No mesmo dia do pedido de afastamento da secretária de saúde de Maricá - Dra. Simone Costa (alegando que irá cuidar da família e da saúde), os casos da variante Delta sobem em todo o estado e Maricá já registra 3 casos (onde a secretaria de saúde não soltou nenhum comunicado sobre quem são, aonde moram, idades, nada, deixando muita gente em polvorosa). O que chama também atenção, é fato de que os vizinhos de Maricá ou ainda não apresentam nenhum caso da variante (São Gonçalo e Saquarema) ou estão com apenas um caso registrado (Niterói e Itaboraí). Outro fato que chama atenção é que Maricá é a única cidade da região dos lagos (embora esteja geopoliticamente na região metropolitana 2) com casos da variante Delta.
Já são 83 o número de casos confirmados da variante Delta no Rio de Janeiro, segundo nota enviada pela Secretaria Estadual de Saúde (SES) na tarde da segunda-feira. Em menos de um mês, a linhagem se tornou a segunda mais predominante no estado, segundo estudo patrocinado pela SES que analisa amostras do coronavírus recolhidas aleatoriamente.
Até a manhã desta segunda-feira, a quantidade oficial confirmada pela pasta era de 72 casos, sendo 23 na capital. Desde então, novos casos foram confirmados em outros municípios. Veja abaixo a lista de ocorrências por cidade.
"Das amostras sequenciadas, até o momento, foram registrados 83 casos, sendo 81 em 12 municípios do estado e dois de pessoas que tiveram exames coletados no estado, mas ainda sem confirmação do município de residência. As secretarias municipais já foram notificadas para fazer a investigação epidemiológica, com apoio da SES", disse a secretaria.
Os casos foram confirmados nos seguintes municípios: Rio de Janeiro (23), São João de Meriti (17), Nova Iguaçu (11), Mesquita (7), Duque de Caxias (5), Japeri (4), Seropédica (4), Maricá (3), Queimados (3), Campos dos Goytacazes (1), Itaboraí (1), Itaguaí (1) e Niterói (1).
A SES destaca o rápido crescimento da proporção de casos da variante Delta entre as amostras analisadas. Na última rodada de exames do estudo "Corona-Ômica", pelo qual são realizados os sequenciamentos do LNCC, a variante Delta representou 16,57% (63) do total (80) de amostras processadas, "revelando um crescimento exponencial em relação ao resultado de 15 dias atrás. Na ocasião, foram identificados dois casos da variante", destaca a secretaria.
Cenário é 'preocupante', diz SES
O aumento veloz no número de casos identificados da variante Delta chamou a atenção da pesquisadora Ana Tereza Vasconcelos, responsável pelas análises genômicas do Rio de Janeiro realizadas no LNCC. Participante do estudo "Corona-Ômica", ela disse ao EXTRA que a linhagem pode provocar uma quarta onda de casos de Covid-19 no estado, mas ressaltou que isso talvez possa não se traduzir num maior número de mortes, em decorrência da vacinação.
Para o secretário estadual de Saúde, Alexandre Chieppe, o importante não é a quantidade absoluta de casos da variante Delta, mas sua proporção no número de amostras analisadas geneticamente. Em 15 dias, ela se tornou a segunda linhagem mais frequente no maior dos estudos de sequenciamento genético desenvolvidos pela secretaria. Dada a quantidade limitada de amostras presentes em cada "rodada" de estudo — entre 350 e 400 —, o índice sugere que o número real de casos da variante pode ser bem superior.
— A primeira coisa que a gente tem que dar uma boa clareada é que a gente não avalia esses casos por notificação, por números absolutos. O que interessa numa avaliação genômica feita por amostragem é o percentual em relação às outras variantes. Identificamos uma circulação mais intensa dessa linhagem não por causa do número absoluto, mas por causa do percentual de amostras realizadas. Hoje o Rio tem uma vigilância genômica muito bem estruturada, são cerca de 400 amostras por mês. O número de confirmações pouco interessa. Hoje a variante é a segunda do estado em termos de prevalência, e é isso que a gente tem que depreender a partir dos dados.
Chieppe define o cenário como "preocupante".
— A Delta é uma variante de preocupação, assim considerada, inclusive, pela OMS. Ela preocupa por sua capacidade de transmissão. A gente não sabe ainda como ela vai se comportar aqui no Brasil, onde predomina a P.1, também uma linhagem muito agressiva, originária de Manaus. A Delta tem se mostrado, nessa fase inicial, como uma variante com capacidade de contaminação muito grande. De uma rodada (de exames) para a outra, subiu muito o número de casos dela. Agora, é observar como vai ser esse cenário da vigilância genômica, se ela vai mesmo continuar avançando e suplantar a P.1. Temos agora de ficar muito atentos ao cenário epidemiológico. Vamos precisar 'linkar' isso: será que vai haver um aumento no número de casos totais? As ondas recentes na Europa são relacionadas à variante Delta, assim como as ondas graves que estão acontecendo na Ásia.
O secretário descarta, por enquanto, decretar restrições mais rígidas no estado em decorrência da linhagem recém-chegada. Segundo ele, a recomendação é manter as medidas em vigor atualmente com base no cenário epidemiológico apontado no mapa de risco da SES.