sexta-feira, 1 de maio de 2020

Necrotério do Hospital Moacyr do Carmo, em Caxias, está lotado e cadáveres estão até nos corredores

Imagens, divulgadas pelas redes sociais, foram confirmadas pela prefeitura; alguns corpos seriam de vítimas da Covid-19. Prefeitura também enviou imagens que mostram a superlotação


O necrotério do Hospital Municipal Moacyr Rodrigues do Carmo, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, amanhaceu no sábado (25/4), lotado de corpos. Diversos cadáveres estão acumulados no local, conforme mostram fotos de um leitor feitas neste sábado naquela unidade. A situação é tão caótica que há corpos até nos corredores. As informações foram confirmadas nesta tarde pela prefeitura de Caxias.

Pelo menos 15 corpos estariam no corredor próximo ao necrotério, que tem capacidade para 25 cadáveres e fica no subsolo do hospital. De acordo com a prefeitura, pelo menos 10 dos cadáveres são de vítimas da Covid-19. O mau cheiro, segundo servidores, já pode ser sentido de outros corredores de acesso. A informação também foi confirmada pela diretora do hospital, Célia Fernandes. Os corpos seriam de pessoas cujas famílias não têm condições de arcar com o sepultamento.

A assessoria da prefeitura de Duque de Caxias enviou, neste sábado, fotos e vídeos que mostravam a situação daquela unidade de saúde. No vídeo, é possível ver, pelo menos, seis corpos. Em uma das fotos, aparece um papel que indica o óbito por Covid-19.

A diretora da unidade, Célia Fernandes, afirma que o número elevado de mortes provocou a superlotação do necrotério.

— As gavetas refrigeradas já estavam quase totalmente ocupadas quando, em 24 horas, tivemos 18 óbitos. Três conseguiram gaveta e 15 ficaram do lado de fora. Outro fato é que muitas famílias não tem recursos e ficam aguardando atendimento gratuito — afirmou ao GLOBO.

O prefeito Washington Reis, que recebeu alta médica esta semana após 13 dias internados com coronavírus, disse que o município registra, normalmente, 25 óbitos por dia.

— Durante a pandemia, esse número aumenta — frisou ele, que trava uma batalha judicial há mais de três anos contra a concessionária AGR, responsável pelos serviços funerais na cidade. Reis se posiciona contra os preços cobrados pela empresa e que não atende a população de baixa renda.

— Vamos tomar todas as providências, criar um decreto e tabelar o preço de sepultamentos em emergência por menos de mil reais, e a prefeitura vai arcar com os custos para as famílias que não tem como sepultar seu ente querido — concluiu o prefeito.

Em nota, a prefeitura de Duque de Caxias disse que encontrou os corpos amontoados, neste sábado, "abandonados pela concessionária no necrotério do hospital. Os corpos estavam no local, acondicionados de maneira perigosa, oferecendo grande risco para os servidores e demais pacientes internados na unidade".

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Procurada, a concessionária AG-R, responsável pelos serviços funerais em Duque de Caxias, disse que a retirada dos corpos foi solicitada pela prefeitura neste sábado. Diante do pedido, "a empresa imediatamente enviou veículos para fazer as remoções. As equipes estão no hospital fazendo o trabalho desde o período da manhã". Em nota, a AG-R informou ainda que serão retirados os corpos cujos parentes estejam presentes para fazer o reconhecimento.

Por volta das 19h20, a Prefeitura de Duque de Caxias informou que não havia mais corpos nos corredores do Hospital municipal Dr. Moacyr Rodrigues do Carmo. Pouco antes, or volta das 18h40, a AG-R enviou nova nota sustentando que as imagens encaminhadas à imprensa pela Prefeitura de Duque de Caxias são de janeiro de 2019. Veja na íntegra:

A empresa AG-R, Administradora dos cemitérios públicos de Duque de Caxias esclarece que a citada retirada dos corpos foi solicitada pela prefeitura somente hoje (25/04), pelo Presidente da Câmara de Vereadores Sandro Lelis à pedido do Prefeito. Que a empresa imediatamente enviou veículos para fazer as remoções. Esclarecemos que somos uma empresa privada, portanto não temos qualquer ingerência sobre a administração do Hospital Moacyr do Carmo, que é administrado exclusivamente pela Prefeitura. Portanto, também não temos como informar sobre o suposto acúmulo de corpos no morgue do referido nosocômio.

A AG-R esclarece ainda que não é um órgão da prefeitura. As gratuidades estão previstas em contrato e confirmadas por TAC celebrado entre a Prefeitura, a Câmara de Vereadores de Duque de Caxias, o Ministério Público e a AG-R, que mesmo dando apoio à prefeitura precisa ser avisada das necessidades de retirada do hospital.

Resta clara a intenção da prefeitura em manchar a imagem da empresa que está tomando as providências que deveriam ser tomadas pela administração pública, tais como investimento que fizemos em container frigorífico para guardar separadamente os corpos com suspeita ou confirmação de morte por COVID-19.

Devido à inércia da Prefeitura Municipal de Duque de Caxias a AG-R está seguindo a risca as determinações dos órgãos estaduais e federais.

A incompetência da administração municipal está tentando denegrir a imagem de uma empresa séria com montagens e FAKE NEWS!

A empresa cumpre rigorosamente as leis ambientais, possui todas as licenças. Lembramos que quem está condenado a mais de sete anos pelo colegiado do STF por crime ambiental é o Prefeito Washington Reis.

A empresa está em dia com todas as obrigações fiscais e acaba de ganhar um processo com liminar contra a prefeitura.

AG-R - Administradora dos cemitérios públicos de Duque de Caxias