terça-feira, 7 de julho de 2020

Mulher que atacou verbalmente fiscal da Vigilância Sanitária no final de semana é demitida

Fiscal da Vigilância Sanitária do Rio diz após ataque: 'As agressões não me atingiram. Estou ali para protegê-los'


Tratou mal, se expôs e expôs os outros e DANÇOU!

A mulher que foi gravada atacando verbalmente o superintendente de educação e projetos da Vigilância Sanitária do Rio, Flávio Graça, foi demitida. Ela é engenheira química, com especialização em administração de empresas, e tem 39 anos. Em nota, a empresa de transmissão de energia Taesa, onde ela trabalhava, confirmou a decisão e afirmou que "compartilha a indignação da sociedade em relação a este lamentável episódio, sobretudo em um momento no qual o número de casos da doença segue em alta no Brasil e no mundo".

O episódio que gerou bastante repercussão, principalmente nas redes sociais, foi exibido neste domingo no programa "Fantástico", da TV Globo. Durante uma fiscalização em um bar por volta de 21h de sábado, dia 4, um casal foi filmado atacando Graça, que é médico-veterinário e conduzia a operação. Ambos excluíram perfis que mantinha em redes sociais.


— Você não vai falar com o seu chefe, não? — perguntou o homem a Graça, dando a entender que ele pagava o salário do superintendente.

Na mesma sequência, a mulher interrompe a conversa e afirma:

— A gente paga você, filho.

No momento da confusão, Flávio tenta explicar ao casal que existiam diversas irregularidades no espaço e que os frequentadores não poderiam ficar aglomerados para evitar uma contaminação em massa. Pelo decreto da Prefeitura, cada mesa com as cadeiras deve ficar com pelo menos dois metros de distância umas das outras. Ao informar a determinação, o cliente, alterado, disse:

— Cadê a sua trena? Eu quero saber como você mediu as pessoas.

Por fim, ao chamar o homem de cidadão, o ataque por parte da mulher:

— Cidadão, não. Engenheiro civil formado e melhor que você.

O espaço onde o casal estava foi multado, e o dono teve que fechar o bar. Após a veiculação da reportagem, Flávio — que é mestre e doutor pela Universidade Federal Rural do Rio (UFRRJ) — conversou com o EXTRA e lamentou a atitude da dupla. Ainda segundo o superintendente, outro homem, que num primeiro momento se apresentou com advogado do estabelecimento, quis interromper a inspeção. Não conseguiu. Logo depois, o advogado teria ido aos policiais militares que acompanhavam a ação e teria dito que era ele delegado e que a fiscalização tinha que ser suspensa. No entanto, a ação seguiu.

— Naquele dia, nós encontramos uma grande aglomeração no estabelecimento. Eu sempre registro a ação com um celular, para dar legitimidade. Quando eu passei a gravar, as pessoas começaram a se levantar. Não só aquela moça, mas outro rapaz. Eles vieram e disseram que eu não tinha direito de gravá-los e pediram direito à imagem. Logo em seguida, falaram que iriam anotar o meu nome — afirma Flávio.

Leia a nota da Taesa na íntegra:

A Taesa é uma companhia comprometida com a segurança e a saúde não apenas de seus empregados, mas também com o bem-estar de toda a sociedade. Desde o início da pandemia da Covid-19, a Taesa implementou inúmeras iniciativas para proteger a saúde de seus profissionais e seus familiares, como o home-office para 100% do seu quadro administrativo, e a adoção de diversas outras medidas de proteção para as equipes que operam em campo.

A companhia não compactua com qualquer comportamento que coloque em risco a saúde de outras pessoas ou com atitudes que desrespeitem o trabalho e a dignidade de profissionais que atuam na prevenção e no controle da pandemia.

A Taesa tomou conhecimento do envolvimento de uma de suas empregadas em um caso de desrespeito às leis que visam reduzir o risco de contágio pelo novo coronavírus e compartilha a indignação da sociedade em relação a este lamentável episódio, sobretudo em um momento no qual o número de casos da doença segue em alta no Brasil e no mundo.

A Taesa ressalta que segue respeitando o isolamento e as mais rigorosas regras de prevenção ao coronavírus e que a empregada em questão desrespeitou a política vigente na empresa. Diante dos fatos expostos, a Taesa decidiu por sua imediata demissão.

Fiscal da Vigilância Sanitária do Rio diz após ataque: 'As agressões não me atingiram. Estou ali para protegê-los'


Falta de respeito, intimidação e agressão verbal, quase física, por parte de alguns frequentadores de bares e restaurantes da cidade. É o que a Vigilância Sanitária e a Guarda Municipal do Rio têm enfrentado na reabertura de alguns estabelecimentos — que ficaram fechados por mais de três meses na pandemia do coronavírus — nos últimos dias, ao tentar conscientizar, fiscalizar e multar possíveis irregularidades. Na noite deste domingo, uma inspeção da Vigilância Sanitária, em comércios da Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, terminou em agressão verbal a servidores da prefeitura. No local, muita gente sem máscara, grandes aglomerações e clientes tentando impedir a fiscalização municipal.

Na segunda-feira, após a reportagem do "Fantástico", da TV Globo, o superintendente de educação e projetos da Vigilância Sanitária, Fllávio Graça, atacado por um grupo de frequentadores, afirmou ao EXTRA que “a atitude deles manchou a imagem do carioca e dos estabelecimentos do Rio”. A fiscalização aconteceu por volta de 21h do último sábado, dia 4 de julho. Ao chegarem ao espaço, agentes da Vigilância Sanitária e da Guarda foram hostilizados por frequentadores. Nem mesmo diante das câmeras, um casal de clientes se inibiu. Sem nenhuma cerimônia, a dupla, que se apresentou como consumidores do espaço, atacou Flávio Graça, que é médico-veterinário e conduzia a operação.

— Você não vai falar com o seu chefe, não? — perguntou o homem a Flávio, dando a entender que ele pagava o salário do superintendente.

Na mesma sequência, a mulher interrompe a conversa e afirma:

— A gente paga você, filho.

No momento da confusão, Flávio tentou explicar ao casal — referindo-se ao homem como cidadão — que existiam diversas irregularidades no espaço e que os frequentadores não poderiam ficar aglomerados para evitar uma contaminação em massa. Pelo decreto da Prefeitura, cada mesa com as cadeiras deve ficar com pelo menos dois metros de distância uma das outras. Ao informar a determinação, o cliente, alterado, disse:

— Cadê a sua trena? Eu quero saber como você mediu as pessoas.

Por fim, ao chamar o homem de cidadão, o ataque por parte da mulher:

— Cidadão, não. Engenheiro civil formado e melhor que você.

Naquele dia, o espaço onde o casal estava foi multado, e o dono teve que fechar o bar. Após a veiculação da reportagem, Flávio — que é mestre e doutor pela Universidade Federal Rural do Rio (UFRRJ) — conversou com o EXTRA e lamentou a atitude do casal.

— Naquele dia, nós encontramos uma grande aglomeração no estabelecimento. Eu sempre registro a ação com um celular, para dar legitimidade. Quando eu passei a gravar, as pessoas começaram a se levantar. Não só aquela moça, mas outro rapaz. Eles vieram e disseram que eu não tinha direito de gravá-los e pediram direito à imagem. Logo em seguida, falaram que iriam anotar o meu nome — afirma Flávio.

— Posteriormente, começaram a falar palavrões, todos muito agressivos. Aquelas agressões não me atingiram, porque ali estou representando o estado para proteger a vida deles. Mas quando um deles chegou com o celular perto do nariz do repórter e iria agredi-lo, eu disse que, se ele encostasse no jornalista, eu iria dar voz de prisão e levá-lo para a delegacia — afirmou o superintendente.

'Ela achou que cidadão é ofensa e não é'
Ainda na confusão, um homem que se apresentou como representante do estabelecimento interveio:

— Um rapaz apareceu e afirmou que era um dos advogados (do espaço), tentando nos intimidar, e disse que era para parar a inspeção. Eu disse que não iríamos parar de fiscalizar. Então, ele foi aos PMs que nos ajudavam e pediu para me levarem para a delegacia. Naquele instante, ele se apresentou como delegado. Os militares disseram que a Vigilância Sanitária não estava fazendo nada de errado e só estava cumprindo a legislação — destaca Graça.

Indagado se ficou ofendido com os ataques dos frequentadores, o representante da Vigilância Sanitária foi categórico:

— Não cabe mais no Brasil o “Você sabe com quem está falando?”. Isso está ficando cada vez mais banido. Todo cidadão contribui com seus impostos para justamente nós o protegermos. Esse foi o princípio da cidadania que eles não exerceram. Ela achou que cidadão é ofensa e não é. Quando eles falam aquilo, não nos atingem. Todos são formados e com curso superior. Ficou feio para ela, para a imagem do carioca. Fica ruim para o estabelecimento, porque ele não representa a maioria dos lugares que sofreu tanto pela pandemia. Uma classe que foi arrasada, e agora muitos tentam retornar. Aquilo mancha a categoria. A Vigilância está a postos para proteger a sociedade do mau fornecedor — diz o fiscal.

As imagens que chocaram o país, segundo a Vigilância Sanitária, têm sido rotineiras nos últimos dias. No entanto, o órgão tem feito uma capacitação de seus agentes para que eles estejam preparados para receber provocações.

— Temos encontrado, principalmente nos últimos dias, pessoas que não estão entendendo o nosso papel. Estamos ali para defendê-las. Mas, infelizmente no Brasil, a gente não tem a cultura de prevenção. Muitos não gostam da fiscalização e se sentem agredidos. E muitas das vezes vão contra nós. Então, fazemos uma capacitação psicológica e técnica para estabelecer um padrão técnico durante as abordagens. Somos orientados a não responder às agressões. Quem está agredindo não está agredindo o fiscal. A pessoa, por estar errada, tenta desviar o foco do problema, tentando desestabilizar o fiscal. Então, dizemos que não é para eles revidarem a essa armadilha. Não queremos nos rebaixar àquele nível. Quem está errado que fique nervoso — diz o servidor.

Mais de 132 multas em quatro dias

Entre a última quinta-feira, dia 2, e este domingo, dia 5, a Vigilância inspecionou 180 estabelecimentos comerciais pela cidade. Desse número, 132 foram multados. Do total das operações, 108 foram em bares e restaurantes. Cinco foram fechados, e 56 multas foram aplicadas por falta de higiene, funcionamento irregular e aglomeração. No sábado, no dia em que a equipe da Vigilância Sanitária foi agredida na Barra da Tijuca, o órgão esteve dentro do restaurante onde a dupla de agressores estava.

No estabelecimento — que foi interditado e multado por aglomeração e falta de higiene, principalmente na cozinha e nos banheiros —, os fiscais apreenderam 94 quilos de carnes e queijos impróprios para consumo. Caso o empresário queira reabrir seu negócio novamente, ele terá que readequar as instalações.

De acordo com a Vigilância, até agora os fiscais estiveram em quase 30 bairros da capital fluminense. Entre eles, Leblon e Botafogo, na Zona Sul; Barra da Tijuca, Jacarepaguá, Bangu e Campo Grande, na Zona Oeste; e na Zona Norte, na Tijuca e em Bonsucesso.

Para o empresário e presidente do Sindicato de Bares e Restaurantes, Fernando Blower, “alguns clientes se excederam, de fato, e a gente é contra qualquer tipo de aglomeração que gere risco. É importante que a população respeite as regras e também o funcionamento dos estabelecimentos”.

A assessoria da Vigilância Sanitária afirmou que o órgão “continuará exercendo seu papel de proteger a população dos riscos higiênico-sanitários que existem nas aglomerações e no comportamento descuidado de uma parcela da população. E seguirá nas ações de fiscalização. Os fiscais são orientados a continuar seu trabalho, sem responder a hostilidades”.

A reportagem não conseguiu localizar o casal de agressores.


Fonte: EXTRA