo eram 8". Vocês precisam abastecer o nosso sistema com os seus modelos próprios de prescrição e assim a consulta será mais rápida, disseram os técnicos. Tudo bem. O número de ações necessárias para emitir uma receita médica com 5 itens reduziu para 38 na pediatria e 24 na Clínica Médica. Vitória?
As filas continuam grandes e aos médicos foi transferida a ação de cadastrar os medicamentos a serem liberados para o paciente pela farmácia interna do hospital. Uma atribuição originalmente feita pelo auxiliar de farmácia no momento da entrega do medicamento ao paciente, por meio da leitura da receita médica, emitida pelo médico para entendimento do paciente e da farmácia.
Além disso, a receita gerada após o duro processo de cadastramento individual de cada uma das medicações com dosagem e posologia, não passa de um recibo impresso e não guarda muitas possibilidades de acrescentar didática a prescrição. Os pacientes não estão entendendo as receitas. A farmácia precisa explicar mais. Os médicos precisam explicar mais. E, no final, o paciente entende muito menos do que deveria sobre o seu próprio tratamento.
Transferir uma atribuição de fim de cuidado hospitalar para quem está responsável pela construção do cuidado à ser realizado naquele lugar, trás consequências ao atendimento, ao profissional médico e, principalmente, ao paciente.
A lógica de plano de saúde está tomando tudo. Querem transformar o médico num carimbo. Naquele que insere uma informação.
Transformar o Fazer Médico, com suas subjetividades, complexidades, individualidades e sacrifícios (é pesado pro corpo e pro espírito ser um médico decente num mundo capitalista), em uma simples tarefa, é reduzir a importância do médico no processo.
Vale tanto a pena sacrificar tudo pra enfrentar o desafios do mercado de trabalho?
'Médico ganha mais', e daí?
Se você tem que tomar 300 decisões por dia referente a vida de outros seres humanos, tem que ganhar mesmo. Quantas decisões você tomou hoje?
Politicamente a farmácia é fortíssima dentro do hospital. Coordenação de farmácia da OS bate o pé que tem que continuar assim. Ouvi vozes no corredor dizendo: 'os médicos querem mole. Eles vão ter que aceitar'.
O sofrimento do paciente não conta pra essa gente!!!"
O caos está se instalando!!!