Aline Dantas, de 19 anos, saiu para comprar fraldas e não voltou para casa. O corpo da jovem foi encontrado coberto por pedaços de madeira e parcialmente carbonizado. Investigação avança e aponta para feminicídio ou vingança
Aline Dantas saiu de casa no domingo (08) para buscar fraldas para a filha de 1 ano e nove meses e nunca mais retornou. Ela foi encontrada morta três dias depois em uma área de mata na cidade de Alumínio (SP) com o corpo parcialmente carbonizado.
Novas imagens obtidas nesta terça-feira (17) mostram a jovem caminhando no dia que desapareceu. A câmera de uma casa registrou às 16h50 Aline passando na trilha, em uma região de mata. Menos de 30 segundos depois, aparece uma pessoa correndo, aparentemente seria um homem vestido de preto.
A delegada Luciane Bachir, titular da Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Sorocaba (SP), informou que passou o final de semana analisando as novas imagens. Ela acredita que a motivação para o crime seja feminicídio ou vingança e descartou um crime de oportunidade.
“Dá pra ver a Aline passando, o relógio marca 16h50, logo em seguida, menos de 30 segundos depois, um homem vestido de preto é flagrado pelas imagens andando em um ritmo mais acelerado”, revela.
As únicas imagens disponíveis que a polícia possuía até então mostravam a jovem na farmácia onde foi para comprar fraldas. Até agora, foram colhidos depoimentos de 20 pessoas.
O marido e a sogra de Aline estão fora da cidade, com autorização da Justiça. Eles foram para a casa de parentes, onde cuidam da bebê do casal. Segundo um parente, a bebê pergunta pela mãe o tempo todo.
Perícia
A Polícia Civil usou cães farejadores para periciar a roupa de duas pessoas como parte da investigação do assassinato. Uma das pessoas que teve a roupa periciada foi o marido de Aline, João Vitor. A outra não teve a identidade divulgada. O exame descartou a presença das duas pessoas no local do crime.
Folhas com manchas vermelhas, possivelmente de sangue, que foram apreendidas durante as buscas, e um pedaço de tecido encontrado com o corpo também estão sendo analisadas.
Explosivo
No dia 12 de setembro, policiais encontraram um artefato explosivo na área onde foi localizado o corpo de Aline. A equipe de investigação afirma que quando encontrou o corpo de Aline, peritos e policiais fizeram uma varredura em volta da área e que não encontraram o explosivo no local. A polícia descarta a relação do crime com o material explosivo encontrado.
População quer desfecho
No domingo (15), moradores de Alumínio realizaram uma manifestação em homenagem à Aline. Com roupas brancas e cartazes pedindo justiça para a jovem, centenas de pessoas participaram da passeata que percorreu as ruas da cidade até chegar no início da trilha onde o corpo de Aline foi encontrado.
Amigos e moradores pediram doações de fraldas e leite para a filha de Aline e ajuda para a mãe da jovem, que é diarista e não voltou a trabalhar desde o crime. Quatro pontos de arrecadação foram montados na cidade.
Violência contra a mulher
No Brasil, 13 mulheres são mortas por dia. No total, 4,8 em cada 100 mil mulheres morrem por violência doméstica – essa taxa coloca o Brasil em quinto lugar no ranking de violência doméstica criado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
A cada 1 hora e meia, uma mulher morre no Brasil por causas violentas. Os dados são de pesquisas do Ipea, Mapa da Violência e do SESC.
A denúncia de violência doméstica pode ser feita em qualquer delegacia, com o registro de um boletim de ocorrência, ou pela Central de Atendimento à Mulher (Ligue 180), serviço da Secretaria de Políticas para as Mulheres. Vale lembrar: a denúncia é anônima e gratuita, disponível 24 horas, em todo o país.
Para proteger e ajudar as mulheres a entenderem quais são seus direitos, em 2014, a Secretaria lançou um aplicativo para celular (Clique 180) que traz diversas informações importantes, como os tópicos da Lei Maria da Penha.