Primeiro longa-metragem a ser exibido na cidade marca a Semana dos Direitos Humanos
A Prefeitura de Maricá exibirá o filme “Marighella”, de Wagner Moura, na terça-feira (07/12), com duas sessões gratuitas no Cinema Henfil e uma no Condomínio Residencial Carlos Marighella, Minha Casa Minha Vida de Itaipuaçu, que leva o nome do guerrilheiro que lutou contra a ditadura militar para restabelecer a democracia. A iniciativa é parte da programação da Semana dos Direitos Humanos, que acontece de 7 a 12 de dezembro, com palestras, shows, entre outras atividades organizadas pela Secretaria de Participação Popular, Direitos Humanos e Mulher.
Esta será a primeira vez que o Cine Henfil exibirá um longa-metragem desde a sua inauguração, no dia 14 de agosto de 2020. Em todo esse período, as atividades no espaço ficaram suspensas devido à pandemia da Covid-19 e somente filmes de curta-metragem chegaram a ser exibidos.
Tido por críticos e pela imprensa especializada na cinematografia nacional como um dos maiores fracassos da indústria cinematográfica brasileira, o filme, exibido em circuito comercial também se mostrou um desastre em termos de bilheteria (pelo menos até agora), mas aqui em Maricá, já dão conta que a sessão estará LOTADA, pois a prefeitura sorteará 400 ingressos (200 para cada sessão, na sua página do Instagram.
“Esse filme é muito importante, principalmente no residencial Marighella, para que as pessoas conheçam a história do personagem que deu nome ao condomínio. Essas sessões carregam um grande simbolismo. Hoje nós vivemos em um momento conturbado na democracia, por isso é importante refletirmos sobre os acontecimentos, sobre violações aos direitos humanos para que a gente entenda o papel de cada um na sociedade”, afirmou João Carlos de Lima, secretário de Participação Popular, Direitos Humanos e Mulher.
A primeira sessão do filme, às 14h, será seguida de debate com a participação do prefeito Fabiano Horta e de três atores que fazem parte do elenco, Bella Camero, Pastor Henrique Vieira e Jorge Paz. Com classificação etária de 16 anos, as exibições terão controle de público, seguindo os protocolos de segurança da Covid-19. Ao todo, 200 ingressos serão distribuídos ao público após sorteio realizado na página da prefeitura no Instagram.
“O cinema é um instrumento entre outros para a transformação social e, com este espírito, o Cine Henfil cumprirá importantes funções no campo da formação e dimensão para a produção da cadeia produtiva do audiovisual. Começando com Marighela a reflexão para construção de uma nova sociedade”, declarou Sady Bianchin, secretário de Cultura de Maricá.
Sinopse de Marighella
Comandando um grupo de jovens guerrilheiros, Marighella tenta divulgar sua luta contra a ditadura para o povo brasileiro, mas a censura desacredita a revolução. Seu principal opositor é Lúcio, policial que o rotula como inimigo público. O ator e cantor Seu Jorge interpreta Marighella. Direção: Wagner Moura
CRÍTICAS SOBRE O FILME SÃO INÚMERAS
As críticas sobre mais essa produção de Wagner Moura são enormes e vem de todos (quer dizer, quase todos) os lados. Um delas, a do Observatório Independente, que nos pareceu a mais coerente, reproduzimos abaixo:
OBSERVATÓRIO INDEPENDENTE: O FILME MARIGUELA
Confira a crítica do filme de Wagner Moura: Marighella. Mais uma tentativa frustrada para endeusar e glorificar todo tipo de genocida, criminoso e sociopatas; quem já assistiu sai com estômago embrulhado
A partir de uma figura polêmica para parte da sociedade brasileira, Carlos Marighella ganha uma cinebiografia amadora, por meio do olhar de Wanger Moura. Mais uma tentativa frustrada para endeusar e glorificar todo tipo de genocida, criminoso e sociopata, desde que esse endeusamento e glorificação atendessem aos interesses da causa comunista revolucionária na esfera da guerra cultural.
Em meio a supostos registros da Ditadura Militar, somos apresentados a um dos líderes da oposição e o "inimigo número um do Brasil". É assim que se inicia Marighella. Estreia na direção de Wagner Moura, o longa de ficção registra a história de uma figura da resistência ao governo nos anos 1960: Carlos Marighella.
O filme, que tinha previsão de lançamento em 2019, fez sua estreia somente dois anos depois, na primeira semana de novembro deste ano (2021). O filme teve várias notas baixas no IMDb pela extrema pobreza de roteiro, Marighella chega em um momento desnecessário da história do Brasil.
Interpretado por Seu Jorge (Soundtrack), o personagem lidera um grupo de jovens que acredita que uma das únicas formas de combater a ditadura militar é com a luta armada, o terrorismo, assalto a banco e sequestros de autoridades.
Com cenas de tensão, em especial o assalto ao trem que conta com um plano sequência logo nos minutos iniciais, Marighella não é capaz de prender a atenção do espectador por tempo considerável.
Ainda que explore somente os cinco anos finais de Carlos Marighella, o filme acaba tendo narrativas demais e, por vezes, perde seu foco. Em suas quase 2h40, o roteiro tenta explorar a relação familiar do personagem, a história do grupo guerrilheiro, a Ditadura Militar e, por conta de tantas frentes, seu discurso político não é tão forte como tinha potencial para ser.
Na tentativa de explorar os personagens, quando superficialmente, é fácil acabar caindo em estereótipos -- seja o caso de Lúcio, um policial interpretado por Bruno Gagliasso, ou do comunista Humberto, vivido por Humberto Carrão.
Mesmo assim, aqui deve se dar os parabéns para todo o elenco pois fizeram o impossível para não ser pior. Ainda que Seu Jorge tenha uma excelente atuação ao longo do filme, fica a sensação de que ele poderia ter mais espaço para explorar o lado revolucionário, contraditório, político e radical do ativista.
No final das contas, Marighella é um filme forte e que chega em um momento desnecessário. No entanto, ainda assim, fica aquela sensação de que a produção poderia ter ousado mais, principalmente por ter um elenco tão bom em mãos e não pagar o fiasco que vem pagando desde a estreia em circuito fechado e com público seleto.
REVISTA VEJA: Por que Marighella demorou tanto para estrear nos cinemas brasileiros
Mais de dois anos depois de estrear no Festival de Berlim, em fevereiro de 2019, o filme Marighella chega nesta quinta-feira, 4, às salas de cinema brasileiras sob ataques de apoiadores de Jair Bolsonaro (sem partido) e após um imbróglio entre os produtores do longa e a Ancine, agência de fomento do setor audiviosual.
A cinebiografia do guerrilheiro Carlos Marighella, dirigida por Wagner Moura, passou por uma intensa batalha burocrática nos escaninhos da Ancine em razão de outro filme que não havia sido lançado no prazo pela produtora O2. Moura chegou a dizer que tratava-se de uma censura velada do governo Bolsonaro.
Não se trata de uma desconfiança sem qualquer nexo, já que o próprio Bolsonaro ameaçou o órgão de extinção, caso não houvesse um “filtro” do projetos que lá chegam. Ao reagir a uma crítica de Moura a Bolsonaro, o secretário de Cultura, o ex-ator de Malhação Mario Frias, chegou a escrever no Twitter: “Achou que ia pegar comigo verba pública para este lixo panfletário?”
O problema se deu em torno de uma linha de financiamento de 1 milhão de reais do em razão da inadimplência na prestação de contas do crédito disponibilizado a outro filme produzido pela O2, que sempre reconheceu a pendência e informa que ela foi resolvida em outubro do ano passado.
Desde janeiro de 2020, antes de a pandemia fechar as salas de cinema em todo o mundo, o filme chegou a ter duas datas de estreia anunciadas (14 de maio do ano passado e 14 de abril de 2021).
Segundo o órgão oficial, o projeto passou a cumprir todos os requisitos no último mês. Ainda conforme a agência, o Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), um dos mecanismos para financiamento do setor, investe quase metade do orçamento do projeto, avaliado em 10 milhões de reais.
O imbróglio, porém, não deve terminar com o início da exibição do filme, já que a O2 aguarda da Ancine o posicionamento a respeito de outras propostas de financiamento apresentadas ao FSA. Isso porque o dinheiro é necessário para fazer frente aos custos de produção.
“O orçamento de produção segue pendente de complementação, o que só ocorrerá na hipótese de assinatura dos contratos do FSA. Decidimos seguir com o lançamento do filme para honrar todos os compromissos comerciais assumidos com terceiros, evitando, assim, que maiores prejuízos fossem causados pela demora da Ancine em se posicionar sobre as ofertas”, diz a O2.
Burocracias à parte, Marighella é o mais novo tema a animar apoiadores e opositores do presidente. Enquanto os simpatizantes de Bolsonaro pregam o boicote ao longa, orquestrando, inclusive, uma enxurrada de notas baixas no IMDB (site que reúne informações e avaliações de filmes), os opositores do presidente têm agora um novo documento para mostrar como foram os anos de chumbo da ditadura militar.