Em entrevista à emissora local do SBT, Mirtes Renata declarou não sentir raiva, mas que espera que a justiça seja feita
Nem ódio, nem raiva, mas uma forte dor no peito. É assim que se sente Mirtes Renata Santana da Silva, mãe do menino Miguel Otávio Santana da Silva, de 5 anos, morto na terça-feira (2), após cair do 9º andar de um prédio, em Recife. Na ocasião, ele procurava a mãe, que trabalha como empregada doméstica no local e havia saído para passear com os cachorros da agora ex-patroa.
Acreditando que o menino seria capaz de encontrar a mãe por conta própria, a dona do apartamento o colocou no elevador sozinho e voltou para casa. Miguel acabou indo para no 9º andar, onde teve acesso ao hall de serviço, escalou o guarda peito de metal e caiu de uma altura de 35 metros. A Polícia Civil não divulgou o nome da mulher, mas em entrevista à TV Globo, Mirtes revelou se tratar de Sari Gaspar Côrte Real, esposa do prefeito de Tamandaré, Sérgio Hacker.
Para Mirtes, faltou paciência da parte da ex-patroa. “Se ela tivesse tido um pouquinho de paciência, tivesse pegado ele pela mão, antes de ficar só falando, meu filho hoje estaria comigo”, lamenta. Em entrevista à TV Jornal, ela contou que naquele dia havia avisado à mulher que não levaria as crianças – Miguel e a filha de Sari – para passear com os cachorros, porque elas não estavam se comportando. “Se depois eles obedecessem, de tardezinha eu levaria. A menina se conformou, mas meu filho não se conformou, ficou chorando. Ela disse que eu fosse, que ela ficaria com Miguel.”
Abalada, a mãe conta como Miguel era uma criança extrovertida e extremamente feliz, por quem ela fazia tudo que fosse possível. “Ele tinha de tudo, eu dava educação, saúde, vestuário, o que fosse necessário para o meu filho, eu dava. Eu deixava faltar para mim, mas para ele não deixava faltar nada. E tinha planos para o futuro dele. Mas, infelizmente, os planos para o futuro do meu filho foram interrompidos.”
“O sentimento que prevalece em mim é dor. Dor pela perda do meu filho, e só. Não sinto raiva, ódio, depois que vi os vídeos, não. Só sinto uma dor muito forte no peito. Meu coração está sangrando pela perda da minha vida. Do amor da minha vida”, disse. Marta, avó de Miguel, completou: “Meu coração esta sangrando. E tudo que eu quero é só justiça. Só justiça mesmo.”
Miguel foi sepultado na tarde de quarta-feira, no cemitério de Bonança, localizado em Moreno, cidade da Região Metropolitana do Recife. No mesmo dia, a Polícia Civil autuou Sari em flagrante por homicídio culposo. Ela pagou a fiança de R$ 20 mil e foi liberada. Na internet, mais de 590 mil pessoas assinaram uma petição virtual que cobra justiça pela morte do menino.
Abaixo, confira a entrevista de Mirtes na íntegra: