Foto montagem: Pery Salgado - Jornal Barão de Inohan |
De boa intenção realmente o inferno está cheio. E o fato também aconteceu em Maricá, quando uma equipe da SOMAR foi à escadaria que liga o centro até o bairro Boa Vista e, restaurando o local, simplesmente apagou todas as pinturas existentes na escadaria. Respeitada as devidas proporções, esta escadaria está para a arte de Maricá, com oa escadaria Celaron (na Lapa - Rio de Janeiro), está para os artistas da capital e turistas que por ali passam.
Os protestos de moradores e da classe artística foi enorme e publicações em redes sociais foram feitas assim como em algumas mídias maricaenses. Entrando em contato na segunda feira 18/5 com o secretário de cultura Sady Bianchin, o jornalista Pery Salgado postou logo a seguir as explicações do secretário que na matéria já anunciava que o local virará uma grande galeria de arte á céu aberto e será tombada pela Câmara Municipal, através de solicitação do secretário ao presidente da casa de Leis Aldair de Linda (https://obarao.blogspot.com/2020/05/secretario-de-cultura-traz-solucao.html).
Somente na quinta feira, a prefeitura através da secretaria de comunicação, informou o que o jornal Barão de Inohan em primeira mão noticiou na segunda feira 18.
Escadaria no Centro será transformada em galeria de arte a céu aberto
A escadaria que liga o Centro ao bairro Boa Vista será transformada em uma galeria de arte a céu aberto. A informação é do secretário de Cultura de Maricá, Sady Bianchin. O local que recebeu intervenção com urbanização e pintura, feita pela Prefeitura de Maricá, será recuperado e terá trabalhos dos artistas locais.
“Pedimos desculpas aos artistas, aos moradores do bairro Boa Vista e a população da cidade pelo incidente ocorrido na escadaria”, lamentou o secretário de Cultura Sady Bianchin. “Aproveitaremos para fazer deste incidente um marco para a construção de uma galeria a céu aberto presente em todos os distritos de Maricá, partindo desta escadaria com a criação, em breve, do projeto Maricá Vem Te Ver. Vamos lançar o Somar com Cultura, que tem por objetivo ceder espaços públicos novos e revitalizados para as mais diversas expressões artísticas”, anunciou o secretário.
De acordo com Sady, essas iniciativas, que já estavam sendo pensadas, mas que devido ao ocorrido serão antecipadas terá como objetivo inserir a juventude de Maricá no contexto sociocultural do município e contarão com obras de artistas plásticos, grafites e em especial do Grupo de Artistas de Maricá (GAM) e do próprio William Barreto, artista responsável pelas pinturas presentes na escadaria. “Temos em nosso acervo máscaras de uma antiga exposição do William que assim como o GAM será convidado para este projeto”, garantiu.
Sady anunciou também o desejo de fazer da mureta da Rodovia Amaral Peixoto (RJ-106) mais um espaço para a arte de rua. “Que os sentimentos provoquem os acontecimentos e não o contrário. A Secretaria de Cultura está aberta para as obras de arte”, reafirmou.
Morando em Lisboa, Portugal, há dois anos, o artista William Barreto, lembrou que todo o processo da pintura foi feito através de um diálogo com os moradores da localidade. “Tudo foi pensado e realizado juntamente com eles. Aqueles murais estão impregnados de bons sentimentos. Espero ter a oportunidade de refazer os murais da escadaria, para dar vida novamente àquela escada que faz parte das minhas lutas e memórias”, disponibilizou-se, informando que não foi procurado por funcionários da SOMAR quando das alterações no local, conforme havia sido noticiado.
Para Yosseph Carvalho, formado em arte e história da arte e presidente do GAM, o retorno imediato e o empenho da Prefeitura para encontrar soluções diante deste incidente demonstram preocupação e o respeito aos artistas do município.
“Somos hoje o único grupo organizado e existente de artistas na cidade e ficamos muito satisfeitos quando vimos a lisura com que a Secretaria de Cultura se desculpou e esclareceu o ocorrido”, recordou Yosseph, destacando que a obra recém apagada não foi a primeira a ser realizada no local. “No passado fizemos uma obra pelos 500 anos do Brasil e o GAM se coloca a disposição da Prefeitura novamente para que possamos repintar a escadaria”, disse Yosseph Carvalho.
Presidente do Fórum Cultural de Maricá, Raquel Simões, reconheceu que o local estava bastante deteriorado e necessitava de revitalização. “Ficamos indignados porque em um primeiro momento não entendemos o que tinha acontecido. O que pedimos é que a partir deste incidente, todos entendam que quando se trata de arte pública há cuidados que precisam ser pensados. É fato de que o local não estava bonito, as pinturas estavam bem desgastadas e que era necessária uma intervenção tendo em vista que hoje não há um trabalho de restauração dessas obras e, por isso, concordamos que o local realmente necessitava de um trabalho de limpeza e conservação”, diz tentando politicamente contemporizar a falha da SOMAR.
Morador do bairro há sete anos, o aposentado José Vieira, de 75 anos, afirmou que as ações de conservação da prefeitura no local são regulares e que aprova o projeto da Cultura de transformar a escadaria em uma galeria de arte a céu aberto.
“Conheci o artista William Barreto e me lembro de quando ele pintou a escadaria, que por sinal ficou linda, mas realmente com o tempo e sem manutenção as pinturas foram ficando desgastadas e, na minha avaliação, as propostas da Cultura vão devolver a esse local a vida que o colorido das pinturas do William já causou um dia. Maricá sempre valorizou seus artistas e acredito que um incidente como esse nunca mais voltará a acontecer”, disse José Vieira que também é compositor e cantor.