segunda-feira, 20 de novembro de 2023

Pensadoras debatem políticas públicas para mulheres em evento que celebra Consciência Negra


 O dia da Consciência Negra é comemorado anualmente no dia 20 de novembro (*) e a Prefeitura de Maricá, por meio da Secretaria de Participação Popular e Direitos Humanos, em parceria com a Coordenadoria de Igualdade Racial, promoveu no domingo (19/11), um evento para celebrar a data.

Infelizmente, apesar da importância da data e dos temas abordados, um pequeno (porém seleto) público participou dos debates (e conforme podemos conferir nas fotos, a minoria dos participantes eram negros). O encontro reuniu pensadores que debateram as políticas públicas para as mulheres negras.

A reunião aconteceu na quadra da Escola de Samba União de Maricá. Foram abordados a falta de proteção social e a opressão derivada de práticas machistas, dentre outros assuntos. A coordenadora de Igualdade Racial, Valesca Souza, falou sobre a importância do negro na sociedade e o lançamento da cartilha que alerta sobre frases e expressões cotidianas, com teor discriminatório, que não devem ser utilizadas.

“O Dia da Consciência Negra não é somente um feriado. É uma oportunidade para conscientizar as pessoas brancas de que o preto tem o direito às políticas públicas efetivas, ao SUS, ao emprego e salários igualitários. Hoje também lançamos a cartilha que será levada às instituições de ensino, repartições públicas e demais lugares, para alertar a população sobre as frases e expressões preconceituosas que, muitas vezes, são usadas pela sociedade”, disse Valesca.

Já a saúde da mulher negra foi abordada pela mestre em enfermagem pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Renata Pedreira, que participou do debate. Ela afirmou que 80% da população usuária do Serviço Único de Saúde (SUS) é negra.  

“A população negra tem menos acesso à saúde se comparada à branca. Os negros são os que menos tem acesso a itens básicos como prevenção de saúde, educação e cultura que garantiria condições mais igualitárias na sociedade. Isso é reflexo do racismo cultural presente na sociedade. É preciso analisar a saúde da mulher negra no contexto histórico brasileiro e isso requer reflexões de diversos fatores como os sociais que impactam a vida dessa população e os ambientais que dificultam os acessos” explicou. 

A professora Vanessa Malaquias, lembrou a lei 11.645 (sancionada em 10 de março de 2008 e ainda muito pouco aplicada nos municípios brasileiros) que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”.
“A lei existe mas sabemos que são necessárias mais políticas públicas para população negra, uma vez que a  lei não é aplicada. Temos que lutar por políticas públicas para a mulher negra, não podemos fingir que isso não existe. Precisamos nos unir e fazer acontecer”, defendeu.

Vagas igualitárias em concursos públicos também foram abordados, assim como a representatividade de mulheres negras na política, impactadas pela ausência de direitos básicos e pelas mazelas sociais e econômicas.

O debate reuniu também a escritora Rafaela Albergaria, a advogada Marcia Cristina Bráz, Denise Oliveira (coordenadora do CONEN Maricá e Diretora do departamento feminino da União de Maricá), Joana D’ark Oliveira, a cabeleireira Layla Thatiana dos Santos e a professora Vanessa Malaquias.


Encerrando o encontro, parte da bateria da União de Maricá se apresentou para o pequeno público.

(*) O dia da Consciência Negra é comemorado anualmente no dia 20 de novembro


Fotos: TVi (Beto Video) e Anselmo Mourão (secretaria de comunicação)