sexta-feira, 8 de abril de 2022

EXCLUSIVO: D. GUARACIARA, A HEROÍNA DO CASO ENEL, CONTA TUDO O QUE ACONTECEU

 EXCLUSIVO: D. Guaraciara abre o verbo e explica tudo o que aconteceu na tarde da segunda-feira (07) na sede da ENEL em Maricá (RJ).


Para algumas mídias, um SURTO. Para a maioria dos cidadãos cansados com os maus atendimentos, maus tratos e descaso em bancos, concessionários de serviços públicos e para poucas mídias de Maricá, uma quase heroína, que teve sim a coragem (apesar do ato ilícito) de gritar, berrar e exigir seus direitos como cidadã.

Nesta entrevista exclusiva para o jornal Barão de Inohan, amparada pela advogada Ingrid Menendes (presidente da AMM - Associação de Mulheres de Maricá, que está lhe assistindo juridicamente após o caso), D. Guaraciara explicou que entrou em contato com a ENEL primeiro por telefone para pedir apenas uma revisão de conta, pois apesar de morar ela e seu filho de 10 anos em uma quitinete de dois cômodos (sala e cozinha conjugados e banheiro) no bairro Amizade, sua conta chegou com um valor de R$ 560,00.

Fez uma ligação pelo 0800 da empresa, foi atendida pela funcionária Thayná, que após quase duas horas passou para outra pessoa que não conseguiu resolver o problema.

Guaraciara nos disse que por não ter resolvido o problema por telefone, pegou sua garrafinha de água e se dirigiu a sede da ENEL em Maricá, e levou uma marreta para após passar na concessionária de energia, ir em um outro cômodo que ela estava pretendendo alugar para acertar um problema na porta de ferro e que em momento nenhum chegou na ENEL gritando ou quebrando tudo como alguns disseram no livro de ocorrências da 82 DP. Segundo Ingrid, as pessoas só começaram a fazer a gravação quando Guaraciara começou a se irritar com o não atendimento devido dentro da ENEL.

Segundo Guaraciara, chegando na ENEL viu que só haviam dois funcionários que demoravam muito o atendimento e a gerente da sede supostamente não estava. Ao chegar ela ficou por quase duas horas já dentro da agência, porém fora do prédio, no causticante sol da tarde que bate direto no local aguardando o atendimento que não acontecia.

Sem conseguir os remédios de que tanto precisa para poder ter uma vida normal (foi até a casa da Mulher de Maricá, mas não houve o devido acolhimento e posteriormente na secretaria de saúde onde nos postos de saúde informaram que os remédios de que faz uso ainda não haviam chegado) e após quase duas horas no sol na fila na ENEL aguardando atendimento, Guaraciara foi ficando irritada e acabou também tomando as dores de um comerciante que não estava conseguindo resolver o seu problema, dizendo então ter ficado muito estressada e em consequência, acabou saindo de si, quebrando o vidro da frente e dizendo "agora vocês vão trabalhar!", foi quando apareceram cerca de cinco funcionários dentro da sede, sendo um destes funcionários a gerente que "não estaria no local".

Ingrid falou que após tudo o que aconteceu dentro da agência da ENEL (que já é público e notório), Guaraciara foi conduzida a 82 DP e ninguém foi até lá para auxiliá-la, nenhum órgão de proteção à mulher.

Sem ajuda de qualquer advogado, da OAB, da Defensoria Pública ou de quem de direito, Guaraciara foi transferida para a central de flagrantes da 76 DP em Niterói, em tempo recorde.

Foi quando à noite, Ingrid foi até a delegacia em Niterói, se apresentou a Guaraciara e disse que iria ajudá-la, porém Ingrid não imaginava que o caso de Guaraciara iria cair nas mãos de uma juíza tão desumana segundo seu relato. Ao despachar com a juíza de plantão, explicou que o filho de Guaraciara estava sozinho, na posse de vizinhos (o STJ já se pronunciou dizendo que mulher que tem filho menor não pode ficar presa se tiver pré-requisitos para responder em liberdade por qualquer ato ilícito), mas mesmo assim, a juíza negou o habeas corpus à Guaraciara. Ingrid disse que saiu da 76 às 4 horas da manha, derrotada, triste, arrasada.

Guaraciara foi transferida para Benfica por volta das 13 horas, pois sua audiência de custódia estava marcada para às 15 horas.


Chegando em Benfica para encontrar com Guaraciara, segundo Ingrid, uma delegada presente na penitenciária também não se sensibilizou com o problema de Guaraciara e arbitrou uma fiança de um salário mínimo para a soltura dela, valor inviável então na ocasião, mas com toda sua habilidade e experiência como advogada, na audiência de custódia que aconteceu no final da tarde do dia 08, Ingrid conseguiu a soltura de Guaraciara e por das 20 horas, as duas deixavam a penitenciária de Benfica rumo à Maricá, onde Ingrid continua e continuará atendendo a heroína de Maricá - D. Guaraciara.