quarta-feira, 8 de março de 2017

Cabral se torna réu pela sexta vez na Lava-Jato

Ex-governador é acusado de receber no exterior US$ 3 milhões da Odebrecht


O ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB) virou réu pela sexta vez na Lava-Jato. Nesta denúncia, a força-tarefa do Ministério Público Federal aponta ao ex-governador 25 crimes de evasão de divisas, 30 crimes de lavagem de dinheiro e 9 crimes de corrupção passiva decorrentes da Operação Eficiência, que prendeu o empresário Eike Batista. Cabral é acusado de receber no exterior US$ 3 milhões da Odebrecht.

A denúncia, apresentada à 7ª Vara Federal Criminal do Rio, foi aceita nesta quarta-feira pelo juiz Marcelo Bretas. Ao todo, são nove réus na ação. Cabral já respondia a outros cinco processos — quatro tramitam na 7ª Vara, com Bretas, e um na 13ª Vara Federal de Curitiba, com Sérgio Moro.

O MPF também denunciou o ex-secretário Wilson Carlos, os supostos operadores do esquema Carlos Miranda e Sérgio Castro de Oliveira, o “Serjão”, os doleiros Vinicius Claret, conhecido como “Juca Bala”, e Claudio de Souza, conhecido pelos apelidos “Tony” e “Peter”; além de Timothy Scorah Lynn. O irmãos delatores Marcelo e Renato Chebar também foram denunciados.

Nesta denúncia, os procuradores afirmam que Juca Bala movimentou US$ 3.081.460 para Cabral. O doleiro usou o Banco BPA de Andorra, através de contrato de fachada firmado com empresa em nome de um dos colaboradores e Timothy Scorah Lynn. Juca Bala e Cláudio de Souza foram presos no Uruguai na última sexta-feira.

O esquema envolvendo Cabral e Juca Bala foi revelado pelos doleiros Renato e Marcelo Chebar, que firmaram acordo de colaboração. Os irmãos contaram aos investigadores que Cabral e outros envolvidos no esquema ocultaram e lavaram valores que somam R$ 318.554.478,91.

Desse total, cerca de R$ 39 milhões foram movimentados e guardados no Brasil, US$ 100 milhões em contas no exterior, € 1 milhão em diamantes, US$ 1 milhão também em diamantes e US$ 247 mil em barras de ouro.

Segundo os investigadores, o acordo de delação dos irmãos Chebar permitiu que o MPF recuperasse cerca de US$ 85 milhões.

Nesta denúncia, os procuradores voltaram a afirmar que Cabral era o comandante de uma organização criminosa. O MPF afirmou que o esquema utilizou quatro formas de lavar dinheiro no exterior: realizaram depósitos em nome de terceiros, realizavam pagamentos em joias, compravam ouro e diamantes e fizeram transferências bancárias para parentes de Carlos Miranda.

DETALHES DA DENÚNCIA

Wilson Carlos — 25 crimes de evasão de divisas e 18 de lavagem de dinheiro.

Carlos Miranda — 25 crimes de evasão de divisas e 21 crimes de lavagem de dinheiro.

Sérgio Castro de Oliveira, o “Serjão” — 8 crimes de evasão de divisas.

Vinicius Claret, o “Juca Bala” — 25 crimes de evasão de divisas, 9 de corrupção passiva, 9 de lavagem de dinheiro e crime de pertencimento à organização criminosa.

Claudio de Souza, o “Tony” ou “Peter” — 25 crimes de evasão de divisas, 9 de corrupção passiva, 9 de lavagem de dinheiro e crime de pertencimento à organização criminosa.

Timothy Scorah Lynn — 9 crimes de corrupção ativa e 9 de lavagem de dinheiro.