terça-feira, 11 de janeiro de 2022

CARNAVAL E OS EFEITOS DA COVID: RICO PODE, POBRE NÃO?


 “Mas o show tem que continuar… E muita gente ainda pode faturar…” Os versos do antológico samba-enredo da São Clemente se aplicam muito bem à realidade do carnaval “dirigido com sabor comercial”. Com a pandemia da Covid-19 dando sinais de que permanecerá fazendo parte do cotidiano da humanidade ainda por muito tempo, sendo a aglomeração de pessoas uma de suas principais formas de disseminação, há dois pesos e duas medidas para o poder público estabelecer quais tipos de manifestações carnavalescas serão proibidas e quais serão as permitidas.

Quando a Covid-19 explodiu no Brasil, em março de 2020, dias após os festejos momescos, o carnaval foi apontado por alguns como o grande responsável pela disseminação do vírus no país. No ano passado, houve consenso com relação a não realização de qualquer evento carnavalesco. As ruas não tiveram o som e a alegria dos blocos. E as escolas de samba se resguardaram em seus barracões. O Brasil ainda estava iniciando o processo de vacinação da população. E, mesmo assim, o mês de março registrou recordes de mortes, seguido por abril e maio.

Agora, em 2022, o cenário que se desenha em várias cidades do estado do Rio de Janeiro é o de proibição do chamado ‘carnaval de rua’, com os tradicionais desfiles de blocos, trios elétricos, cordões, shows em espaços públicos, festas de bairros, batalhas de confetes, encontros de bate-bolas (Clóvis), em sua maioria sem nenhuma cobrança ou, quando muito, em recintos fechados, a preços populares. Com o avanço da variante Ômicron da Covid-19, e também da potente gripe Influenza H3N2, vários governantes municipais anunciaram o cancelamento do ‘carnaval de rua’.

É importante compreender a dimensão social do ‘carnaval de rua’. Trata-se de uma festa tão aberta quanto uma praia. Gasta quem pode. Quem não pode, não gasta. Mas todos brincam e se divertem. Também trabalha quem precisa. Afinal, este evento gera o sustento de diversos vendedores ambulantes, muitos destes desalentados e fora do mercado formal de trabalho, que buscam na festa um meio de defender o pão de cada dia.

Sendo o cancelamento do carnaval de rua uma decisão sanitária, de preservação da vida, de prevenção à disseminação da Covid-19 e da própria Influenza, ou seja, uma decisão científica, é minimamente incompreensível, pela lógica da própria ciência, a manutenção de outros eventos carnavalescos, tais como os desfiles de escolas de samba, até então mantidos e confirmados, no Rio de Janeiro e em Niterói.

As escolas de samba estão preparando seus desfiles normalmente. Realizando ensaios em suas quadras e também nas ruas. E não há como imaginar ensaio ou desfile de escola de samba sem aglomeração. A Viradouro, por exemplo, realiza seus ensaios de rua na Av. Amaral Peixoto, em Niterói, arrastando multidões maiores do que muitos blocos de embalo que saem nos bairros da cidade.

E ainda há um trecho do samba-enredo de 2021 que em nada combina com o atual momento da pandemia: “tirei a máscara num clima envolvente, encostei os lábios suavemente, e te beijei na alegria sem fim…” Uma cena completamente desconexa de qualquer prevenção de contágio pela doença que ainda nos castiga e pune, a centenas, com a morte, diariamente.

Os abastados, sim, poderão tirar suas máscaras e beijar livremente outros semelhantes no carnaval da Marquês de Sapucaí. Pois lá, o carnaval, só pelo preço, é proibitivo para qualquer pobre. Aliás, os pobres, por lá, geralmente, são serviçais. Atuam na limpeza, manutenção, copa, garçons, bilheteria, segurança…

Sambódromo: Festa pra Marquês

Festa, cor, diversão, samba, fantasias, muito brilho, carros iluminados e com animações e alegria contagiante de quem está dentro e fora da avenida cantando o samba enredo da sua escola. Quem quiser viver a emoção de assistir ao desfile no Sambódromo, tem que estar preparado para abrir a carteira. Em outubro de 2021, a venda de ingressos foi iniciada para o primeiro carnaval na avenida após o início da pandemia.

Os ingressos individuais variam entre R$ 250 e R$ 300 para arquibancadas especiais por noite de desfile (domingo 27/02 ou segunda 28/02). As arquibancadas turísticas numeradas custam R$ 500 por noite. Na Cadeira Numerada individual, no setor 12, que fica no final da pista de desfiles, já na Praça da Apoteose, o valor é de R$ 230.

Para a área das Frisas, há duas categorias: as de 6 lugares, nas áreas consideradas nobres do sambódromo, onde o preço varia entre R$ 3.500 (R$ 583,33 por pessoa) a R$ 6.100 (R$ 1.016,61 por pessoa) por noite; e as de 4 lugares, nos setores 12 e 13 (fim de desfile), com preços entre R$ 800 e R$ 1.500 por noite.

Para adquirir ingressos das frisas é necessário enviar um e-mail com o pedido. Quem solicitou a reserva e não foi atendido, ou quem não solicitou, ainda há ingressos disponíveis para frisas de seis lugares das filas C e D, para os desfiles de Domingo (27/02), Segunda-feira (28/02) e Campeãs (05/03).

Os camarotes, já esgotados, para 12, 15, 18 ou 30 pessoas, os preços variam de R$ 48 mil a R$ 96 mil.

Ainda existem os camarotes que atraem o público por todo o glamour, open bar, áreas VIP, presença de artistas e shows particulares. São várias opções com diversos preços de ingresso.

Quem quiser marcar presença no famoso ‘Camarote Nº 1’, que terá shows de Kevin O Chris e Alok, terá que desembolsar de R$ 2.700 a R$ 3.500.

O ‘Nosso Camarote’ oferece ingressos que variam de R$ 1.110 a R$ 2.900. Mas caso o folião queira comprar um pacote para todos os dias de festa (25/02 a 05/03) os preços variam de R$ 9.500 a R$ 12 mil.

O ‘Camarote Mar’ que vai ter show de artistas como Mumuzinho, João Gabriel, Ferrugem, Rennan da Penha e Maiara e Maraisa, está com ingressos que variam de R$ 1.060 a R$ 1.790.

E TODOS COM CERTEZA, COM MUITA AGLOMERAÇÃO.

ELES PODEM?