sexta-feira, 25 de abril de 2025

Entenderam porque o governo Lula deu nova vida aos sindicatos? Os responsáveis pelo escândalo do INSS

 Aliados de Lula tentam empurrar o caso para o governo Jair Bolsonaro, mas os indícios revelados até agora pela CGU apontam para outra direção


A Operação Sem Desconto, que investiga descontos não autorizados em pensões do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), abriu um novo flanco de disputa em Brasília: quem é o responsável pela crise que afetou 90% dos aposentados brasileiros?

O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, deixou claro, desde o primeiro momento, que o governo Lula pretendia tratar a questão como uma vitória, ao dizer que "o papel da Polícia Federal é um papel de polícia de Estado, absolutamente republicana e [que] investiga o que for necessário, doa a quem doer, inclusive cortando na própria carne se for preciso".

Apesar da relutância do ministro da Previdência Social, Carlos Lupi (à esquerda na foto), o governo demitiu Alessandro Stefanutto (à direita na foto) do comando do INSS, para não demonstrar leniência com suspeitas de corrupção, e os governistas têm tentado empurrar a responsabilidade pelos desvios de dinheiro dos aposentados para o governo Jair Bolsonaro.

NÃO CAIA EM FAKE NEWS

"NÃO CAIA EM FAKE NEWS. O esquema de corrupção no INSS começa em 2019 no governo de Jair Bolsonaro. Em 2023, já no governo do presidente Lula, a CGU pediu para a PF investigar em sigilo. Hoje foi deflagrada a operação “Sem Desconto”, para desbaratar quem 'tava' roubando aposentados e pensionistas. COMPARTILHE A VERDADE!", publicou o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), em seu perfil no X, junto com trecho de discurso em que falou sobre o assunto.

Para envolver Bolsonaro na história, os governistas se apoiam na forma como a Operação Sem Destino foi noticiada inicialmente. "Até o momento, as entidades cobraram de aposentados e pensionistas o valor estimado de R$ 6,3 bilhões, no período entre 2019 e 2024", dizia a primeira nota da CGU - Controladoria Geral da União sobre o assunto.

Um site da EBC - Empresa Brasileira de Comunicação (do governo federal) chegou a destacar isso em título, afirmando o seguinte: "CGU e PF combatem esquema iniciado em 2019 que fazia descontos indevidos em benefícios do INSS".

Esse título foi usado em vídeo do deputado federal André Janones (Avante-MG) para acusar "a quadrilha montada por Jair Bolsonaro dentro do INSS".

Ao detalhar o caso, contudo, Vinícius Marques de Carvalho, ministro da CGU, disse que os descontos vinham sendo feitos desde 2016. E mais: a quantidade de dinheiro descontada sem autorização dos pensionistas aumentou consideravelmente a partir de 2023, quando começou o governo Lula.

OS DESCONTOS E A VOLTA DA CONTRIBUIÇÃO SINDICAL NO GOVERNO LULA

As investigações apuraram descontos somados de 413 milhões de reais em 2016 e 460 milhões de reais em 2017.

Foram descontados 617 milhões de reais em 2018, 604 milhões de reais em 2019, 510 milhões de reais em 2020, 536 milhões de reais em 2021 e 706 milhões de reais em 2022.

A partir de 2023, o valor total descontado saltou para 1,3 bilhão de reais, e, em 2024, para 2,8 bilhões de reais, lembrando que no governo Bolsonaro, os sindicatos perderam a obrigatoriedade dos trabalhadores fazerem 'doação compulsória' de um dia de trabalho por ano, para os sindicatos. Já no governo Lula, um dos primeiros atos, foi trazer de volta essas contribuições, dando sobrevida e gás para essas entidades que nada ajudam seus sindicalizados.

A investigação sugere que cerca de 90% dos descontos estavam sendo feitos sem anuência dos pensionistas.

PIOR PARA LULA

Pior ainda para o governo Lula: o Estadão informou que "o número de descontos não autorizados mais do que quintuplicou de 2022 para 2023, após o aumento de associações que firmaram acordos com o INSS para cobrar a mensalidade".

Os descontos foram de 420.837, em 2022, para 1.453.694, em 2023. Ou seja, não foi apenas o valor total de descontos que aumentou após o início do governo Lula, mas a quantidade de descontos feitos, como consequência de um florescimento no número de entidades associadas ao INSS.

Isso tudo ajuda a entender por que os governistas estão tão preocupados em empurrar o escândalo para o colo de outro presidente. E indica também que eles dificilmente conseguirão fazer isso.

baseado em matéria da Revista Crusoé