quinta-feira, 7 de junho de 2018

Parabéns, Maricá, pelos seus 204 anos de çemianaufabetismo - por Adilson Pereira

ANIVERSÁRIO DE MARICÁ

No dia 26 de maio, Maricá comemorou 204 anos de existência.
Como em todos os anos anteriores, o desfile político teve mais atenção que o desfile cívico.
Pela primeira vez em sua existência, a cidade comemora um aniversário com os cofres abarrotados de dinheiro. Maricá, sem sombra de dúvida, é uma cidade milionária.
O secretário de desenvolvimento, Igor Sardinha, deu algumas entrevistas falando sobre o "amplo" processo de capacitação educacional para a indústria naval. Ao que parece, Sardinha, um contratado de terras distantes, não conhece a realidade do município. Talvez pense que Pindobas seja apenas plural de Pindobal.
Durante o último censo, foi constatado que, entre 111.228 moradores acima de 10 anos de idade, 88.589 maricaenses NÃO FREQUENTAVAM a escola, e 44.874 maricaenses estavam na categoria dos SEM INSTRUÇÃO E/OU FUNDAMENTAL INCOMPLETO.
Com números tão alarmantes, em 2015, o então secretário adjunto de educação, William Campos, convocou a sociedade e elaborou a 1* Conferência Municipal de Educação, contando com 220 delegados e 60 observadores, reunindo representantes dos mais variados segmentos da sociedade acadêmica: secretários municipais, diretores, professores, inspetores, sindicato (SINEDUC), pais e alunos. A iniciativa tinha como objetivo discutir e aprovar o Plano Municipal de Educação (PME), que deveria conter o Plano de Cargos, Carreira e Remuneração (PCCR) dos profissionais do setor, regulamentaria as atividades do setor e seria apresentado oficialmente como projeto para, posteriormente, ser votado como lei na Câmara Municipal.
Passados 8 anos do fatídico censo (2010), nada mudou. Há dois governos (Quaquá/Horta) que o projeto está engavetado, mas o secretário forasteiro festeja a inauguração do Instituto Federal Fluminense numa cidade em que 40,34% de sua população em idade escolar mal sabe ler e escrever.
Por que tanto descaso com os profissionais da educação e com a educação de base? Paulo Freire, o educador dos educadores, talvez tenha a resposta: "Seria uma atitude muito ingênua esperar que as classes dominantes desenvolvessem uma forma de educação que permitisse às classes dominadas perceberem as injustiças sociais de forma crítica".
Parabéns, Maricá, pelos seus 204 anos de çemianaufabetismo.