Segundo dados do Conselho Nacional de Secretários de Saúde divulgados no início da noite, o país registra 1.032.913 casos da doença - nas últimas 24 horas, foram 54.771 registros.
O número de mortes chegou a 48.954, com 1.206 novos óbitos registrados em 24h.
A BBC News Brasil lista abaixo sete formas de examinar esse número, considerando, por exemplo, diferenças entre os tamanhos das populações dos países, o volume de testes que eles realizam, a subnotificação de casos no Brasil, a proporção de pessoas recuperadas e particularidades das capitais e das cidades do interior do país.
Velocidade
Quão rápido o Brasil e os EUA chegaram a 1 milhão de infectados?
EUA e Brasil foram os únicos dois países que superaram a marca de de 1 milhão de pessoas diagnosticadas com a doença até agora. Considerando o tamanho de suas populações e a fase da pandemia que não chegou ao pico, Rússia e Índia podem também atingir essa marca.
O Brasil levou 114 dias (26.fev-19-jun) desde o primeiro caso diagnosticado no país, e os EUA demoraram 98 dias (21.jan-29.abr).
Ambos bateram seus recordes de casos diários, até agora, pouco antes de atingirem a marca de 1 milhão. Os EUA, com 48,5 mil registros em 26 de abril. O Brasil, com 35 mil em 17 de junho.
Tamanho da população
E se compararmos o total de casos considerando o número de habitantes?
O país com mais casos registrados no mundo são os Estados Unidos, com 2,1 milhões de casos, seguido do Brasil (1 milhão), da Rússia (552 mil), da Índia (366 mil) e do Reino Unido (300 mil). Os dados são da Universidade Johns Hopkins, dos EUA.
A comparação de casos por país pode ser ajustada também ao tamanho de cada população.
Se considerarmos todos os países, o Brasil tem a 22ª maior taxa de infectados a cada 1 milhão de habitantes: 4.494. Se levarmos em conta os 50 países mais populosos do mundo, o Brasil aparece em terceiro, atrás de EUA e Espanha.
Concentração de casos
E se São Paulo, o Estado mais populoso, fosse um país?
Com 46,2 milhões de habitantes, o Estado de São Paulo tem praticamente a mesma população da Espanha, 30º país mais populoso do mundo.
O número de registros em São Paulo, o mais populoso do Brasil, é proporcional ao tamanho de sua população em relação à brasileira: cerca de 20% dos casos e dos habitantes do país.
Se fosse um país, São Paulo estaria entre os 15 com mais casos registrados e os 10 com mais mortes. Até o dia 18 de junho, eram 193 mil infectados e 12 mil mortos.
Subnotificação
Que diferença faz o número de testes realizados?
O Brasil não divulga um número consolidado da quantidade de testes realizados no país ao longo da pandemia. Mas levantamentos recentes da imprensa brasileira com secretarias estaduais da saúde apontam ao menos 2,3 milhões de exames.
A Universidade Oxford, no Reino Unido, adota uma medida para comparar o desempenho dos 62 países: quantos testes foram realizados para cada exame que deu positivo?
A medida indica se a estratégia inclui uma busca ativa por quem está com o vírus sem sintomas ou apenas quem chega doente às unidades de saúde, por exemplo.
Segundo especialistas, quanto mais pessoas são identificadas com a doença, mais fácil fica para evitar que elas infectem outras e projetar a quantidade de leitos hospitalares necessários em uma cidade, entre outros pontos.
Afinal, sem saber direito quantas pessoas estão contaminadas, como uma autoridade pode decidir com segurança se o comércio deve ficar de portas abertas ou fechadas?
Em vias de eliminar a circulação do coronavírus em seu território, a Nova Zelândia lidera a lista feita por Oxford, com 273 testes para cada diagnóstico positivo. O último da lista é a Bolívia, com 2,6 para 1.
O Brasil, que não consta na lista porque não divulga dados nacionais, estaria atrás da Bolívia, com razão de 2,3 testes realizados para 1 que deu positivo, de acordo com as informações disponibilizadas pelos governos estaduais.
Tamanho real do problema
O número de infectados de fato é muito maior do que 1 milhão?
Sem testes realizados em larga escala, é difícil precisar o número real de pessoas infectadas no Brasil. Há, no entanto, pesquisadores à frente de iniciativas que tentam descobrir a prevalência da doença.
A principal delas é liderada pela Universidade Federal de Pelotas com financiamento do Ministério da Saúde. O país foi dividido em 133 partes, e os pesquisadores entrevistam e examinam habitantes sorteados da cidade mais populosa de cada uma dessas 133 subregiões. Mais de 2,6 mil profissionais participam do levantamento.
Os dados mais recentes da pesquisa batizada de Epicovid19-BR apontam que para cada pessoa infectada pela covid-19 há outras seis que também contraíram o vírus e não foram examinadas.
Ou seja, havia 296 mil casos registrados oficialmente em 120 cidades estudadas, mas, na verdade, nesses lugares há 1,7 milhão de pessoas que têm ou já tiveram a covid-19.
Tendência
O Brasil atingiu a marca de 1 milhão de casos acelerando ou desacelerando?
Depende de qual parte do Brasil estamos falando. Segundo especialistas, há diversas epidemias de coronavírus acontecendo ao mesmo tempo num país com esse tamanho.
Primeiro, cada Estado tem sua própria realidade.
De acordo com análise da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) até 13 de junho, atualmente há 14 Estados com tendência de queda nas internações hospitalares 6 em processo de estabilização. Além disso, Distrito Federal e outros 6 Estados vivem tendências de alta.
Segundo, cada Estado tem realidades distintas em seu próprio território.
A pandemia de coronavírus começou forte em grandes centros urbanos, mais conectados entre si e com cidades do exterior, de onde importaram casos de covid-19.
Com o tempo, a doença se espalhou para municípios menores e agora a doença tem perdido força em capitais e avançado principalmente no interior do país, onde há menos leitos de unidade de terapia intensiva (UTI).
Recuperados
E a quantidade de pessoas que superaram a doença?
O governo Bolsonaro já chegou a omitir dados relacionados à pandemia no país, mas depois recuou. Atualmente, dá mais destaque ao número de pessoas que se recuperaram da doença do ao total de infectados ou mortos.
Para classificar alguém como recuperado, o Ministério da Saúde brasileiro adota os mesmos critérios da Organização Mundial da Saúde (OMS): pacientes graves que passam por exames até que o vírus deixe de aparecer ou pacientes leves que não apresentam mais sintomas depois de duas semanas.
Segundo a Fiocruz, mais de 300 mil pessoas foram internadas neste ano por causa de doenças respiratórias.
Em 18 de junho, o país registrava que 482 mil pessoas se recuperaram da doença no país, 448 mil estavam em acompanhamento e 48 mil morreram. Ou seja, uma taxa de letalidade de 5% e uma de recuperação de 95%.
Estima-se ao redor do mundo, com base em dados de lugares com alto volume de testes, que a doença mate entre 0,5 e 2 pessoas a cada 100 infectadas. A taxa de letalidade na Nova Zelândia é de 1,5% e na Islândia, 0,6%, por exemplo.