domingo, 12 de janeiro de 2025

Embate entre Anielle Franco e Quaquá Expõe Rachas no PT

 Ministra da Igualdade Racial reage à defesa de Quaquá aos irmãos Brazão, investigados no caso Marielle, e anuncia denúncia à comissão de ética do partido.


A política nacional ganhou novos contornos de tensão nesta semana após o prefeito de Maricá e vice-presidente nacional do PT, Washington Quaquá, entrar de cabeça em uma polêmica que poucos ousariam tocar. Quaquá publicou uma defesa inflamante dos irmãos Domingos e Chiquinho Brazão — investigados como mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco —, reacendendo feridas ainda abertas na esquerda e expondo divergências internas no partido.

A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, não deixou barato e reagiu com indignação, chamando a atenção para o uso, que considerou desrespeitoso, do nome de sua irmã. Em tom duro, anunciou que levará o caso à comissão de ética do PT.

“Depois de tudo o que a gente passou, ver pessoas se aproveitarem e usarem o nome de minha irmã sem qualquer responsabilidade é inacreditável”, desabafou Anielle nas redes sociais. A frase, apesar de direta, reflete mais do que uma simples disputa interna: é um recado claro sobre como os interesses políticos muitas vezes atropelam a sensibilidade e o respeito às vítimas.

Quaquá no centro do furacão

Quaquá, conhecido por suas declarações intempestivas, decidiu assumir a defesa pública da família Brazão, publicando uma foto ao lado dos familiares de Domingos e um texto cheio de acusações contra o sistema judicial e as investigações. Entre as falas mais polêmicas, ele insinua que a investigação contra os Brazão foi apenas um subterfúgio para desviar a atenção de outros envolvidos, citando, sem provas, o nome de Bolsonaro e seu entorno.

“Não sou um rato que se esconde no esgoto para fugir da luz”, escreveu Quaquá, numa tentativa de justificar sua posição. Segundo ele, a família Brazão estaria sendo usada como “bucha de canhão” e sofrendo injustamente. Para o prefeito de Maricá, a verdade foi soterrada por narrativas convenientes.

O desgaste interno no PT

A reação de Anielle deixa evidente a fissura que o episódio criou dentro do partido. A ministra, que ocupa um dos cargos de maior visibilidade no governo federal, não hesitou em desautorizar publicamente Quaquá, algo raro em um partido que historicamente valoriza a unidade.

A fala da ministra também reflete uma estratégia: blindar o governo e o próprio legado de Marielle de declarações que possam prejudicar a narrativa central do PT, especialmente no momento em que o partido enfrenta crises de credibilidade em outras áreas.

No entanto, o caso também escancara como figuras como Quaquá se sentem livres para agir, mesmo à custa de atritos internos. O prefeito de Maricá parece apostar no desgaste político de adversários e na manutenção de sua própria base de apoio, ainda que isso signifique desafiar diretamente membros do governo.

Heloisa Erthal - Noticiário do Rio

Petistas cobram punição ao prefeito de Maricá

Reação do PT após o prefeito de Maricá se reunir com réus do caso Marielle Franco gera indignação e pedidos de punição.

Membros do Partido dos Trabalhadores (PT) reagiram com indignação após o prefeito de Maricá, Washington Quaquá, se reunir na quinta-feira (09/01) com familiares de Domingos e Chiquinho Brazão, réus no Supremo Tribunal Federal (STF) pelo assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL), em 2018. A reunião gerou críticas internas no partido e pedidos de punição ao prefeito.

Críticas e pedido de Comissão de Ética

A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, irmã de Marielle, condenou a atitude de Quaquá e defendeu que ele seja levado à Comissão de Ética do PT. Em um longo texto nas redes sociais, o prefeito saiu em defesa dos Brazão, argumentando que não se pode condenar sem a devida análise dos processos judiciais.

Petistas ouvidos pela imprensa consideraram que Quaquá ultrapassou os limites. Tiago Santana, presidente do PT no Rio de Janeiro, declarou:

“O PT não pode exigir posições éticas na sociedade se, internamente, faz vista grossa para episódios como esse. Como vamos disputar ideias com a sociedade, se não aplicamos o que defendemos? Esse caso não é contra o militante Quaquá, mas contra qualquer filiado que aja em desacordo com as decisões partidárias. Isso também é democracia.”

Defesa de Quaquá

Quaquá justificou sua atitude ao jornal O Globo, afirmando que algumas pessoas da esquerda acusam sem conhecer os detalhes do processo:

“Tem gente na esquerda que nunca leu o processo e acusa as pessoas de serem culpadas. Isso é um peso e duas medidas. Eu não ajo assim. Vai contra minha ética e meus princípios socialistas.”

A reunião foi comentada nas redes por Kaio Brazão, filho de Domingos Brazão, que agradeceu o prefeito pela conversa:

“Muito obrigado pelo carinho que o Sr. tem pelo meu pai e pelo meu tio! Obrigado pela conversa de hoje, prefeito.”

Histórico polêmico

Essa não é a primeira vez que Washington Quaquá enfrenta críticas dentro do partido. Ele já foi alvo da Comissão de Ética do PT por uma foto ao lado do deputado federal Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde de Jair Bolsonaro, mas foi absolvido. Agora, no entanto, muitos petistas consideram que a situação atual exige medidas mais rigorosas.

baseado em matéria do blogsite Cidade de Niterói

Caso Marielle: Quaquá, do PT, defende Domingos Brazão, e Anielle diz que acionará comitê de ética

Caso Washington Quaquá: Cresce pressão para expulsão do PT após fala sobre irmãos Brazão e Marielle

UOL News

Janja e Gleisi criticam vice-presidente do PT por defender irmãos Brazão de execução de Marielle

A primeira-dama Rosângela da Silva, a “Janja”, e a presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), criticaram o prefeito de Maricá (RJ) e vice-presidente do partido, Washington Quaquá, por pregar a inocência dos irmãos Domingos e Chiquinho Brazão. Os dois acusados de executar a vereadora do Rio Marielle Franco, em 2018, mas Quaquá disse não haver provas do envolvimento deles com o crime.


Na quinta-feira, 09/01, Quaquá publicou uma foto ao lado dos familiares dos Brazão e disse que eles foram presos injustamente. O vice-presidente do PT ainda tentou associar, sem provas, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no caso da execução da vereadora, o que foi descartado pela investigação da Polícia Federal (PF).

Sem citar o nome de Quaquá, a primeira-dama disse ser “desrespeitoso promover a desinformação nas redes sociais” sobre a morte da vereadora. Janja ainda prestou solidariedade à ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, que prometeu entrar com uma ação contra o prefeito de Maricá no comitê de ética do PT.

“Domingos e Chiquinho Brazão, de acordo com a lei, estão presos e aguardando julgamento, pela denúncia da Procuradoria Geral da República de serem os mandantes do assassinato de Marielle e Anderson. À minha amiga Anielle Franco, dona Marinete e toda a família, meu abraço apertado, e meu lamento pelo uso indevido da memória de Marielle”, disse a primeira-dama em uma postagem feita no Instagram na sexta-feira, 10/01.

Essa não é a primeira vez que Janja usa as redes sociais para sair em defesa de Anielle. Em setembro do ano passado, a primeira-dama publicou uma foto ao lado da ministra da Igualdade Racial em meio à revelação de que ela foi vítima de assédio sexual por parte do ex-ministro dos Direitos Humanos Silvio Almeida. Almeida foi demitido do cargo pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) um dia após a postagem.

Gleisi, por sua vez, destacou que os irmãos Brazão respondem a uma ação penal no Supremo Tribunal Federal (STF) devido à associação deles à execução de Marielle. A presidente do PT afirmou ainda que a declaração de Quaquá não representa o partido, sendo “manifestações de caráter exclusivamente pessoal”.

“O PT luta desde o primeiro momento para que a Justiça seja feita por Marielle e Anderson, com punição para todos os criminosos, e repudia as manifestações de caráter exclusivamente pessoal do prefeito Washington Quaquá sobre os réus e o processo”, disse a presidente do PT.

Apesar do posicionamento de Gleisi e Janja, o PT ainda não anunciou a abertura de uma ação contra Quaquá. A posição do vice-presidente do PT favorável aos acusados de mandar matar Marielle não é inédita. Em março do ano passado, quando eles foram presos, o prefeito de Maricá disse ao Estadão que não estava “plenamente convencido” da participação de Domingos no crime.

QUAQUÁ SE DEFENDE

“Não vou nem dizer nem que é inocente nem culpado. Não vi ainda provas cabais. Eu conheço ele há 20 anos. Será uma surpresa negativa [se ele estiver envolvido], porque é um negócio brutal”, afirmou Quaquá à Coluna do Estadão. “Eu acho que não é hora de apontar nenhum inocente, sem que a gente tenha clareza de todas as circunstâncias”, completou.

DIRETÓRIO GARANTE PERMANÊNCIA NO PARTIDO

A declaração causou atritos no partido, porém, Quaquá acabou sendo blindado pela cúpula petista. Em uma reunião onde foi discutido um possível afastamento dele da vice-presidência, o placar foi de 26 votos contrários a 17 favoráveis.

baseado em informações do ESTADÃO (Estado de São Paulo)