domingo, 30 de março de 2014

Um batalhão só para ônibus

Comissão da Alerj propõe unidade para coibir roubos em coletivos, que dobraram em janeiro

HERCULANO BARRETO FILHO

Rio - O crescimento vertiginoso nos últimos meses nos índices de roubos em coletivo mobilizou a Comissão de Segurança Pública da Alerj a pedir por um batalhão especial para prevenir crimes em ônibus. Os índices de criminalidade de janeiro, divulgados anteontem pelo Instituto de Segurança Pública (ISP), mostraram aumento de 118,46% nesse tipo de ocorrência na capital, com 426 roubos — média de 13,74 ocorrências por dia. Foi o maior registrado em um mês há mais de três anos no Rio, superado apenas por outubro de 2010, com 436 roubos. 
O deputado estadual Iranildo Campos (PSD), que preside a comissão, tratou da questão com o vice-governador Luiz Fernando Pezão (PMDB), em reunião ontem à tarde, no Palácio Guanabara. E saiu de lá otimista. “Ele levará o assunto ao governador Sérgio Cabral. Disse que essa possibilidade será estudada. De imediato, os batalhões terão a determinação de fazer fiscalizações periódicas”, adiantou. 
Hoje, o policiamento nos ônibus é feito pelo Grupamento Transportado em Ônibus Urbano (GPTOU) da PM, que possui um efetivo de apenas cem homens. Eles atuam em uma unidade no Centro, que costuma fazer policiamento na Avenida Brasil e Linha Amarela. Em dezembro do ano passado, foi criado um grupamento que age na Zona Oeste. 
Mas a atuação do GPTOU não foi o suficiente para coibir os roubos em coletivo na capital, que começou a dobrar nos últimos sete meses, de acordo com os dados do ISP. Entre agosto do ano passado e janeiro deste ano, foram 2.296 roubos. No mesmo período do ano anterior, foram registrados 1.169 casos. 
O assunto foi levado à Alerj na terça-feira (25 de março), em audiência pública com a participação de entidades ligadas ao transporte coletivo e representantes das polícias Civil e Militar. A comissão também propôs a instalação nos coletivos de um cofre tipo boca de lobo, para dificultar o roubo, além da criação de um banco digital de imagens armazenadas pelos ônibus, para ficar à disposição de investigações policiais. Hoje, as imagens só ficam arquivadas por 30 dias.

A experiência nos trens
Um batalhão especializado em ações dentro de meios de transportes não é uma novidade na corporação. Em janeiro de 2009, o governador Sérgio Cabral e o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, definiram a extinção do Batalhão de Polícia Ferroviária (BPFer), que possuía um efetivo de 255 homens, responsáveis pelo policiamento nos trilhos.
Na época, a SuperVia se baseava na redução dos índices de furto e roubo de fios elétricos de cobre, derretidos e vendidos a quilo, para defender a permanência do batalhão. Depois da extinção, os PMs do BPFer foram transferidos para unidades operacionais.

Convênio com as empresas
Em nota, a Polícia Militar informou que há um estudo para expandir a fiscalização de crimes cometidos em coletivos. A corporação informou, ainda, que foi feita uma reunião, em fevereiro deste ano, entre o comando do Grupamento Transportado em Ônibus Urbano (GPTOU), responsável pelo policiamento, e responsáveis pelas empresas de ônibus, para discutir o assunto. 
Segundo a Polícia Militar, 80 homens contratados pelo Programa Estadual de Integração na Segurança (Proeis) no convênio com a Rio Ônibus/BRT reforçam o policiamento para reduzir esse tipo de crime em coletivos. 
Em 2013, o GPTOU do Centro apreendeu quatro armas, 33 munições e prendeu 58 suspeitos. Em janeiro e fevereiro deste ano, o grupamento apreendeu uma arma, três munições e prendeu 26 pessoas. Criado em dezembro de 2013, o GPTOU da Zona Oeste prendeu 43 pessoas e apreendeu três armas.