terça-feira, 3 de setembro de 2024

Francesa drogada pelo marido foi violentada ao menos 92 vezes de 2011 a 2020. Ele filmou tudo!!!

 Francesa drogada pelo próprio marido para que desconhecidos a estuprassem foi violentada ao menos 92 vezes de 2011 a 2020. Julgamento do marido e demais réus, dos quais 18 estão em prisão preventiva, começou nesta segunda-feira; homens tinham idades entre 21 e 68 anos na época dos episódios.


História e cenas de horror, dignas de um filme de ficção que achamos que nunca acontecerá na vida real. Mas aconteceu, e foi na França;

Começou na segunda-feira (02/9) o julgamento de um aposentado acusado de drogar a própria mulher para que fosse estuprada por desconhecidos durante pelo menos 10 anos, no sul da França, em um processo emblemático com cerca de 50 acusados. A vítima, Gisèle P., de 72 anos, chegou ao tribunal acompanhada de seus advogados e de seus três filhos para o início do julgamento em Avignon, que se prolongará até 20 de dezembro.

No total, 51 homens com idades entre 26 e 74 anos, incluindo seu ex-marido Dominique P., enfrentam penas de até 20 anos de prisão. Dezoito deles estão em prisão preventiva. Os acusados são homens de diversas origens e profissões: bombeiros, artesãos, enfermeiros, funcionários prisional, jornalistas, eletricistas. Alguns solteiros, outros casados e divorciados.

— Não existe um perfil típico de estuprador. O estuprador é um homem qualquer — declarou à AFP antes do julgamento Véronique Le Goaziou, pesquisadora do Laboratoire Méditerranéen de Sociologie, especializada em violência sexual.

O marido, ex-funcionário da companhia de eletricidade EDF, administrava à sua esposa um forte ansiolítico, e os homens, contatados através do site de encontros coco.fr — já fechado —, tinham a ordem de não acordá-la. Outras instruções incluíam não usar perfume nem tabaco, aquecer as mãos com água quente e se despir na cozinha, para evitar esquecer roupas no quarto.

A maioria dos homens foi apenas uma vez ao domicílio do principal acusado na localidade de Mazan, no sul da França. Dez deles, no entanto, foram várias vezes, chegando a passar até seis noites em alguns casos. O marido da vítima não lhes pedia dinheiro em troca.

Os acusados não apresentam patologias psicológicas significativas, embora tenham um sentimento de “onipotência” sobre o corpo feminino, segundo especialistas. Muitos alegam que acreditavam estar participando das fantasias de um casal liberal.

Mas, de acordo com o marido, “todos sabiam” que sua esposa estava drogada sem seu consentimento. Segundo ele, “cada indivíduo dispunha de seu livre-arbítrio” e poderia ter “ido embora” ao perceber a situação. Os investigadores identificaram 92 estupros desde 2011, quando o casal vivia na região de Paris, mas principalmente a partir de 2013, após se mudarem para Mazan, e até 2020.

'Nenhuma lembrança'

Gisèle P. soube dos fatos aos 68 anos, quando todos os estupros vieram à tona após seu marido ser pego em 2020 em um centro comercial filmando por debaixo das saias das clientes. Os investigadores encontraram então em seu computador muitas fotos e vídeos da vítima, visivelmente inconsciente, enquanto dezenas de desconhecidos a estupravam.

Para a mulher, o processo promete ser “algo completamente terrível”, diz Antoine Camus, um de seus advogados, que também representa seus três filhos e cinco netos. Ela “viverá pela primeira vez, de forma retrospectiva, os estupros que sofreu durante dez anos”, pois não tem “nenhuma lembrança”, disse Camus à AFP, antes do início do julgamento.

A vítima testemunhará na quinta-feira (05/9), enquanto os magistrados interrogarão seu ex-marido, que se diz pronto para “enfrentar sua esposa e sua família”, segundo sua advogada Béatrice Zavarro, no dia 10 de setembro.

Após sua prisão, o marido foi implicado em outros dois casos: um assassinato com estupro em Paris em 1991, que ele nega, e uma tentativa de estupro em 1999, que ele admite após a identificação de seu DNA.

Ao revistar o computador do suspeito, os investigadores descobriram milhares de fotos e vídeos da esposa, visivelmente inconsciente, muitas vezes em posição fetal, estuprada por dezenas de estranhos, na casa da família.