quinta-feira, 5 de março de 2020

Canal da Barra: Abertura teve resultado imediato no nível das lagoas


O trabalho de abertura do canal da Barra de Maricá, iniciado pela Prefeitura de Maricá na tarde da quarta-feira (04/3), foi concluído pouco depois das 4 horas da madrugada da quinta-feira (05/3). As seis máquinas retroescavadeiras e uma pá mecânica que retiraram a areia permanecem no local para garantir a passagem da água em direção ao mar, que deve durar cerca de cinco dias.  

De acordo com a equipe responsável, a ação já proporcionou a diminuição dos alagamentos em áreas próximas e no nível das lagoas que, já pela manhã, apresentava uma altura de 59 centímetros, bem abaixo dos 64 registrados na quarta.

O prefeito Fabiano Horta esteve no local de manhã e confirmou que os primeiros resultados foram satisfatórios nos pontos onde havia acúmulo de água.


“Tivemos uma intensidade maior de chuvas nos últimos dias, mas com essa abertura já conseguimos retirar muita água que estava nas casas das pessoas. Foi uma medida de emergência e sabemos que apenas essa não resolve o problema de maneira estrutural. O que é necessário é criar um suporte para o volume de chuvas que só aumenta com o passar do tempo”, ressaltou ele, afirmando eu há diversos projetos de drenagem prestes a serem executados.

“Sempre procuramos contemplar a drenagem em nossas ações de estrutura nos bairros, para proporcionar o escoamento e evitar as enchentes”, pontuou o prefeito, garantindo que há diversas equipes nas ruas buscando minimizar os estragos causados principalmente nas vias de acesso aos bairros.

De acordo com o presidente da autarquia de Serviços de Obras de Maricá (Somar), a previsão é que o canal de aproximadamente 30 metros de extensão fique aberto pelos próximos quatro dias, até que comece a se fechar naturalmente.

“Aguardamos toda a noite e madrugada aqui aguardando a melhor condição do mar para podermos abrir, o que ocorreu por volta das 4h15. Estamos monitorando as lagoas em pontos estratégicos e nos atualizando os resultados”, revelou Renato Machado.


A ação foi acompanhada por uma equipe do Instituto Estadual do Ambiente (INEA). O biólogo João Arthur Carvalho explicou que, da forma como é feita pela prefeitura, a abertura do canal é mais viável e eficiente do a instalação de algum mecanismo que abra e feche a passagem, como comportas ou eclusas.

“O caso da lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio, é um exemplo muito bom disso, porque lá existem comportas para abertura periódica e, no entanto, volta e meia temos mortandade de peixes por lá, o que raramente ocorre aqui, sem falar que uma manutenção desse equipamento seria custosa. Na minha visão, operações pontuais como esta são melhores e que bom que a prefeitura recorre a esta providência, que é o que todos os municípios deveriam fazer. Aqui ainda há uma preocupação com galerias de águas pluviais, coisa digna de aplauso”, sentenciou.

Como de costume, o canal aberto atraiu muita gente para ver a vazão das águas das lagoas em direção ao mar, como o aposentado Manoel Florêncio, que tem 65 anos e mora no Centro da cidade.


“O nível da lagoa vinha subindo e esse trabalho é importante para não prejudicar quem mora perto dela”, avaliou. Para o pescador Jorge Gomes da Costa, nascido e criado na Barra de Maricá há 69 anos, a ação afasta o perigo para o morador e ainda enriquece o sistema lagunar. “Vi muitas casas alagadas por aqui e sei que isso já ajuda bastante, além de favorecer a pesca com outras espécies. É bom fazer mesmo que seja de emergência”, afirmou.

Nos últimos dez anos, esta é a quarta vez em que a faixa de areia é aberta na Barra de Maricá para possibilitar a ligação do mar com o sistema lagunar. Na maioria das vezes, como agora, a motivação foi diminuir a altura do nível das lagoas.

A primeira foi após a grande enchente de abril de 2010, que atingiu toda a região metropolitana do Rio, e em março de 2016, quando outra chuva forte causou inundações como a do residencial Carlos Marighella (condomínio do programa ‘Minha Casa, Minha Vida’ em Itaipuaçu). Já em fevereiro do ano passado, a razão foi contrária: uma longa estiagem baixou o nível do espelho d’água das lagoas e a abertura foi necessária para normalizar a altura.