Das 318 vans e kombis irregulares que fazem o transporte alternativo de passageiros apreendidas entre 1º de julho e 10 de agosto, 128 eram piratas. O número corresponde a 40% do total ou duas a cada cinco. Os bairros de Campo Grande, Santa Cruz, Bangu e Ilha do Governador são os campeões no ranking de remoções de veículos irregulares. Os dados são da Coordenadoria Especial de Transporte Complementar (CETC), vinculada à Secretaria Municipal de Ordem Pública, baseados em operações realizadas no período.
Os veículos piratas são facilmente reconhecidos porque não utilizam a padronização da prefeitura (uma faixa na lataria, cuja cor varia de acordo com a região em que circulam). Porém, para despistar a fiscalização e, principalmente, confundir os usuários algumas são adesivadas de modo a parecer regular, segundo a própria prefeitura. A maioria circula apenas durante os horários de rush, no começo da manhã e fim da tarde, para aproveitar o grande fluxo de passageiros indo e voltando do trabalho.
Segundo a CETC desde janeiro a fiscalização já retirou 483 veículos das ruas. Todos faziam o transporte de passageiros sem autorização. Ainda de acordo com órgão, as operações são diárias e seguem um cronograma elaborado com informações do setor de inteligência, denúncias encaminhadas pelo 1746 e parceria com órgãos públicos de segurança, como as polícias Militar e Civil.
Apesar de a prefeitura informar que as operações são rotineiras, o presidente do Sindicato dos Proprietários de Vans, Marcelo Cerqueira, diz que a fiscalização é falha e que a pirataria no transporte alternativo atua livremente, sobretudo, na Zona Oeste do Rio. Cerqueira disse ainda que os veículos piratas são prejudiciais ao sistema de transporte como um todo e a ação destes motoristas atrapalha o trabalho dos colegas regularizados, além de colocar em risco os passageiros.
— O transporte pirata embola com quem é legal e o pior é que ninguém faz nada — reclama.
Há tempos a prefeitura vem tentando regularizar o transporte alternativo na região, sem sucesso. Uma resolução da Secretaria Municipal de Transporte públicada no Diário Oficial desta quinta-feira prorrogou por mais 90 dias o prazo para entrega do relatório final que está sendo elaborado por um grupo de trabalho responsável por fazer um novo planejamento das linhas de vans que circulam pela Zona Oeste, por itinerário, e que deveria ser entregue no último dia 8 de agosto. Participam do grupo, técnicos da secretaria, representantes dos motoristas de vans, das empresas de ônibus que atuam na região e da Comissão de Transportes da Câmara Municipal.
— O Grupo de Trabalho está se dedicando aos estudos para encontrarmos um resultado satisfatório para os operadores do STPL e para os usuários do transporte complementar, sem gerar concorrência predatória entre os ônibus e as vans — explica a secretária municipal de Transportes, Virgínia Salerno.
Já para o presidente do Sindicato dos Proprietários de Vans, a única forma de resolver o problema das vans na região é realizando uma licitação com definição de trajetos e a qualificação dos profissionais, através de aulas de direção defensiva e relações humanas. Quaquer outra medida, na sua opinião, é paliativa.
— Havia uma licitação em curso em 2016, que foi suspensa pela Justiça e nunca mais saiu do papel. Falta vontade política da prefeitura de realizá-la — critica Cerqueira.
Segundo a SMTR, atualmente, há 2.069 permissionários/vans autorizados a trabalhar na cidade, distribuídos da seguinte forma: AP 2, que compreende bairros da Zona Sul, como Cosme Velho, Laranjeiras, Leblon e Leme (66), AP 3, que engloba bairros da Zona Norte, como Cordovil, São Francisco Xavier (864), AP 4, abrange bairros da Zona Oeste como Jacarepaguá, Vargem Grande e Vargem Pequena e (391) e AP 5 que inclui bairros da Zona Oeste como Bangu, Realengo e Campo Grande (748).