segunda-feira, 1 de dezembro de 2025

EMPREENDEDORES MOSTRAM SUAS INDIGNAÇÕES EM AUDIÊNCIA PÚBLICA SOBRE O TEMA

 


Na terça feira 25 de novembro, no plenário Tiradentes da Câmara Municipal de Maricá, aconteceu a primeira audiência pública sobre empreendedorismo, presidida pela vereadora Cris Correa e que apesar de ser um tema de enorme importância do dia a dia do município, só contou com a presença da vereadora Kelly Bernardos.

Foram convidados para fazer parte da plenária a secretária de política da defesa dos direitos das mulheres - Ingrid Bastos, o representante da incubadora social ligada ao ICTIM (projeto Empreenda Maricá) - Oswaldo Baliano, a presidente do coletivo Colmeia - Thaisa Muniz, o presidente da Cooperativa Manada - Andrey Bentes e Elder Lugano, diretor de empreendedorismo e inovação do ICTIM.

Segundo a vereadora (que apesar de anunciar a presença, não chamou pessoas importantes no contexto municipal do empreendedorismo tais como o jornalista Pery Salgado - diretor de comunicação do Fórum Permanente de Cultura e do Conselho Comunitário de Segurança ambos de Maricá, o presidente do CDL Maricá - Paulo Santos e o vice-presidente do Polo Cervejeiro de Maricá - Sr. Cláudio), 'a audiência é para que seja criado um canal de escuta e construção coletiva de políticas públicas voltadas ao fortalecimento do empreendedorismos local'.

Já segundo a vereadora Kelly Bernardos, o espaço é a grande oportunidade de serem criadas políticas públicas que chegarão ao quatro cantos de Maricá e que vão de fato ajudar a população maricaense. Que ali sejam dadas oportunidades, opções e possibilidades para toda população, com  o alinhamento entre o executivo e legislativo municipal.

A seguir, Cris deu a palavra para a secretária de política da defesa dos direitos das mulheres Ingrid Bastos, que disse que o empreendedorismo em Maricá vai muito além do que a simples geração de renda e sim sobre autonomia, cidadania e transformação real da vida das pessoas, especialmente das mulheres de Maricá. 

Ingrid disse que ao ouvir muitas mulheres que chegam à secretaria em busca de ajuda, acolhimento, oportunidades, foi criado o projeto TRILHA DO RECOMEÇO desenvolvido em parceria com o Banco Mumbuca. Disse também da existência da parceria com o ICTIM com o curso de 'Educação Financeira e Informática Básica', e me 2026, uma série de cursos voltado ao crescimento pessoal e profissional das mulheres, ajudando no empreendedorismo, serão ministrados.

Aproveitou para convidar já para o dia 13 de junho de 2026, para a Feira da Mulher Empreendedora, onde todas poderão colocar em prática tudo o que aprenderam e mostrar seus trabalhos e realizações, movimentando a economia local. "Essa feira será a principal política pública de incentivo ao empreendedorismo feminino em 2026", informou Ingrid, destacando a importância da audiência, onde as propostas são ouvidas e transformadas em ações.

A seguir, fez uso da palavra o presidente da Cooperativa Manada. Andrey destacou a preocupação com a feira de agricultura familiar que não irá funcionar nos meses de dezembro e janeiro, dizendo ser totalmente contra produtivo, por serem estes os melhores meses para os feirantes, produtores rurais venderem aquilo que produzem e perguntou: "o que os produtores farão com suas produções? Por que não aproveitar as festas de natal, o período de carnaval e nas feiras e nos eventos, falar sobre a agricultura, sobre a produção local, sem esquecer que muitas pessoas dependem daquela feira periodicamente para conseguir a sua receita".

Oswaldo do 'Empreenda Maricá', apresentando números do ICTIM e IDR, disse que as mulheres são 98% de todos os cadastrados no 'Empreenda', que hoje ainda está restrito a Itaipuaçu. Disse que foram focados além das mulheres, os negros, lgbtqia+, pcds e jovens, onde os artesãos se destacam.

Thaisa Muniz, presidente da rede Colmeia, contou a sua história que se confunde com a história da criação da rede Colmeia, hoje importante, respeitada e extremamente forte dentro de Maricá.

Falou do apoio da Codemar (adormecido neste novo governo), falou da parceria com a AMAR (Alimentos Maricá), onde foram contratadas 80 cestas da 'Dona Benedita', grande exemplo de artesã e empreendedora de Maricá, onde várias mulheres no Colmeia estão ajudando a produzir as cestas feitas de taboa (planta nativa maricaense), informou sobre a parceria com a secretaria de turismo e com a secretaria das mulheres.

Falou do maior respeito e visibilidade das artesãs empreendedoras em feiras e eventos, dando melhores espaços e oportunidades e não apenas as colocando para 'ocupar espaços senão elas podem chiar!!!'. Solicitou que seja criada uma comissão destas empreendedoras para que sempre que houverem festas, eventos e feiras, elas possam opinar em benefício próprio, o que foi bastante aplaudido. Sugeriu também a criação de um cadastro dos fornecedores da produção local, para poderem estar presentes em todas essas festividades e eventos, vendendo para o poder público aquilo confeccionado por estes empreendedores.

Elder Lugano, diretor de empreendedorismo e inovação do ICTIM falou da criação de um aplicativo para cadastramento de fornecedores e empreendedores.

Abrindo a fala ao público na plenária, Dominique Cândido da GAMAM (Grupo de Amigos e Mães de Autistas de Maricá), pcd invisível (autista moderada), disse das dificuldades da pessoa com pcd empreender em Maricá. Dona de minhocário em Maricá, falou das dificuldades de participar de feiras, eventos sem que tenha um espaço destinado aos filhos (principalmente se forem também pcds) para que possam participar com segurança e da falta de oportunidades de cursos e incentivos reais ao empreendedor PCD.

A seguir, o ex-vereador e ex-secretário de Proteção Animal (governo Fabiano Horta, criador do Mumbucão) - Fabiano Novaes, falou sobre o enorme mundo do empreendedorismo em Maricá, mas falou que o empreendedor na verdade busca possibilidades de que o seu empreendimento cresça e vença, com apoio do poder público criando parcerias pública-privadas, sem que haja a interdependência exclusiva do executivo municipal. 

Disse que faltam nas escolas a educação financeira, a formação de empresários e que hoje, as pessoas são preparadas para servir os demais ou quando muito através de maior sucesso, ser um servidor público. Disse que o incentivo financeiro é de grande importância, mas a importância maior é a possiblidade da pessoa se QUALIFICAR, se preparar para EMPREENDER.

O próximo a falar foi o jornalista Pery Salgado (do jornal Barão de Inohan - única mídia presente à audiência, também diretor de comunicação do CCS Maricá e do Fórum Permanente de Cultura ambos de Maricá). Saudou a vereadora Cris e a presença da vereadora Kelly.

E começando sua fala, se dirigiu ao representante do 'Empreenda Maricá', e parabenizando a iniciativa em destacar os jovens, os negros, a comunidade lgbt, os pcds e principalmente as mulheres, disse que o 'Empreenda' pisou na bola ao esquecer dos idosos: "os jovens são nossa futuro, mas já são o nosso presente e os idosos já fizeram muito e ainda fazem", e contou quantos idosos empreendedores estavam presentes na audiência e viu que eram a maioria.

Lamentando a ausência de Matheus Gaúcho - secretário de economia solidária e empreendedorismo, cobrou (sem no momento obter a resposta), do por que TODAS as feiras de economia solidária terem terminado?!?

Disse que a feira de agricultura familiar de Itaipuaçu está na eminência de acabar por falta de incentivo. Eram 40 expositores e na última edição apenas 11 participaram.

Falou da promessa desde o governo de Fabiano Horta do POMAR (Polo de Modas de Maricá) e nada aconteceu, e no início do novo governo, foi prometido a criação do POMARTE, unindo o POMAR com os artesãos, criando um novo polo. As obras se arrastam e parecem que pararam ali, na avenida Roberto Silveira em frente a rua Ari Spindola.

E disse concluindo que é preciso o incentivo ao artesão, ao produtor artesanal, ao produtor rural, e um de grande espaço (e em Maricá espaço não falta) PERMANENTE onde com dignidade todos estes segmentos possam se expor, vender seus produtos, se apresentar ajudando inclusive no turismo local. Terminou conclamando todos ali presentes a se unirem e pediu das duas vereadoras que respeitem os artesãos, sendo bastante aplaudido.

Pedindo um aparte, Thaisa da Colmeia disse que entendia a indignação do jornalista e disse que dentro do Colmeia, já está sendo organizado o NÚCLEO DE ECONOMIA PRATEADA (em referência aos idosos), dizendo que é um grupo valiosíssimo (o núcleo 60+ é muito importante por toda experiência). Lembrou que como feira, a Colmeia ficou um ano sem nenhuma feira e reforçou também conclamando: "não abram mão do espaço de vocês, se organizem, pois a qualquer sinal de desorganização, o externo vem e puxa o nosso tapete", concluiu.

O jornalista aproveitou para sugerir que nas próximas audiências entidades como ACM (Associação Comercial de Maricá), CDL (Clube dos Dirigentes Lojistas), e outras entidades se façam representar com poder de fala para trazer sugestões de parcerias privadas com o poder público, pedindo (quase que em suplica), que deixem a iniciativa privada realizar eventos (como a Expo Maricá), com o apoio SIM, do poder público, onde todos serão beneficiados.

Renata Ferreira (artesã e costureira), disse que tem muita dificuldade de conseguir ajuda e pediu uma ajuda financeira para poder crescer. Disse também que já foi várias vezes na secretaria de transporte, postura e uso do solo para saber sobre os quiosques que há anos estão inúteis e fechados em vários locais do município.

A vereadora Cris disse que deu entrada na casa de leis no projeto de lei 3570/25 no dia 24 de junho que institui a lei geral de amparo ao empreendedor. Segundo a vereadora, essa lei traz apoio ao empreendedor para ajudar nestas linhas de crédito e disse que FALTA O PREFEITO COLOCAR O A LEI EM PRÁTICA e confirmou que a mesma já foi sancionada (N.R.: ou seja, a mesma foi levada à sanção do prefeito que ainda não colocou em prática - o que é extremamente lamentável) e que poderá 'estar cobrando' a execução da mesma!

Disse também que o Banco Mumbuca já atua neste serviço de obtenção de linhas de crédito e que o mesmo poderá ajudar os empreendedores a alavancar os seus negócios.

Sobre os quiosques, disse que irá lutar para que estes espaços sejam efetivamente usados, atendendo também a demanda de Wilsimar Jacintho.

A fala seguinte foi do presidente do CDL Maricá e do Convention Visitors Bureau - Paulo Santos, que disse que a iniciativa é de grande importância (citando a fala do jornalista Pery) mas que a iniciativa deve ser mais precisa, pois segundo ele, em diversas falas, Paulo sentiu uma confusão de pensamentos, dizendo que empreendedorismo não é sinônimo de MEI (micro empreendedor individual) e sim uma viagem, onde o empreendedor começa como MEI e deve sim um dia chegar a uma Viação Nossa Senhora do Amparo (citando como exemplo uma empresa referência em Maricá).

Com 40 anos de empreendedorismo (28 em Maricá), pediu que nas próximas audiências, em nome das duas instituições que representa, que fosse oficializado para que possa realmente estar representando com poder de fala e colaborar.

Citou o projeto FOMENTA Maricá, dizendo que o mesmo não funcionou como deveria mas que acredita que o prefeito 'Quaquá' fará o possível para implementá-lo novamente de forma correta.

A seguir, Gabriela Lima (há 4 meses na cidade), fez uso da palavra dizendo ser uma confusão como família atípica (com presença de pcds), entender como funciona o empreendedorismo em Maricá, dizendo que o que se vê no Instagram é uma coisa e na prática é outra.

Diz que em Maricá, você vai em um lugar e ouve 'uma coisa', vai em outro lugar 'ouve outra', e pediu que haja uma organização (apontando a ideia do aplicativo como ideal para pcds e idosos), dizendo também que as informações são dispersas e ela que também é jornalista, disse que esses fatos são vergonhosos e que a comunicação dentro do site da prefeitura É MUITO RUIM: "a gente não consegue se comunicar com ninguém" citando também a página dos vereadores onde não se encontra nenhum contato oficial, fato retrucado pela vereadora, dizendo que no perfil dela, existem todas essas informações. 

Gabriela falou que Maricá parece UMA PROPAGANDA ENGANOSA, pois "a gente vem de um lugar ou de outro e não encontra isso aqui, ...não vemos uma estrutura para a gente seguir... é necessário que isso seja inclusivo para todo mundo, ...pois eu me senti do lado de fora, como mulher, como empreendedora e por mais que eu tivesse muito conhecimento através do 'cozinha criativa', eu não consegui colocar nada em prática, pois tudo é muito complexo aqui e é preciso ser facilitado aqui".

Dizendo não ter entendido o que Gabriela falou, a vereadora Cris disse que o prefeito de Maricá 'integra' toda a cidade e que o prefeito é 'focado na economia das pessoas', fato que na verdade, 'TODOS GOSTARÍAMOS DE VER (N.R.)!!!'

Após novas pontuações de Gabriela, a vereadora parece ter se convencido que as coisas realmente não funcionam como deveriam na cidade e disse: "vamos ajustar pois a sua indignação deve ser de muitos aqui em Maricá!"

Roberta Righetti em sua fala, falou do aplicativo MUMBUCA SHOPPING que foi projetado e esquecido e mais uma vez a vereadora não foi bem na defesa dizendo que 'com a mudança do governo as ideias também mudam' (lembrando que há 16 anos o PT está no poder, ora com Washington Siqueira, ora com Fabiano Horta).

Roberta aproveitou para discordar de Paulo Santos do CDL, dizendo que muitas pessoas JÁ EMPREENDEM e depois viram MEI, ou seja, apenas depois tentam uma formalização.

Sobre os quiosques na cidade, sugeriu espalhar mais pelo município e lembrou que EXISTEM pessoas com mais de um quiosque, quando não tem também loja física.

Solicitou que sejam desenvolvidos cursos on line (o que a vereadora confirmou através das plataformas do SEBRAE) e lembrando a fala do jornalista Pery, reiterou a necessidade de um espaço FIXO para todos os empreendedores locais, para que possam trabalhar todos os dias.

Thaisa da rede Colmeia deixou claro que é necessário existir uma relação onde o poder público precise mais do empreendedor privado, do que este do poder público.

Faltando 15 minutos para o término, o secretário de economia solidária e empreendedorismo - Matheus Gaúcho adentrou ao plenário vindo segundo ele de outro compromisso e a vereadora pediu celeridade nas falas pois ainda teria que ao término, entregar duas moções (???).

Carla Braga que também faz parte da rede Colmeia, ressaltou a importância das parcerias e de fazer parte ou ter contato com as entidades afins de Maricá, como ACM e CDL.

A seguir, a vereadora Cris deu a palavra para Matheus Gaúcho anunciando o mesmo como secretário de economia solidária e o jornalista Pery lembrou que a pasta é também de EMPREENDEDORISMO SOCIAL (foco da audiência), mas a vereadora preocupada com o horário da entrega das moções, cortou o jornalista.

Matheus, usando do seu momento de fala, iniciou respondendo ao questionamento do jornalista sobre as feiras de economia solidária, onde informou que estão passando por uma grande reestruturação e é uma política da secretaria fortalecer as feiras e uni-las.

Sobre o cartão Mumbuca, o secretário informou que em breve haverá outro recadastramento (deixando claro que não é outro corte) e após este recadastramento, serão entregues os novos cartões físicos aos beneficiários.

Adriana Mourão, moradora e comerciante em Inoã, perguntou o que poderá ser feito pelo bairro, já que tudo passa pelo local mas nada fica.

Ângela Marins do NAC, contou sobre o início dos movimentos, da Feira Mix, que chegou ao NAC e a dificuldade de realizar feiras, dizendo que todos precisam estar unidos pelo objetivo comum.

A última a falar foi a presidente da AFEMARICÁ - Associação dos Feirante do município de Maricá - Cristina Baldisara, e destacou a questão do idoso, que precisa ser cada vez valorizado. Aproveitou para falar do que chamou de ELEFANTE BRANCO no centro de Maricá - o MERCADO DO PRODUTOR, parado desde a inauguração onde no local, os feirantes são impedidos de fazer uso até da enorme área externa.

Lamentou o fato da feira de agricultura familiar não acontecer no dia 06 de dezembro e perguntou, que BRASILIDADE É ESSA (?), que deixa tantas famílias desamparadas, sem poder auferir recursos para seu sustento, com a paralisação absurda das feiras por dois meses.

Cristina disse que há três anos tenta implementar na casa de leis, um projeto sobre as feiras livres, dizendo que Maricá, é a única cidade do estado do Rio que tem tal lei e incentivo aos feirantes, e citou a fala do jornalista Pery sobre um espaço fixo para os feirantes, dizendo também que este espaço fixo é também uma oportunidade de turismo fixo.

Cortando a fala, a vereadora agradeceu a participação de todos e fez a entrega de duas moções, uma delas a senhora Bené (Benedita Rosa - 74) das cestas de taboa, grande empreendedora, artesão, referência na cidade, onde em momento nenhum teve poder da fala para contar um pouco da sua história para servir de exemplo e motivação para outras pessoas, principalmente mulheres.

Um dos fatos que nos chamou atenção, é que a intérprete de libras só esteve presente durante a fala dos convidados e durante a fala do público, sumiu! 

No frigir dos ovos, a primeira audiência foi de grande importância, e as ideias e solicitações não fiquem só no papel.

Saudações à iniciativa da vereadora, aguardando uma outra para breve.