Aras também analisa a inclusão do ato antidemocrático de ontem no inquérito aberto pelo Supremo Tribunal Federal
O procurador-geral da República, Augusto Aras, pediu que o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) investigue as agressões a socos e pontapés praticadas por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro contra jornalistas que faziam a cobertura do ato antidemocrático realizado no domingo 03 de maio - Dia Internacional da Liberdade de Imprensa, na frente do Palácio do Planalto. Segundo Aras, agressões são de "elevada gravidade".
O protesto contra a democracia foi feito por apoiadores do presidente, que compareceu ao ato. Bolsonaro, do alto da rampa do Palácio do Planalto, fez uma transmissão ao vivo do evento em suas redes sociais.
Jornalistas foram agredidos verbal e fisicamente, e precisaram deixar a cobertura dentro de um carro da Polícia Militar (PM). O repórter fotográfico Dida Sampaio, do jornal "O Estado de S. Paulo", foi derrubado duas vezes, chutado e levou murros na barriga. Um motorista do jornal levou uma rasteira.
Bolsonaro dessa vez não foi para "a galera" durante manifestação pró governo, mas tanto ele quanto sua filha não usaram máscara, dando mal exemplo para a nação mais uma vez. |
'Se houve agressão, é alguém que está infiltrado, algum maluco, deve ser punido', diz Bolsonaro sobre ataque a jornalistas em ato
Aras enviou ofício nesta segunda-feira à procuradora-geral de Justiça do MPDFT, Fabiana Barreto, em que pede que o MP local investigue as agressões. "Chegou ao conhecimento desta PGR que, na data de ontem, 3 de maio de 2020, Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, profissionais jornalistas foram agredidos em manifestação popular ocorrida em frente ao Palácio do Planalto. Tais eventos, no entender deste procurador-geral da República, são dotados de elevada gravidade, considerada a dimensão constitucional da liberdade de imprensa, elemento integrante do núcleo fundamental do Estado Democrático de Direito", cita o ofício.
O procurador-geral pediu que o MPDFT adote as providências para investigar o fato e responsabilizar criminalmente os agressores. Aras também analisa a inclusão do ato antidemocrático de ontem no inquérito aberto pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para investigar um outro protesto contra a democracia, na frente do Quartel-Geral do Exército, há duas semanas, também com a presença de Bolsonaro. Os manifestantes defenderam nesse ato um golpe militar e o fechamento de STF e Congresso.