terça-feira, 23 de abril de 2019

Projeto de Lei pode tornar São Jorge padroeiro do Estado do Rio

Santo é presente em todos os credos e tem cada vez mais devotos. Arcebispo Dom Orani Tempesta diz que aprova a ideia


Santo de todos os credos — é louvado na Igreja Católica, Candomblé e Umbanda — e com cada vez mais devotos, São Jorge é cotado para dividir o título de padroeiro do Estado do Rio com São Sebastião. Projeto de Lei de autoria dos deputados André Ceciliano (PT) e Gustavo Schmidt (PSL), aprovado na semana passada pela Alerj, aguarda apenas a decisão do governador Wilson Witzel, que tem até 15 dias úteis para sancionar ou vetar o texto. A iniciativa, contudo, já conta com a bênção do Arcebispo do Rio de Janeiro Dom Orani Tempesta.

"Algumas devoções caem no gosto do povo. São Jorge, junto com São Sebastião, são santos do primeiro século da Igreja. As pessoas se identificam com São Jorge como um sinônimo de guerreiro cristão. Peço a Deus para que o exemplo deles ajude o povo carioca e fluminense a nunca desanimar e perseverar com fé para encontrar a solução dos seus problemas", destaca Dom Orani.

Entre os devotos, a chance de São Jorge se tornar padroeiro do Estado do Rio foi comemorada. Afinal, o Santo Guerreiro é exaltado pela garra e perseverança e pode inspirar a população. Dona Leni Mafra, de 71 anos, acha que o Rio só tem a ganhar com escolha. “São Jorge sempre recompensa seus devotos. Tive duas graças alcançadas na minha vida e devo a minha fé a ele. Tenho certeza que, com seu espírito guerreiro, ele irá ajudar o Rio a enfrentar todos os problemas que acontecem aqui”, comentou.

Por outro lado, há quem discorde da lei que torna São Jorge padroeiro do Estado do Rio. “Acho que São Sebastião já está identificado com o Rio de Janeiro. Entendo a devoção dos cariocas por São Jorge, mas esse título não deveria ser dividido entre eles”, comentou Ricardo Oliveira.

Inspiração para os devotos, o Santo Guerreiro tem diversas igrejas espalhadas pelo Estado do Rio. Mas uma das mais procuradas pelos seus seguidores é a Paróquia de São Jorge, em Quintino — há ainda uma no Centro, ao lado do Campo de Santana. A idolatria no bairro da Zona Norte, por sinal, é tanta que na Rua Clarimundo de Melo, onde fica o templo, há diversos centros espíritas que ostentam imagens de São Jorge.

No dia da festa, comemorada em 23 de abril, a Rua Clarimundo de Melo, aliás, é palco de atrações para todos os credos. Fiéis assistem às missas católicas na igreja e também vão ao encontro de mães de santo, que, na calçada, dão suas bênçãos aos que buscam a proteção de São Jorge.

Fé movimenta comércio de Quintino

O dia 23 de abril é o mais importante do ano para o comércio em Quintino. Boa parte dos estabelecimentos funcionará em regime especial. O Bar do Vavá é um deles. “Abriremos o bar às 8h de segunda-feira e ficaremos de abertos até às 22h de terça. Muitas pessoas se concentram aqui durante a madrugada para esperar a Alvorada e a primeira missa do dia”, contou o gerente Francisco Vavá.

De acordo com o padre Dirceu Rigo, responsável pela paróquia de Quintino, a expectativa de público é grande. “A devoção por São Jorge tem aumentado ano após ano. Em 2018, cerca de 1,5 milhão de pessoas passaram por aqui. Para 2019, esperamos ainda mais fiéis”, confidenciou.

Para abastecer tanta gente, a quantidade de angu feita na paróquia impressiona. São 40 kg de fubá, 10 kg de rabada, 30 kg de bofe, 30 kg de bucho, 45 kg de carne, 15 kg de linguiça, 15 kg de bacon e 20 kg de lombo.