segunda-feira, 21 de abril de 2025

Qual foi o legado deixado por Tiradentes? Conheça seu legado! (vídeo)

Tiradentes foi esquartejado em 21 de abril de 1792, pelo seu envolvimento na Inconfidência Mineira


Joaquim José da Silva Xavier, mais conhecido como Tiradentes, considerado por muitos como um dos principais heróis da luta pela independência do Brasil, tem sua vida e morte celebradas em 21 de abril em todo território nacional.

Uma história permeada por complexidades e que vai além das narrativas heroicas, Tiradentes foi esquartejado em 21 de abril de 1792, pelo seu envolvimento na Inconfidência Mineira e por ser um símbolo de resistência e coragem contra a opressão colonial.

Quem foi Tiradentes?

De acordo com o escritor e pesquisador Paulo Rezzutti, Tiradentes nasceu em Ritápolis, no interior de Minas Gerais. Segundo o historiador, o inconfidente veio de uma família com posses, porém, perdeu os pais muito cedo e ficou órfão.

O Joaquim José da Silva Xavier tinha nascido no Brasil em 12 de novembro de 1746, e ele não nasceu pobre. Ele nasceu numa família com posses, mas a mãe morreu cedo, o pai morreu cedo, e os irmãos perderam todas as propriedades por dívidas“, afirma.

Segundo Rezzutti, Joaquim José acabou sendo tutelado por um padrinho e pelo seu tio, que era cirurgião dentista. Foi nesse convívio, que ele conseguiu aprender sobre a extração de dentes e como produzi-los, mas sem ainda alcançar nenhuma estabilidade financeira.

Nenhuma dessas atividades lhe deram muita estabilidade. Até que ele entrou para o exército, como alferes, na legião de dragões de Vila Rica, no meio de todos os implicados na conjuração mineira, o Tiradentes era o menos instruído de todos, e o mais exaltado. Ele falava abertamente a respeito das suas ideias, das ideias dos conjurados em qualquer lugar, em praças, qualquer reunião.”

Muitos conspiradores da Inconfidência Mineira eram homens ricos e cultos como Cláudio Manoel da Costa e Tomás Antônio Gonzaga. O cargo de Tiradentes à época, era de simples alferes, similar ao de tenente no Exército. Sua missão na Inconfidência era sair às ruas e conquistar a adesão da população ao movimento. Por ter exercido o ofício de dentista, ele ficou conhecido pelo apelido.

Inconfidência Mineira

A intenção principal da conspiração era retirar o poder local do governador em Minas Gerais, Visconde de Barbacena, que na época, era nomeado pela Coroa Portuguesa. Tal conduta foi considerada uma afronta à autoridade do Império de Portugal. E de todos os conspiradores, Tiradentes, foi o mais radical, diz Rezzutti.

A ideia deles era separar a capitania de Minas Gerais do restante do Brasil. Eles não tinham uma posição totalmente formada se esse novo estado, por exemplo, seria uma monarquia como pregava o Cônego Vieira, ou se deveria ser uma república como defendia o José Alvares Maciel. Eles acreditavam que isso iria chamar a atenção dos Estados Unidos e gerar apoio para esse novo país que eles estavam imaginando“, relata.

Tiradentes chegou a planejar a morte de Barbacena e uma programação da revolta contra o governo estava prevista para acontecer em 1789. Mas um dos conspiradores, Joaquim Silvério dos Reis, tentando se livrar de dívidas, delatou ao governador toda a trama, informando o nome de líderes da insurreição.

Sendo o único a confessar o crime e assumir a culpa, Tiradentes passou por um processo judicial que durou cerca de quatro anos, recebendo a pena mais dura de todas: condenado à morte na forca. Nos autos do processo, os alferes e demais membros da conspiração, ficaram conhecidos como “devassa“, peça jurídica com detalhamento dos crimes de traição.

Levado para o complexo militar que ficava onde antigamente se chamava a ponta do calabouço, um resquício desse local, que é o antigo forte que existia lá, onde hoje fica o Museu Histórico Nacional, bem próximo ao aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, é nesse local que o seu corpo foi desmembrado. A sua cabeça foi enviada para Vila Rica, atual Ouro Preto, para ficar exposta num poste enquanto o restante dos seus membros foram espalhados ao longo da estrada real que ligava os caminhos do Ouro até o Rio de Janeiro.”


Paulo Rezzutti, escritor e pesquisador