terça-feira, 25 de outubro de 2022

Jornalista Susana Naspolini, aos 49 anos, morre vítima de câncer

 
Vítima de mais um câncer (o quinto em sua vida, sendo dois nas mamas), a jornalista Susana Naspolini morreu na terça-feira (25) em São Paulo. Uma das mais populares repórteres da TV Globo no Rio, Susana deixou sua marca por anos no quadro de jornalismo comunitário RJ Móvel, do RJ1, onde pelo seu jeito alegre e brincalhão, era sempre muito bem recebida pelas comunidades visitadas e cobrava como ninguém os resultados das autoridades, além de estar sempre com o seu calendário para cobrar posteriormente se o serviço prometido havia sido feito.

Susana travou e venceu, ao longo de seus 49 anos, algumas lutas contra o câncer – sempre com muita fé e alto astral. Mas um tumor identificado pelos médicos, na bacia, se espalhou por outros órgãos e ela, após muita batalha, não resistiu.


TRABALHO NA GLOBO

Naspolini trabalhava no Grupo Globo desde 2002, onde ganhou muita popularidade no Grande Rio devido à forma divertida de interagir com os moradores e cobrar as autoridades por soluções para os problemas comunitários.

Com seu calendário de papel, implantou nas reportagens e conseguiu tornar popular um quadro de serviço, na maior parte das vezes de questões locais em áreas abandonadas pelo poder público. Muitas das vezes, a repórter cobrava de representantes dos órgãos públicos uma data para a conclusão das melhorias tendo na maioria das vezes, resultados positivos em prol da população.

Fazia questão em anotar o dia e voltava com sua equipe para verificar se os problemas haviam sido resolvidos como prometido. Em caso negativo, regressava algumas semanas depois novamente, até que tudo fosse solucionado.

Susana Naspolini se envolvia com os entrevistados e com as pautas. Para mostrar uma ciclovia esburacada, por exemplo, andava de bicicleta – ou até de velocípede – pelo local.

Tomava café e comia bolo com os moradores. Vestia sua bota para entrar em um córrego que precisava de dragagem. Dirigia carro por uma via cheia de lama. Subia em árvore, entrava no matagal.

“É o meu jeito de trabalhar, podem, ou não, gostar. Sou muito feliz fazendo, me sinto em casa. No outro dia, minha filha falou: ‘Mãe, sua blusa estava toda suada’. Respondi: ‘Filha, estava gravando em Bangu, meio-dia, não vai ter suor?’. Tem suor, tem o cafezinho; se eu tiver andando e tropeçar, vai entrar o tropeço; se eu sentar na calçada pra falar com alguém, o cinegrafista vai mostrar; ah, esse ângulo tem mais sol do que o outro? Não tem problema, é ali que a gente está”, disse em uma entrevista para o Memória Globo.


LUTA CONTRA A DOENÇA

Moradora do Rio, a repórter da TV Globo passou os últimos dias internada em um hospital particular de São Paulo, onde os médicos tentaram reverter a evolução de seu quadro de saúde.

Na sexta-feira (21/10),  Julia Naspolini (foto abaixo), filha única de Susana, usou as redes sociais da mãe para pedir que amigos, parentes e fãs da jornalista rezassem por sua recuperação. Segundo Julia, o estado de saúde de Susana era “gravíssimo” e os médicos já “não sabiam o que fazer”.



Susana lutava, desde março desse ano, contra o quinto câncer. Na época, ela anunciou que a doença não estava regredindo com o tratamento via oral, e que precisaria fazer uma quimioterapia venosa. De acordo com Julia, desde então, o câncer evoluiu e se espalhou por outros órgãos do corpo, principalmente pelo fígado.

A primeira vez que Naspolini lutou contra o câncer em 1991, quando a jornalista conseguiu se recuperar de um linfoma, aos 18 anos. O tratamento durou cerca de um ano.

No início de 2010, os médicos encontraram um nódulo maligno na mama direita. No final do mesmo ano, outro tumor, dessa vez na tireoide. Nos dois casos, a descoberta precoce da doença foi determinante para que as duas vitórias fossem possíveis.

Já em 2016, Naspolini enfrentou mais uma vez outro câncer de mama. Por fim, o câncer na bacia que a levou à morte.

Ela deixa uma filha e o marido Mauricio Torres também jornalista. Na edição do Jornal Nacional da terça 25, Renata Vasconcelos chorou a morte da amiga. O clima de consternação é enorme na Rede Globo.

Ela deixa um legado, uma marca única no jornalismo de rua da Globo e das demais mídias. Ela fez e continuará fazendo escola. Descanse em paz GUERREIRA!

baseado em matéria do jornal A TRIBUNA