sexta-feira, 25 de julho de 2014

JUSTIÇA LIBERA MANIFESTANTES E IMPRENSA APANHA

Levantamento revela que 90 jornalistas foram agredidos em manifestações, nos últimos 14 meses

Segundo sindicato da categoria, 80% dos casos foram praticados por policiais

Confusão na saída de ativistas de presídio em Bangu: jornalistas foram agredidos - Agência O Globo

RIO - O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio de Janeiro oferece ajuda jurídica e orienta que os profissionais agredidos na noite desta quinta-feira, durante a libertação de ativistas no Complexo de Gericinó, em Bangu, façam registro na delegacia. O cinegrafista Tiago Ramos, que presta serviço para o SBT, ficou ferido e o fotógrafo do jornal O Dia, André Mello, teve o equipamento danificado ao registrarem a a saída de Elisa Quadros Sanzi, a Sininho; da coordenadora do programa de pós-graduação em filosofia da Uerj, Camila Jourdan; e de Igor D’Icarahy da cadeia. De acordo com levantamento feito pelo sindicato da categoria, 90 jornalistas foram agredidos no município, desde maio do ano passado, em manifestações. Em 80% dos casos, a ação foi praticada por policiais.

— A gente repudia qualquer tipo de violência contra jornalistas, inclusive de parentes de manifestantes. Além de extrapolar os limites do direito no que se refere às manifestações políticas, isso viola os direitos humano dos jornalistas e, na verdade, impede o exercício da profissão, fundamental para a democracia. Se estamos lutando por democracia, por direitos, precisamos compreender que o papel do jornalista é fundamental — disse Paula Máiran, presidente do sindicato.

As violações de direitos cometidas pelo Estado no contexto da criminalização e perseguição dos manifestantes será tema da coletiva de imprensa nesta sexta-feira, às 11h, na sede do sindicato, no Centro. O encontro havia sido marcado antes da violência registrada nesta quinta-feira, em Bangu. Segundo o sindicato, parentes de presos políticos estarão presentes, assim como os grupos Tortura Nunca Mais, Justiça Global, Rede de Comunidades e Movimentos contra a Violência, Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos (Cebraspo)
— Vamos aproveitar o encontro para cobrar diretamente. Mas não podemos responsabilizar entidades e movimentos pelo comportamento de alguns — disse a presidente do sindicato.

ABERT EMITE NOTA DE REPÚDIO À AGRESSÃO CONTRA CINEGRAFISTA

A Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) manifestou repúdio à agressão ao cinegrafista Tiago Ramos.

"Preocupa-nos especialmente aqueles que clamam por liberdade e se dizem atuar em nome dela, mas buscam ações para impedir a livre atuação da imprensa na investigação de fatos de interesse público. Pedimos às autoridades do Estado do Rio de Janeiro que apurem o caso e punam seus autores, a fim de que se assegure a plena liberdade de imprensa e o amplo acesso dos cidadãos a informações," informava a nota a associação.