Denúncias apontam para devolução de até 90% de salários de contratados do programa Esporte Presente, do Ceperj. Alexandre Knoploch atualmente é vice-líder do governo na Alerj.
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Ex-funcionários que tinham cargo secreto no programa Esporte Presente, um dos projetos do Governo do Rio de Janeiro no Centro de Estudos e Pesquisas do Estado (Ceperj), afirmam que o deputado estadual Alexandre Knoploch (PL) comandava um esquema de rachadinha, quando pessoas devolvem parte do salário que tem direito.
Segundo as denúncias, os funcionários devolviam até 90% de seus vencimentos.
"Em determinado tempo do primeiro salário, eu fui informado que tinha que devolver parte do salário que era R$ 5 mil que eu ganhava e tinha que devolver R$3,5 mil para eles. Eu ficava com R$ 1,5 mil", disse um ex-funcionário.
Na segunda-feira (1/8), o Ministério Público estadual do Rio de Janeiro entrou com uma ação civil pública pedindo que o governo estadual e o Ceperj parem de fazer imediatamente contratações de funcionários temporários sem a devida transparência.
Ainda de acordo com as acusações, alguns dos funcionários que integravam o esquema eram fantasmas. As denúncias indicam que eles atuavam como cabos eleitorais do parlamentar do PL.
"A menina que representa ele falou que ia colocar um valor maior para eu poder retirar no banco. Que eu tinha que devolver R$ 3,5 mil e ficava com R$ 1,5 mi que era o combinado", disse.
"Ela falou que não ia dar problema. E que o David, que é homem de confiança do deputado, do Alexandre, ia passar para recolher", completou o ex-funcionário.
O homem citado pelo ex-funcionário é David Miqueias Queiroz da Silva, assessor parlamentar de Knoploch desde 2020.
Outro assessor do deputado citado na denúncia é George Pessoa Massapust, que seira responsável de recolher os pagamentos de funcionários de núcleos do projeto localizados nos bairros: Tijuca, Taquara, Campo Grande e Recreio.
Ainda segundo a denúncia, a entrega de parte dos salários dos funcionários era feita no próprio projeto.
"A gente marcava no próprio projeto. Aí, eu guardava num envelope e entregava para ele em mãos", disse o ex-funcionário.
Suspeita de fraude eleitoral
O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) está investigando e tenta descobrir como os contratados para o Esporte Presente eram escolhidos. O RJ2 apurou que alguns núcleos são comandados por políticos ligados ao governador Cláudio Castro (PL).
Segundo ex-funcionários do projeto, Alexandre Knoploch, atual vice-líder do governo na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), vários núcleos do Esporte Presente são comandados pelo deputado.
A suspeita do MP é de que o programa de governo venha sendo utilizado eleitoralmente.
"Por ser vice-líder de governo Cláudio Castro, ele (Knoploch) se utilizava desse contato, dessa influência que ele tinha, para poder angariar votos com pessoas que estavam no projeto; familiares, parentes e até mesmo as senhoras que estavam naqueles projetos", contou.
Cada núcleo do Esporte Presente deveria ter vários profissionais. Os cargos do programa são: professor; monitor; agente comunitário, agente de saúde e equipe multidisciplinar. Contudo, de acordo com a denúncia que o RJ2 teve acesso, os contratados não trabalhavam.
"Eles nunca iam. Trabalhavam direto para o deputado, em campanha na rua, entregando papel, folhetos, essas coisas", disse o ex-funcionário.
O que dizem os envolvidos
O deputado Alexandre Knoploch gravou com a reportagem do RJ2 e negou as acusações de rachadinha e de indicações políticas.
"Não tem indicações diretas. O que a gente faz quando tem um projeto como esse, vou te dar um exemplo do próprio Esporte Presente. A gente soube que teria o projeto e que teria um processo no Ceperj, então quem a gente conhece a gente manda procurar o Ceperj e a pessoa faz o seu processo lá natural", disse o parlamentar.
"Sobre rachadinha, eu quero que apareça e diga para quem ta dando. Tem que provar. Inclusive, ta a disposição as minhas contas, as pessoas que trabalham comigo no gabinete. Eu aqui sou um livro aberto e tranquilo", completou Knoploch.
Em nota, a Fundação Ceperj reforçou que ainda não foi notificada, mas disse que assim que estiver a par dos termos da ação civil pública vai cumprir as exigências. A fundação também garantiu que não tem funcionários comissionados em seus projetos e que os servidores que estão lotados trabalham em atividades de inovação e pesquisa, sem nenhuma ilegalidade.
com informações do G1, baseado em matéria do RJTV2.