Plataforma utiliza informações repassadas pelo Ministério da Saúde para comparar com outros afetados pela pandemia. Site da pasta retirou dados do ar
A Universidade Johns Hopkins, referência na contabilidade de estatísticas globais da pandemia de Covid-19, interrompeu no sábado 06/6 a contabilização de dados sobre a doença no Brasil, terceiro país do mundo com mais mortos e o segundo em número de casos. Desde o início da crise sanitária, em março, a instituição disponibilizava informações com base nas divulgações feitas pelo Ministério da Saúde e as utilizava para posicionar o país em um ranking de nações afetadas.
Durante a noite da sexta-feira 05/6, a plataforma que o ministério utiliza para tornar os números públicos saiu do ar e exibiu um aviso de manutenção. Ao ser retomada no sábado 06/6, ela passou a exibir apenas os casos confirmados, em recuperação e óbitos das últimas 24 horas. A Johns Hopkins, no entanto, usa a soma de todas as notificações realizadas desde o início da pandemia.
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No sábado 06/06, o painel da universidade americana, que tornou-se a principal fonte de consulta de pesquisadores e meios de comunicação, deixou de indicar informações sobre o Brasil. O Ministério da Saúde é a única fonte que a Johns Hopkins tem sobre os dados do país.
Tabela registrada na última sexta-feira (5) pela Universidade John Hopkins: naquele dia, a instituição americana exibiu a notificação de 24.720 novas infecções e 921 novos óbitos nos EUA. No Brasil, no mesmo dia, a instituição não informou novos casos e mortes. O "branco" deve-se ao fato de que o país não divulgou a soma de todas as estatísticas sobre a Covid-19 coletadas desde o início da pandemia, como o Ministério da Saúde vinha fazendo até agora em seu site.
Procurada, a instituição americana confirmou que as estatísticas foram retiradas de seu painel devido à suspensão do conteúdo oriundo do Ministério da Saúde. Os pesquisadores planejam registrar em seu site as estatísticas disponíveis até a última quinta-feira (4), último dia em que as informações do governo federal estavam online: "À medida que os dados estiverem disponíveis, corrigiremos os pontos históricos".
Por volta de 20:10 h do sábado 06/6, a universidade restabeleceu a disponibilização de dados brasileiros, com número de confirmação e óbitos registrados na sexta-feira e divulgados pelo Ministério da Saúde, que não constam na ferramenta disponibilizada no site da pasta. O GLOBO fez contato com a instituição e foi informado que a plataforma do Ministério da Saúde, cujos dados consolidados continuam fora do ar, seguirá como fonte primária de dados brasileiros para o painel.