Doze escolas, seis no domingo e seis na segunda feira, desfilaram pelo sambódromo da Marques de Sapucaí. Na primeira noite o Império Serrano retornou ao grupo especial seguido do Acadêmicos do Grande Rio, Mocidade Independente de Padre Miguel, Unidos da Tijuca, Acadêmicos do Salgueiro e Estação Primeira de Mangueira.
Mangueira e Grande Rio despontaram entre as favoritas na briga pelo título de 2023. Imperatriz, Vila e Viradouro se destacam na 2ª noite de desfiles no Rio de Janeiro.
Confira como foi:
Império Serrano abre Carnaval do Rio com homenagem a Arlindo Cruz
A Império Serrano foi a primeira a desfilar na Marquês de Sapucaí neste domingo (19). A escola de samba retornou ao grupo especial com enredo em homenagem a Arlindo Cruz, 64.
O cantor, que sofreu um AVC em 2017, é o principal destaque do último carro alegórico da Império Serrano. Ele estava acompanhado do filho, Arlindinho, da mulher, Babi Cruz, e de outros familiares.
O tema escolhido pela Império Serrano foi "Lugares de Arlindo". O carro principal, que trouxe o artista à avenida, trouxe uma alegoria com uma escultura do homenageado usando uma coroa e tocando banjo.
Em um dos carros alegóricos, a escola de samba trouxe a simulação de um bar em Madureira, zona norte do Rio. Arlindo, que nasceu no bairro, faz referências constantes ao local em suas músicas.
O desfile também trouxe referências a benzedeiras e rituais de cura em suas primeiras alas. "Meu Lugar", "Bagaço da Laranja", "Camarão que Dorme a Onda Leva" e outras músicas de Arlindo também apareceram em elementos usados pela escola.
Darlin Ferrattry, mãe da cantora Lexa, é a rainha de bateria da Império Serrano. Larissa Tomásia, participante do BBB 22, foi um dos destaques da escola na Sapucaí.
Péricles, Regina Casé, Júnior e Marcelo D2 também acompanham Arlindo Cruz no desfile da escola de samba. Segundo o jornal Extra, o cantor foi recebido com palmas por membros da Império Serrano na concentração.
Com brilho de Paolla Oliveira, Grande Rio celebra Zeca Pagodinho na Sapucaí
A Acadêmicos do Grande Rio foi a segunda escola de samba a desfilar na Marquês de Sapucaí neste domingo (19). O enredo escolhido homenageia o cantor Zeca Pagodinho (64).
O tema escolhido foi "Ô Zeca, o pagode onde é que é? Andei descalço, carroça e trem, procurando por Xerém, pra te ver, pra te abraçar, pra beber e batucar!", que celebra as paixões do músico.
Entre as referências escolhidas para os carros alegóricos, a Grande Rio retratou a religiosidade, as brincadeiras, músicas e descontração do povo que vive no subúrbio carioca.
Zeca foi o destaque de um dos carros alegóricos. O músico estava acompanhado da mulher, Mônica, outros parentes e os amigos Teresa Cristina, Paulão Sete Cordas, Regina Casé e Tia Surica.
Paolla Oliveira, 40, foi um dos principais destaques da escola. A atriz "brilhou" na Sapucaí ao usar uma fantasia que faz referência aos metais de Ogum, o que foi elogiado pelo público nas redes sociais.
A rainha de bateria desfilou ao lado do namorado, Diogo Nogueira. O cantor foi um dos compositores do samba-enredo escolhido pela Grande Rio para este ano.
O desfile da Grande Rio também foi marcado pela presença de outros famosos. Yasmin Brunet, Pocah, Monique Alfradique, Adriana Bombom e Mileide Mihaile estão entre os famosos que passaram pela Sapucaí.
Mocidade Independente exalta nordeste ao trazer legado de Mestre Vitalino
A Mocidade Independente de Padre Miguel foi a terceira escola a desfilar no primeiro dia de desfiles no Rio. A escola de samba conta a história de artistas do Alto do Moura, bairro de Caruaru (PE).
O enredo, "Terra de Meu Céu, Estrelas de Meu Chão", fala sobre os discípulos de Mestre Vitalino, um artesão que se destacou pelas obras criadas com o uso de barro.
Os carros alegóricos montados pela escola de samba fazem diferentes referências à cidade nordestina, além de exaltar o agreste e às obras de arte do artesão homenageado.
Dudu Nobre e Sandra de Sá foram destaques da comissão de frente da Mocidade Independente. Um dos carros representou o marmeleiro, um dos símbolos da região.
Giovana Angélica, rainha de bateria da Mocidade Independente, representou uma peça do jogo de xadrez durante o desfile.
Tijuca apaga luzes, encanta com Iemanjá e celebra Baía de Todos os Santos
A Unidos da Tijuca foi a quarta escola a desfilar na primeira noite do carnaval no Rio. A escola de samba celebrou a cultura e a beleza da Baía de Todos os Santos, localizada na Bahia.
"É onda que vai, é onda que vem. Serei a Baía de Todos os Santos a se mirar no samba da minha Terra" foi o enredo escolhido.
Juliana Alves, 40, foi destaque da comissão de frente da escola de samba ao representar Iemanjá em uma das alegorias. Antes do sucesso na carreira de atriz, ela participou da terceira edição do BBB em 2003.
A passagem da alegoria foi marcada pelas luzes apagadas na Marquês de Sapucaí. O momento rendeu elogios nas redes sociais.
A escola também trouxe outras referências lúdicas para falar sobre a Baía de Todos os Santos. Elementos de sereias, pescadores e contos da população ribeirinha também apareceram na avenida.
O samba-enredo escolhido para este ano fala sobre um "banho de axé nas águas de Oxalá", celebrando as belezas naturais da região baiana.
Rainha da bateria, Lexa também se destacou durante o desfile da Unidos da Tijuca. "A sereia está pronta", afirmou a cantora ao mostrar o look nas redes sociais.
Um dos carros alegóricos da Unidos da Tijuca perdeu o controle durante a passagem pela Sapucaí. O problema ocorreu diante dos jurados e exigiu esforço dos membros da escola de samba para a correção da rota.
Com Vivi Araújo e Deborah Secco, Salgueiro reflete sobre pecados na Sapucaí
O Salgueiro foi a quinta escola a passar pela Marquês da Sapucaí durante a primeira noite de desfiles no Rio. Com Viviane Araújo e Deborah Secco participando do desfile, a escola homenageou o carnavalesco Joãosinho Trinta, que morreu em dezembro de 2011 aos 78 anos.
"Delírios de Um Paraíso Vermelho" foi o enredo escolhido pela escola de samba, que também propôs reflexões sobre os pecados e a liberdade de expressão.
Referências ao inferno apareceram em um dos carros abre-alas usados pelo Salgueiro na Sapucaí. A luta entre o bem e o mal, com elementos que remetem ao que entendemos como o paraíso, também foi representada no desfile.
A comissão de frente representou a luta do carnavalesco com a morte. O ato representou a devolução do carnaval ao povo em um ato chamado de "O Julgamento".
Rainha da bateria, Viviane Araújo também se destacou na passagem da escola na avenida. Ela desfilou na madrugada de ontem pela Mancha Verde em São Paulo. A atriz Deborah Secco, madrinha do Salgueiro, também brilhou na avenida.
Entre outros destaques da escola de samba estão a atriz Dandara Mariana, 34, que representou Leviatã na avenida, e a cantora Rebecca, 24, estreante como musa. Rafaella Santos, irmã do jogador de futebol Neymar, também participou do desfile.
Mangueira discute racismo e papel da mulher ao fechar 1º noite de desfiles
A Estação Primeira de Mangueira foi a sexta e última escola a desfilar na madrugada da segunda-feira (20) na Marquês de Sapucaí.
O enredo da escola de samba aborda 'as Áfricas que a Bahia canta'. Musicalidade, racismo e protagonismo feminino estão entre os temas trazidos à avenida.
Evelyn Bastos, rainha de Bateria da Mangueira, desfilou fantasiada de Oxum. A modelo completou dez anos no posto em 2023.
Uma das alegorias trouxe como destaque a cantora Alcione, apoiadora da escola de samba há mais de 30 anos.
O desfile também foi marcado pela invasão de foliões, que pularam as grades para acompanhar a escola de samba na avenida.
Imperatriz, Vila e Viradouro se destacam na 2ª noite de desfiles no Rio de Janeiro
Imperatriz Leopoldinense, Unidos de Vila Isabel e Unidos do Viradouro se destacaram na segunda noite de desfiles do Grupo Especial do Rio e se credenciam a brigar pelo título da folia de Momo carioca. As três apresentaram desfiles muito corretos e tornaram difícil a vida dos jurados.
Se para elas tudo deu certo, as outras três escolas da noite não podem falar o mesmo. A Beija-Flor enfrentou um incêndio ainda na concentração, a Portela teve problemas no casal de mestre-sala e porta-bandeira e dois grandes buracos e o Paraíso do Tuiuti não conseguiu seguir o padrão de harmonia e evolução imposto pelas três favoritas ao título.
VIRADOURO Beirando a perfeição
Avassaladora desde que voltou ao Grupo Especial em 2019, a Unidos do Viradouro pisou na Sapucaí mais uma vez para provar que merece o título. Com a melhor abertura do ano, a escola de Niterói apresentou uma comissão de frente sublime, um casal de mestre-sala e porta-bandeira perfeito, um tripé pede-passagem belíssimo e o mais impressionante abre-alas do ano.
Contando a história de Rosa Maria Egipcíaca, a vermelho e branco foi capaz de emocionar e encantar com o primor estético e a técnica necessária para fazer um desfile perfeito. Não só não teve erros, como acertou em cheio em muita coisa.
Imperatriz Leopoldinense
Com um jejum de 22 anos sem título, a Imperatriz Leopoldinense se colocou como favorita ao título com um desfile sem erros e tecnicamente perfeito sobre a saga de Lampião na tentativa de entrar no céu e no inferno.
A rainha de Ramos apresentou uma comissão de frente que resumiu o enredo com excelência, um conjunto sublime de fantasias e alegorias, uma das melhores baterias do ano e um samba aclamado pela crítica especializada. A harmonia e a evolução da agremiação foram sublimes e lembraram os desfiles da virada do século, quando a Imperatriz emendou um tricampeonato (1999, 2000 e 2001) marcada pela pecha de "escola técnica".
Vila na briga
A Unidos de Vila Isabel levou as festas religiosas de todo o mundo para a avenida com o enredo "Nessa festa eu levo fé". O ponto alto do desfile da foram os truques típicos do carnavalesco Paulo Barros, tetracampeão do Carnaval carioca, aliados com quesitos de chão espetaculares, como harmonia, evolução e bateria. Veja algumas peripécias apresentadas pela escola do bairro de Noel Rosa
- A comissão de frente fez uma ponte entre a origem do Carnaval e atualidade e transformou deus Baco em rei Momo.
- O casal de mestre-sala e porta-bandeira trocou de roupas antes das apresentações para os julgadores.
- O carro abre-alas fazia referência ao deus Baco e andava na pista balançando como se estivesse bêbado de vinho.
- Um São Jorge todo feito em metal que lutava contra um dragão como se tivesse vida.
Fogo no carro da Beija Flor
Antes mesmo de entrar na pista, a Beija-Flor viu seu segundo carro encarnar seu significado. Ainda na concentração, momentos antes da arrancada da escola, exatamente onde havia chamas desenhadas na alegoria, começou um incêndio. O carro era o resumo do enredo e exaltava o dia 2 de julho (data da Independência Baiana) como verdadeiro marco da independência do Brasil e o fogo representava o conflito de indígenas, mulheres e negros baianos contra as tropas portuguesas.
A apresentação foi marcada pela costumeira força da comunidade nilopolitana e pelo forte enredo-manifesto apresentado pela escola da Baixada Fluminense (RJ). A Beija-Flor também foi a escola que mais lançou mão da iluminação nova da Sapucaí para temperar o clima da Sapucaí ao sabor das pessoas da bateria comandada pelos mestres Plínio e Rodney.
Por conta do incêndio, mas também em função de outros problemas de acabamento, a escola de Nilópolis deve penar nas notas de alegoria na apuração de quarta-feira 22 à tarde.
Cadê o boi do Tuiuti?
O Paraíso do Tuiuti abriu os trabalhos na segunda noite de desfiles do Grupo Especial cantando a saga dos búfalos da ilha do Marajó (PA) com o enredo "O Mogangueiro da Cara Preta". O bom samba, a bateria de Mestre Marcão e o belo conjunto de alegorias e fantasias apresentados pela escola devem ser suficientes para afastar qualquer risco de briga pelo rebaixamento.
A apresentação fez jus à carreira de Rosa Magalhães (dona de 7 títulos da folia carioca), que assina o desfile com João Vitor Araújo. Por outro lado, os grandes calcanhares de Aquiles da agremiação foram a harmonia e a evolução. Uma parcela significativa de componentes cruzou a avenida sem cantar o samba e a escola ainda abriu um buraco na frente do último carro bem no início do desfile.
Muita emoção nos 100 anos da Portela
Celebrando sua história e comemorando seu aniversário de 100 anos, a Portela reuniu seus maiores baluartes, suas rainhas de bateria históricas e desfilou toda a glória de ser a maior campeã do carnaval carioca. O desfile foi emocionante e teve como pontos altos a águia dourada do abre-alas que comparou a ave-símbolo da escola a uma joia e o conjunto de fantasias criado pelo casal de carnavalescos Renato e Márcia Lage.
Apesar da emoção inevitável, a Portela apresentou sérios problemas em sua apresentação na Sapucaí. O desenvolvimento do enredo não foi dos mais competentes, a comissão de frente teve dificuldades para apresentar o seu truque e a peruca de Luciana Nobre, porta-bandeira da escola, caiu durante a sua apresentação em um dos módulos de jurados.
A evolução da águia altaneira também foi catastrófica. O terceiro carro empacou, bateu na grade, seguiu em zigue-zague e fez com que um clarão abrisse bem no começo da pista de desfiles. Por conta disso, a escola parou na pista até que o clarão aberto pela alegoria pudesse ser coberto.
Também houve buraco na frente do último carro da Portela, dessa vez já na altura do meio da pista. A alegoria, inclusive, passou pela avenida com falhas de acabamento.