domingo, 30 de junho de 2019

EX NAMORADA É A MAIOR SUSPEITA DA MORTE DE RAISSA

Adolescente que teve morte filmada vivia relacionamento abusivo


Oito minutos e 34 segundos da tortura que provocou sua morte registrados por uma de suas assassinas em vídeo divulgado nas redes sociais. O crime contra uma adolescente de 14 anos, cometido por outras duas jovens de 15 no Pontal de Maria Farinha, Paulista, Região Metropolitana do Recife, em Pernambuco, na manhã dessa terça-feira (25), causou indignação. Mesmo pedindo que as agressoras parassem e conversassem com ela, a vítima não conseguiu escapar dos socos, puxões de cabelo, tentativas de afogamento e golpes de faca.


Vestindo o uniforme de uma escola pública do Recife, ela foi encontrada morta na beira-mar, perto de uma edificação abandonada. As duas suspeitas, que estariam sob efeito de drogas, resistiram à apreensão na praia, agredindo policiais. “Até nós, policiais, ficamos surpresos com tamanha agressividade, falta de amor ao próximo e perversidade com que o crime foi cometido. Elas apresentaram resistência desde o momento da apreensão”, relatou o tenente-coronel Ramalho, comandante do 17º Batalhão da Polícia Militar, responsável pela captura.


Por volta das 14h40, as duas adolescentes chegaram à Delegacia de Polícia da 34ª Circunscrição, em Maria Farinha, onde foram autuadas em flagrante por ato infracional equiparado a homicídio. Na unidade policial, o delegado Álvaro Muniz tentou ouvi-las, mas só conseguiu de maneira informal, já que ambas permaneceram agressivas durante o tempo em que estiveram no local. “Desde o momento em que foram apreendidas, se mostram extremamente agressivas e com sinais de que ingeriram entorpecentes. Iniciamos o depoimento, mas de uma hora para outra, começaram a gritar, surtar, inclusive agredindo policiais civis. Diante do contexto, fica inviável colhermos a versão para esse trágico crime”, explicou à TV Jornal.

Possíveis motivações

Segundo o delegado, com base no que conseguiu escutar inicialmente, o assassinato teria sido motivado por uma possível traição. “As informações que elas nos dão são de que a vítima teve um relacionamento com uma delas por cerca de dois anos, separaram, e agora a vítima pediu para se encontrar. A outra descobre e vai atrás, presencia o encontro e começam aí as agressões físicas. A traída vai ao local e a outra deixa que as agressões aconteçam até um determinado instante em que participa também”, disse.


Pouco antes das 21h, as duas, que já haviam passado pela Fundação de Atendimento Socioeducativo (Funase), foram levadas para a Unidade de Atendimento Inicial (Uniai) do órgão, na Boa Vista, Centro do Recife
No Instituto de Medicina Legal (IML), em Santo Amaro, área central da cidade, a mãe da vítima, 36, afirmou que o crime ocorreu porque uma das agressoras estava inconformada com o fim do relacionamento. “O que ela fez foi uma maldade, cruel e ainda botou nas redes sociais. Isso não existe, isso a gente não faz nem com bicho, imagina com um ser humano”, disse.

A versão é a mesma apontada pelo namorado da menina, um jovem de 17 anos. “Ela não aceitou o fim do relacionamento, não queria ver minha namorada feliz e fez essa barbaridade”, afirmou.

Além do assassinato de Raíssa Sotero Rezende, 14 anos, a polícia de Pernambuco também está investigando quem divulgou e espalhou o vídeo que mostra o momento em que o crime é cometido.

A jovem foi torturada durante duas horas por outras duas adolescentes, de 15 anos, na praia de Maria Farinha, bairro de Paulista, na Grande Recife, e acabou morrendo.

As imagens que mostram a garota torturada e afogada se disseminaram pelas redes sociais pouco depois do assassinato, ocorrido na terça-feira (25). As informações são do Sistema Opinião.

Segundo as investigações, Raíssa foi morta por sua ex namorada, que não aceitava o término do relacionamento. A suspeita foi apreendida junto com outra adolescente que também teria participado da ação.

O compartilhamento de conteúdos mostrando pessoas mortas é considerado crime pela lei brasileira. O responsável pela publicação das imagens pode ser enquadrado no artigo 212 do Código Penal, que prevê o crime de vilipêndio de cadáver e estabelece pena de uma a três anos de prisão e multa. 

Entretanto, até este momento a polícia tem poucas informações sobre em que celular o vídeo foi gravado e quem estaria de posse do aparelho.

Mãe prestou depoimento

A jovem Raissa e sua mãe emocionada com a perda brutal da filha
Na sexta-feira (28), a mãe e um rapaz identificado como namorado de Raíssa prestaram depoimento.

Embora a autoria já esteja esclarecida, ainda há alguns pontos que precisam ser buscados no inquérito, como a eventual participação de outras pessoas que podem ter ajudado a levar a adolescente ao local onde ela foi morta, além de uma possível premeditação do assassinato.

Como há informações desencontradas dando conta de que Raíssa teria entrado em um carro nas proximidades da escola onde estudava e também relatos de testemunhas afirmando que ela teria sido vista em um ônibus em companhia de uma das suspeitas, o delegado requisitou imagens das câmeras de segurança da empresa de transporte que faz a linha em que elas teriam embarcado.

A companhia, porém, avisou que as imagens só ficam guardadas no sistema por 24 horas, e depois são automaticamente deletadas.

Muito abalada, a mãe da adolescente precisou ser amparada pelos policiais para conseguir entrar nas dependências da delegacia. Em entrevistas logo depois do sepultamento da filha, ela contou que Raíssa manteve, por cerca de um ano e meio, um relacionamento com uma das suspeitas.