terça-feira, 17 de junho de 2014

SEXO E DROGAS CONTRA A CRISE

Países europeus passam a incluir atividades ilícitas no cálculo do PIB


LONDRES - Enquanto ainda fazem de tudo para reativar o crescimento econômico, os países da Europa querem garantir que não vão deixar nada de fora da conta de todos os bens e serviços produzidos. Este é o conceito do Produto Interno Bruto (PIB), usado para medir o tamanho de uma economia. Reino Unido e Itália acabam de anunciar que estão incluindo neste cálculo os ganhos de atividades menos ortodoxas, sobre as quais têm pouca informação, mas que são velhas conhecidas da sociedade e movimentam recursos bilionários na economia. Entre elas estão as indústrias do sexo, do contrabando e das drogas.
É claro que, ao aumentar o tamanho do PIB, os governos têm como reduzir o denominador do cálculo do endividamento, melhorar o resultado fiscal como proporção do PIB e até aparecer (dependendo da medida do mercado negro do país) em posição melhor no ranking mundial.
A mudança está sendo feita para que os números desses dois países sejam compatíveis com os de outros vizinhos dentro da União Europeia (UE) - que já fazem o mesmo - e se adequem a uma diretiva de 1999 da comissão. Holanda, Estônia, Áustria, Eslovênia, Finlândia, Suécia e Noruega já computam o "mercado negro" nas contas há mais tempo.
Mas não são só as atividades ilegais que engordam as receitas dos Estados-membros. O cálculo do PIB europeu também considera outros dados da chamada economia não observada, ou seja, que se sabe existir, mas é de difícil mensuração. Um exemplo são os ganhos com atividades que vão desde prestação de serviços de biscate no mercado informal até a agricultura de subsistência de uma família.
Para o especialista do Instituto Europeu da London School of Economics (LSE) Vassili Monastiriotis, é importante somar tudo o que for possível para ter um valor representativo mais real da economia. Os mercados ilegal e informal não significam propriamente ganhos para o governo, uma vez que passam longe dos cofres públicos, porque não recolhem tributos. Mesmo assim, têm efeitos sobre oferta e demanda, e, consequentemente sobre os preços da economia.