segunda-feira, 27 de maio de 2019

DELEGADA DA DH DIZ QUE ROBSON GIORNO FOI MORTO NUMA EMBOSCADA. ENTERRO FOI FEITO EM LOCAL NÃO INFORMADO!


O empresário Robson Ferreira Giorno, de 45 anos, foi atraído para fora de casa antes de ser assassinado com três tiros, de acordo com a delegada Bárbara Lomba, titular da Delegacia de Homicídios de Niterói São Gonçalo e Itaboraí (DHNSGI). O crime aconteceu na noite de sábado, em Maricá, na Região Metropolitana do Rio. Ainda de acordo com a polícia, a vítima havia adquirido um carro blindado recentemente, mas a execução foi planejada de forma que ele estivesse fora do veículo no momento do crime. Giorno era dono do jornal O Maricá e pré-candidato à prefeitura do município pelo partido Avante.

— A vítima saiu de casa por volta das 22 h, para realizar uma atividade específica. Entendemos que ele foi levado para fora, acreditamos que ele foi induzido. Havia acabado de sair de casa, quando passou um carro e o executou. Estavam esperando que ele viesse. O crime foi planejado, foi uma execução, uma emboscada — diz a delegada.


No domingo, toda a equipe da delegacia de homicídios foi mobilizada para buscar informações sobre o crime. Foram coletadas imagens de câmeras de segurança que registraram o crime e relatos de testemunhas. Pelas imagens, é possível ver que os tiros foram desferidos por um homem encapuzado que estava dentro de um carro de cor prata. A esposa do empresário, Simone Giorno, está em estado de choque e será ouvida ao longo da semana. De acordo com a delegada, ainda não é possível fechar hipóteses sobre a motivação do crime.


— Vamos buscar a possível motivação, que pessoas ele estava criticando, se havia divergências. Temos que reconstruir os passos inclusive das vítimas, não podemos fechar em nenhuma hipótese, mas podemos dizer que o crime tem relação com as atividades da vítima — afirma Barbara Lomba.

'Crítico mordaz'



O crime ocorreu no número 500 da Avenida Prefeito Ivan Mundin, via que corta os bairros Eldorado e Araçatiba. Próximo ao local da execução, diversas lojas amanheceram fechadas nessa segunda-feira. Moradores do entorno dizem que o clima ainda é de medo.

— Mesmo sendo uma coisa direcionada, quando acontece uma coisa assim todo mundo fica com medo, né? — comentou um morador.

Conhecido em toda a cidade de Maricá, onde mora há cerca de 15 anos, Giorno era uma personalidade polêmica. Dono do jornal O Maricá, ele usava o veículo para disparar críticas "contra tudo e contra todos", diz um advogado local, que prefere não ser identificado. Giorno tinha desavenças com políticos de diversos partidos. Em 2015, Giorno registrou uma queixa na 82ª DP (Maricá) acusando o ex-prefeito de Maricá, Washington Quaquá, de ameaçá-lo com mensagens de texto. Na época, Quaquá classificou como "mentirosa" a denúncia e prometeu entrar na Justiça contra Giorno.

Giorno foi presidente do PSL em Maricá durante cinco anos e chegou a ser apresentado como pré-candidato à prefeitura em 2015, mas retirou a candidatura antes das eleições de 2016. Em uma reportagem publicada há duas semanas, o Jornal O Maricá critica a atuação do deputado Filippe Poubel, atual pré-candidato à prefeitura de Maricá pelo PSL, para o pleito de 2020. O jornal ressalta que Giorno possui mais de 50 denúncias no Ministério Público, Polícia Federal, Polícia Civil e TRE contra o governo de Maricá.

— Era um crítico mordaz. Na verdade, ele disparava críticas contra todo mundo. Desde a política até briga de trânsito. Ele fazia os vídeos e publicava no facebook do jornal. Por isso muita gente não gostava dele — conta o empresário Fabio Seixas, de 32 anos, morador de Maricá.

Em 2016, Giorno ficou ferido após se envolver em uma confusão em um condomínio "Minha Casa, Minha Vida". O empresário se feriu na cabeça após entrar em confronto com um morador e, ao prestar depoimento na delegacia, afirmou que uma milícia estava se instalando no local.


A mulher de Giorno, Simone, também se aventurou a entrar para a politica. Ela foi candidata a vereadora em 2016, pelo PSL, e obteve 179 votos, correspondente a 0,24% do total, não conseguindo ser eleita para a Câmara.

Nas redes sociais, Giorno afirma que ficou órfão de pai aos cinco anos, quando teve que deixar o bairro de São Cristóvão e morar em Alcântara, São Gonçalo. Segundo a descrição, o empresário começou sua vida profissional aos 12 anos, trabalhando em uma padaria. Aos 14 anos, arrumou seu primeiro emprego de carteira assinada em uma ótica. Aos 18, Giorno começou a alugar bicicletas na Quinta da Boa Vista, Zona Norte do Rio. A ideia foi comprada por um empresário e, a partir de então, Giorno abriu lojas e construiu imóveis.

No fim da noite de sábado, parentes de Giorno estiveram na DHNSGI, mas não quiseram falar com a imprensa. Nesta segunda-feira, a família não foi encontrada. O corpo do empresário permaneceu no IML de Barreto, em Niterói, até a manhã desta segunda-feira. O sepultamento do corpo aconteceu na tarde desta segunda-feira, numa cerimônia fechada à família, no cemitério do Caju, no Rio de Janeiro.

Pedro Zuazo - Jornal EXTRA