segunda-feira, 17 de junho de 2024

VER. JULIO CAROLINO REALIZA AUDIÊNCIA PÚBLICA DA CULTURA PESQUEIRA


 O vereador Júlio Carolino - Presidente da Comissão de Cultura da Câmara de Vereadores de Maricá, realizou na terça feira 13 de junho, a primeira audiência pública da cultura pesqueira.

Marcada para ás 14 horas, a audiência só começou às 15:10h devido ao atraso do vereador em função do trânsito na RJ 106 (obras do viaduto do Flamengo e recapeamento da rodovia na altura de São José) e no centro de Maricá, que passará por grandes alterações em breve.

Embora convidados, os vereadores da Comissão de Pesca (e também pertencentes da comunidade pesqueira de Maricá) Xandy de Bambuí e Bubute, além de Hélter Ferreira (ex-secretário de Cidades Sustentáveis e Meio Ambiente), secretaria que também não enviou nenhum representante, não compareceram à audiência, fato criticado por vários presentes.

O que também causou espécie, foi o fato de dois representantes da secretaria de Cultura que estavam presentes desde às 14 horas, se retiram por volta das 15 horas informando que teriam 'outras demandas' na secretaria, já que até o momento de suas saídas, a audiência ainda não ter começado. Mas se tivesse, estes sairiam para essas 'tais' demandas na secretaria de cultura?

Minuto de Silêncio

O vereador Júlio Carolino abriu a audiência pedindo um minuto de silêncio pelo lamentável fato da morte do pequeno Joaquim Darmont Silva (neto do jornalista Pery Salgado do Barão de Inohan) na maternidade do hospital Conde Modesto Leal. O vereador hipotecou toda solidariedade à família e garantindo que a casa de leis irá abrir CPI para apurar todos esses fatos lamentáveis que acontecem no hospital Conde Modesto Leal (https://youtu.be/R3CQzTCIp18?si=XoP5BnLMnjahLVoP).

Mesa Diretora

Após a homenagem, Júlio Carolino chamou a secretária de agricultura, pecuária, pesca e abastecimento - Mariana Príncipe, para compor à mesa diretora da audiência. Chamou também Francine Lima coordenadora da FIPERJ - Fundação Instituto de Pesca do Estado do Rio de Janeiro e Vilson Francisco Correa, pescador há mais de 50 anos, residente e presidente da Associação dos Pescadores de Zaccarias.

Júlio Carolino relembrou sua luta para a manutenção do antigo Mercado dos Pescadores na praça Orlando de Barros Pimentel (onde hoje existe o prédio do Mercado das Artes), dizendo que se não conseguiu manter o mercado histórico naquele local, terá agora a honra, junto com a secretária Mariana que o sucedeu na secretaria de agricultura, de inaugurarem o magnífico e moderno Mercado do Produtor Rural de Maricá.

Passando a palavra para a secretária Mariana, esta destacou os trabalhos e os excelentes resultados que a secretaria tem obtido em prol da municipalidade e afirmou que espera ansiosa o momento da inauguração do novo mercado do produtor que trará mais oportunidades aos produtores e comerciantes locais.

A próxima a falar foi a coordenadora da FIPERJ, Francine Lima, que destacou as atividades que a fundação tem feito no litoral do estado do Rio, informando que de 2018 a 2023, 843 toneladas foram pescadas no litoral maricaense, onde foram encontradas 158 categorias de peixes e crustáceos (cerca de 140 toneladas por ano). Francine lembrou que estes números são do litoral pesqueiro (sem contabilizar o que foi pescado nas lagoas e lagunas de Maricá, onde a FIPERJ não tem atuação direta) e lembrando também, que nestes números, não estão contabilizados a pesca cada vez predatória das traineiras que vem de outros municípios para pescar a poucos metros das praias, sem serem infelizmente importunadas.

Um momento de muita história

Francine passou a palavra para Vilson, presidente da associação de pescadores de Zaccarias, dizendo ser este o artista do espetáculo. 

Pescador há mais de 50 anos, Vilson Francisco Correa, morador e residente da Associação de Pescadores de Zaccarias, contou sua história, lembrando do tempo que não existia a ponte do Boqueirão e que vinha para a "vila"(centro de Maricá) ou de barco, ou até mesmo a nado para estudar na escola técnica São Caetano que existiu até a década de 80, na praça Orlando de Barros Pimentel, atrás da hoje Casa de Cultura (na época Câmara de Vereadores).



Falou de todas as dificuldades que a comunidade pesqueira passou (e ainda passa), mas lembrou que muitos, com os peixes e até camarões quer pescavam, tinham sua fonte de sobrevivência e os pecados eram vendidos boa parte, no Mercado de Peixes na esquina da rua Barão de Inoã com Alvares de Castro, onde hoje abriga o Mercado das Artes (em eterna reforma).

Lembrou que a comunidade de Zaccarias só conseguiu ter luz elétrica em meados da década de 80, com o programa "Luz na Escuridão" no governo de Leonel Brizola, e lembrou der pescadores que abriam a barra com ferramentas rudimentares e pediu uma barra sempre aberta, para não só dar mais vida às lagoas, mas para evitar tragédias como aconteceram recentemente no sul do Brasil, lembrando que nossas lagoas estão acima do nível do mar, o que em fortes chuvas e com o não escoamento das águas, podem inundar parte da cidade como já aconteceu algumas vezes.

Falou dos estudos que universidades tem vindo fazer na restinga e criticou o fato de pescadores (povos originários da região) não poderem usar elementos da natureza (como sempre usaram, tal como cipó e outros artefatos na produção de redes) pois hoje, são enquadrados em crimes ambientais, mas que nada acontece com a empresa que começa a construir o resort, que 'pode desmatar' livremente, berçário de diversas espécies, algumas em risco de extinção.

Lembrou dos pioneiros, como Jacintho Caetano, que pescou muito nas lagoas alimentando muitas famílias (trazendo inclusive uma rede com quase 100 anos) utilizada por ele, e hoje preservado no museu local.

Lamentou o fato de nenhum dos vereadores da Comissão de Pesca da Câmara estarem ali presentes na audiência pública da cultura pesqueira, para ajudar a encontrar soluções e ações para melhoria dos povos originários e ainda criticou um destes vereadores (sem citar nome) quando este teria perguntado, 'o que é a associação de pescadores de Zaccarias?', onde segundo Vilson, por ignorância, desconhecem a história de uma comunidade demais de três séculos, associação que foi fundada em 1943, não conheceram Lucio José de Marins, Antônio Breve de Marins (pai do vereador Ismael Breve assassinado em 2019) e concluindo, pediu respeito para a associação e para a colônia de pesca de Zaccarias e sua história (https://www.youtube.com/watch?v=Kyyt-G_WcA8).

Líder comunitário faz uma série de solicitações para salvar nossas lagoas

Pescador, filho e neto de pescadores, o líder comunitário e morador da Barra de Maricá, Murilo Costa, esteve presente na Audiência Pública da Cultura Pesqueira onde fez uma série de reivindicações, solicitando dragagem do canal de Ponta Negra, do rio Mumbuca, da lagoa na região da Ponte Preta, além de falar do assoreamento  da lagoa da Guarapina e da lagoa de Araçatiba, onde mostrou fotos do grande acúmulo de plantas retiradas do fundo da lagoa e que ficam por semanas às margens da mesma.

Falou do descaso da Maraey que passa com máquinas devastando mata e flora original da restinga e destruindo ninhos de corujas buraqueiras 

Mostrou também uma foto histórica de moradores e pescadores da Barra de Maricá, Guaratiba, Divinéa e Zaccarias, que nas décadas de 60, 70 e 80, abriam o canal da Barra com pás e enxadas (https://www.youtube.com/watch?v=oJ2YYpal2bo).

Jornalista conta um pouco mais de história e sugere Museu Sr. Bengala e a volta da festa junina de Ismael Breve

Parafraseando o que Júlio Carolino disse no início da audiência sobre aquele que planta tâmaras, o jornalista Pery Salgado (jornal Barão de Inohan e diretor de comunicação da AIM - Associação de Imprensa de Maricá), lembrou que as tâmaras são os únicos frutos que quem planta não colhe, pois sua colheita acontece de 90 a 100 anos após a plantação, mas que o legado de Júlio à frente da agricultura, pecuária e pesca de Maricá, assim como da cultura pesqueira, será tal qual um pé de tâmara: plantará para que novas gerações possam colher e saborear.

Lembrando parte da fala de Vilson, que levou uma rede usada por Jacintho Caetano (fundador da Viação Nossa Senhora do Amparo e um dos maiores progressistas da história de Maricá), o jornalista lembrou que a primeira linha de ônibus da empresa, foi a LAGOMAR (na região da Ponte Preta) - MARICÁ (centro) - NITERÓI.

Museu

Sugeriu que toda a comunidade pesqueira de Zaccarias seja transformada oficialmente em um Museu a Céu Aberto e que a casa onde onde morou o Sr. Bengala e esposa (pais de Ismael, Adélia e Wilson), vire o Museu do Sr. Bengala, um dos mais antigos pescadores da região. Sugeriu também que a festa junina realizada pelo Vereador Ismael Breve (assassinado em agosto de 2019 em sua residência em Zaccarias) volte a acontecer e faça parte do calendário turístico cultural de Maricá e que a corrida de canoas de Zaccarias retorne e aconteça sempre no dia da abertura da festa junina.

Airoza, que trabalha diretamente com a secretária Mariana Príncipe, destacou os trabalhos realizados pela secretaria na área da pesca e as conquistas feitas em parceria com a Capitania dos Portos.

O último a falar foi o advogado Hélio, assessor do vereador Júlio Carolino, que destacou que uma audiência pública é o grande instrumento de diálogo estabelecido com a sociedade nabusca de soluções "de onde viemos e para onde queremos ir" (frase usada sempre pelo vereador Carolino).

Disse também que cultura é um termo com sentido amplo que indicar tanto a produção artística quanto o modo de vida, o conjunto de saberes e as variadas expressões de um povo (ou dos povos originários), e destacou que os pescadores precisam ser sempre e muito ouvidos.

E encerrando, lamentou a ausência dos vereadores ligados a comissão de pesca da casa de leis.

Júlio Carolino encerrou a audiência pública da cultura pesqueira, convidando todos para participarem da audiência pública da cultura, na quinta feira 20 de junho às 14 horas, no mesmo local, onde serão discutidas politicas públicas para o setor e a resolução dos vários problemas que atingem a classe artística maricaense.