Geração de emprego em junho tem o pior resultado para o mês em 16 anos
É a quarta queda seguida na geração de emprego formal no país, com abertura de 25.363 vagas no mês passado
O emprego com carteira assinada desacelerou pelo quarto mês consecutivo e em junho o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) rgistrou a geração líquida de 25.363 postos de trabalho. Foi o pior resultado para período nos últimos 16 anos e representou queda de 79,5% em relação ao saldo obtido em junho do ano passado, de 123.836. Entre janeiro e junho, foram abertas 588.671 vagas, o menor patamar para o primeiro semestre desde 2009, de acordo com o Ministério do Trabalho.
Diante dos dados ruins do semestre e especialmente de junho, como antecipou o GLOBO, o ministro Manoel Dias reduziu a meta de empregos deste ano para um milhão, inferior ao resultado de 2013: 1,1 milhão, e à meta fixada pelo governo no começo do ano, que variava entre 1,4 milhão e 1,5 milhão de empregos.
Dias admitiu que esperava um resultado melhor em junho e atribuiu o problema aos juros altos e à queda generalizada das contratações na indústria, que registrou saldo negativo de 28.553 postos e queda pelo terceiro mês consecutivo.
Segundo o ministro, a Copa também reduziu o consumo com o fechamento antecipado de shoppings durante os Jogos, prejudicando as contratações no comércio, que eliminou 7.070 empregos. Na construção civil, as demissões superaram as contratações em 12.401.
— O resultado de junho foi bem menor do que nos meses anteriores. Eu esperava mais — disse o ministro.
No mês passado, os empregos foram puxados pelo setor de serviços, que respondeu por 31.143 contratações e pela agricultura, com 40.818, devido à colheita da safra. Mesmo assim, o saldo obtido pela agricultura em junho ficou abaixo da média do setor para o período, que é de 65 mil, segundo dados do Ministério.
O ministro disse que aguarda a geração líquida de 72 mil vagas em julho, o mesmo saldo registrado no mês do ano passado. Apesar da economia fraca, o ministro descartou saldos negativos no Caged nos próximos meses, contrariando projeções da própria equipe técnica e de analistas.
A estudante Jaqueline da Silva Rocha disse não acreditar que o mercado de trabalho vá melhorar. Depois de passar quase um ano procurando, sem êxito, várias alternativas de emprego, como caixa de supermercado, atendente de telemarketing e auxiliar administrativo, ela contou que desistiu. Quer agora fazer faculdade, com ajuda do Fies (programa de financiamento estudantil).
— Passei vários meses procurando emprego, cheguei a fazer entrevistas, mas não me chamaram. O mercado está ruim, tenho ouvido reclamações dos meus amigos que também estão desempregados — disse ela.
Maria da Gloria Oliveira da Silva (48 anos), que trabalha na área de conservação e limpeza, busca há vários meses uma colocação no mercado como técnica de segurança do trabalho ou vigilante — curso que concluiu no ano passado. Mas não tem tido sucesso.
— Só queria uma oportunidade, mas eles preferem quem tem experiência no ramo — lamentou.
Desempregada, a auxiliar de serviços gerais, Rosângela de Melo, contou que nesta quinta-feira foi as duas agências de emprego em busca de uma vaga de atendente, cozinheira, arrumadeira e limpeza em empresas terceirizadas. Mas não havia vaga disponível.
— Não encontrei nada. As vagas que aparecem exigem gente estudada e com qualificação — queixou-se.