O ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB) virou réu pela sexta vez na Lava-Jato. Nesta denúncia, a força-tarefa do Ministério Público Federal aponta ao ex-governador 25 crimes de evasão de divisas, 30 crimes de lavagem de dinheiro e 9 crimes de corrupção passiva decorrentes da Operação Eficiência, que prendeu o empresário Eike Batista. Cabral é acusado de receber no exterior US$ 3 milhões da Odebrecht.
A denúncia, apresentada à 7ª Vara Federal Criminal do Rio, foi aceita nesta quarta-feira pelo juiz Marcelo Bretas. Ao todo, são nove réus na ação. Cabral já respondia a outros cinco processos — quatro tramitam na 7ª Vara, com Bretas, e um na 13ª Vara Federal de Curitiba, com Sérgio Moro.
O MPF também denunciou o ex-secretário Wilson Carlos, os supostos operadores do esquema Carlos Miranda e Sérgio Castro de Oliveira, o “Serjão”, os doleiros Vinicius Claret, conhecido como “Juca Bala”, e Claudio de Souza, conhecido pelos apelidos “Tony” e “Peter”; além de Timothy Scorah Lynn. O irmãos delatores Marcelo e Renato Chebar também foram denunciados.
Nesta denúncia, os procuradores afirmam que Juca Bala movimentou US$ 3.081.460 para Cabral. O doleiro usou o Banco BPA de Andorra, através de contrato de fachada firmado com empresa em nome de um dos colaboradores e Timothy Scorah Lynn. Juca Bala e Cláudio de Souza foram presos no Uruguai na última sexta-feira.
O esquema envolvendo Cabral e Juca Bala foi revelado pelos doleiros Renato e Marcelo Chebar, que firmaram acordo de colaboração. Os irmãos contaram aos investigadores que Cabral e outros envolvidos no esquema ocultaram e lavaram valores que somam R$ 318.554.478,91.
Desse total, cerca de R$ 39 milhões foram movimentados e guardados no Brasil, US$ 100 milhões em contas no exterior, € 1 milhão em diamantes, US$ 1 milhão também em diamantes e US$ 247 mil em barras de ouro.
Segundo os investigadores, o acordo de delação dos irmãos Chebar permitiu que o MPF recuperasse cerca de US$ 85 milhões.
Nesta denúncia, os procuradores voltaram a afirmar que Cabral era o comandante de uma organização criminosa. O MPF afirmou que o esquema utilizou quatro formas de lavar dinheiro no exterior: realizaram depósitos em nome de terceiros, realizavam pagamentos em joias, compravam ouro e diamantes e fizeram transferências bancárias para parentes de Carlos Miranda.
DETALHES DA DENÚNCIA
Wilson Carlos — 25 crimes de evasão de divisas e 18 de lavagem de dinheiro.
Carlos Miranda — 25 crimes de evasão de divisas e 21 crimes de lavagem de dinheiro.
Sérgio Castro de Oliveira, o “Serjão” — 8 crimes de evasão de divisas.
Vinicius Claret, o “Juca Bala” — 25 crimes de evasão de divisas, 9 de corrupção passiva, 9 de lavagem de dinheiro e crime de pertencimento à organização criminosa.
Claudio de Souza, o “Tony” ou “Peter” — 25 crimes de evasão de divisas, 9 de corrupção passiva, 9 de lavagem de dinheiro e crime de pertencimento à organização criminosa.
Timothy Scorah Lynn — 9 crimes de corrupção ativa e 9 de lavagem de dinheiro.