Declarações de José Yunes, amigo do presidente, complica situação de Eliseu Padilha
O Palácio do Planalto voltou a negar, nesta sexta-feira, que o presidente Michel Temer tenha se beneficiado de caixa dois nas eleições de 2014, quando concorria a vice da petista Dilma Rousseff. A manifestação pública do Planalto acontece depois da entrevista de José Yunes, amigo pessoal de Temer e ex-assessor especial da Presidência, que complicou a situação do ministro Eliseu Padilha (Casa Civil).
Em dezembro passado, Temer já havia divulgado uma nota oficial repudiando de forma veemente as citações na delação premiada do ex-executivo da Odebrecht Cláudio Mello Filho, que arrastou a cúpula do governo para dentro da Operação Lava-Jato. Segundo a delação, Temer pediu e recebeu R$ 10 milhões de Marcelo Odebrecht por meio de repasses não contabilizados para a campanha eleitoral. Parte do dinheiro teria sido entregue no escritório de Yunes, em São Paulo, a mando de Padilha.
Dois meses depois, Temer mantém a posição de que não recebeu nada ilegalmente e que todos as doações estão registradas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Na quinta-feira, a Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência reafirmou que Marcelo Odebrecht participou de um jantar no Palácio do Jaburu, quando recebeu pedido de “apoio financeiro” de Temer, mas sem que o peemedebista tenha especificado valores a serem repassados.
— O presidente mantém esta posição, o presidente não admite caixa dois e confirma que pediu apoio financeiro sem especificação de valor — disse a assessoria.
Em nota oficial divulgada na tarde desta sexta-feira, o presidente afirma que a Odebrecht doou R$ 11,3 milhões ao PMDB em 2014:
“Quando presidente do PMDB, Michel Temer pediu auxílio formal e oficial à Construtora Norberto Odebrecht, não autorizou, nem solicitou que nada fosse feito sem amparo nas regras da Lei Eleitoral. A Odebrecht doou R$ 11,3 milhões ao PMDB em 2014. Tudo declarado na prestação de contas ao Tribunal Superior Eleitoral. É essa a única e exclusiva participação do presidente no episódio”, diz a nota