segunda-feira, 11 de novembro de 2013

COLA NA VOTAÇÃO DO PT EM MARICÁ

Eleições do PT: em Maricá, reduto do prefeito Quaquá, colas dentro dos locais de votação


A disputa pela presidência estadual do partido deve ser apertada e pode acabar em segundo turno

RIO - Reduto eleitoral do prefeito de Maricá, Washington Quaquá, que disputa a presidência estadual do PT com a deputada federal Benedita da Silva e o presidente do PT fluminense, Jorge Florêncio, o diretório municipal na cidade está tomado por militantes e cabos eleitorais do prefeito neste domingo, à espera de eleitores para a votação no PED (Processo de Eleições Diretas) do PT, que vai decidir hoje o nome do novo presidente nacional do partido — Rui Falcão é favorito e deve ser reeleito — e dos dirigentes estaduais e municipais.
De acordo com o Estatuto do PED 2013, é proibida a boca de urna paga. Funcionários da prefeitura uniformizados e militantes petistas ajudavam na orientação do voto e no transporte de filiados em carros com cartazes onde se lia “PED transporte solidário”. Na porta e dentro dos postos de votação, militantes entregam “colas”, com os nomes do presidente nacional do PT, Rui Falcão, do prefeito Quaquá e de sua mulher, candidata à presidência municipal do partido em Maricá, Rosângela Zeidan, já destacados em amarelo.
— Tem cola nas urnas. Estão distribuindo lá dentro. É um absurdo. A gente ainda está no voto do cabresto — disse uma militante, que não quis se identificar.
Às 11h30 deste domingo, o prefeito chegou para votar no diretório municipal de Maricá, no centro da cidade. Acompanhado da esposa, Quaquá cumprimentou os presentes e disse acreditar na vitória ainda no primeiro turno:
— A expectativa é grande, vamos ganhar no primeiro turno. O movimento está bom, acho muito difícil não ganhar (no primeiro turno). Recebi uma ligação do Rui Falcão e disse que a tendência era essa. Não tenho apoio de nenhum deputado federal do partido, é com a militância que vamos ganhar. O PT foi dominado na última década por burocratas, mas há uma vontade da militância por mudança — explicou o prefeito.
“A senhora já foi votar com a sua colinha?”
Na chegada, Rosângela Zeidan abordou uma eleitora, perguntando:
— A senhora já foi lá votar com a sua “colinha”?
Assim como Benedita, Quaquá integra a corrente Construindo um Novo Brasil, majoritária no PT. Oficialmente, ambos apoiam a candidatura do senador Lindbergh Farias (PT) ao governo do Rio, rompendo a aliança com o PMDB de Sérgio Cabral. O ex-presidente Lula gravou um vídeo pedindo votos para Benedita, mas o PMDB gostaria da vitória de Quaquá, considerado mais pragmático. A expectativa é de que haja segundo turno, com o presidente do PT fluminense, Jorge Florêncio, também no páreo.
Entre abril e julho deste ano, revelou O GLOBO, Quaquá nomeu 78 filiados do PT de fora de Maricá para cargos de confiança em sua administração, além de 54 petistas do município. Adversários acusam Quaquá de usar a máquina para comprar votos e financiar sua campanha para presidente do PT fluminense, o que ele nega.
“Não sei nem quem são os candidatos”
Indagados sobre a presença de colas próximas das urnas e a orientação de voto, todos os funcionários negaram a prática.
Em dois dos locais de votação de Maricá visitados pelo GLOBO, os militantes questionados afirmaram não ter participado de plenárias do partido, nem sabiam quais eram os candidatos da PED.
— Não sei em quem vou votar, não sei nem quem são os candidatos — explicou Antônio Carlos Ribeiro, de 51 anos, auxiliar de escritório e filiado ao PT há dez anos.
A votação do PED petista vai até 17h. Além de Jorge Florêncio, atual presidente do PT fluminense, da deputada Benedita da Silva e do prefeito de Maricá, Washington Quaquá, disputam a eleição do diretório estadual os petistas Rafael Budha, Renam Brandão e Luiz Cláudio.