Dilma recebe Lula no Alvorada para tratar de nomeação para ministério
Como articulador político, Lula poderia barrar impeachment, aposta Planalto.
Nos últimos dias, pressão para que Dilma nomeie ex-presidente aumentou.
A presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva iniciaram, por volta das 18h55 desta terça-feira (15) no Palácio da Alvorada, uma reunião para discutir a possível nomeação de Lula para um ministério. Também participaram do encontro os ministros Ricardo Barzoini (Secretaria de Governo) e Jaques Wagner (Casa Civil).
A tese vem sendo defendida desde as últimas semanas por Dilma, auxiliares dela, como Jaques, Berzoini e Edinho Silva (Comunicação Social), além de parlamentares, como o líder do governo na Câmara dos Deputados, José Guimarães (PT-CE).
Na semana passada, os dois se encontraram em Brasília para avaliar a conjuntura política e discutir o assunto. Segundo o G1 apurou, tanto Jaques Wagner quanto Ricardo Berzoini ofereceram a Lula seus postos no Palácio do Planalto. Na ocasião, Lula recusou a oferta.
A possível indicação de Lula para um ministério ocorre em meio a investigações conduzidas pela Justiça Federal do Paraná e pelo Ministério Público de São Paulo para apurar se o ex-presidente recebeu vantagens indevidas oriundas do esquema de corrupção da Petrobras.
Ele também é investigado por supostamente ter omitido às autoridades ser o dono de um apartamento triplex em Guarujá (SP) e de um sítio em Atibaia (SP), o que a defesa dele nega.
Em razão das suspeitas, o MP-SP pediu a prisão preventiva de Lula. Nesta segunda (14), a juíza Maria Priscila Oliveira remeteu o pedido ao juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos da Lava Jato em primeira instância.
Se for confirmada a nomeação de Lula como ministro, ele passaria a ter o chamado foro privilegiado, e as investigações seriam remetidas ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Nesta segunda, questionado sobre a possibilidade de Lula virar ministro e a presidente Dilma ser acusada de tentar “obstruir a Justiça”, o chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, rebateu a tese.
“Me digam qual é a obstrução, pelo amor de Deus! O Supremo não é Justiça? O mensalão não foi julgado pelo Supremo? Tudo o que ele [Lula] não quer é isso, essa tese [de que Dilma obstruiria a Justiça]. Ele prefere continuar com o currículo dele como sempre teve”, disse.
Wagner declarou também que tem gente “babando sangue” querendo provar que Lula cometeu crimes. “E ele virou o troféu para ver quem pega primeiro”, acrescentou.
Intermediários
Embora Lula só tenha chegado a Brasília nesta terça, intermediários dele e de Dilma se falaram nesta segunda.
Jaques Wagner, por exemplo, tratou do assunto com o presidente do PT, Rui Falcão, enquanto o ministro Edinho Silva abordou o tema com o ex-ministro Gilberto Carvalho, que também atuou durante oito anos como chefe de gabinete de Lula no Planalto.