segunda-feira, 24 de julho de 2023

Aumento recorde de atendimentos na rede de Saúde. Vários postos registram falta de médicos.


 Número de cadastrados na atenção primária aumentou em 188% em três anos. Dados da Rede de Urgência e Emergência também cresceram

A Prefeitura de Maricá tem registrado nos últimos anos, crescimento recorde no número de atendimentos e pessoas cadastradas nos serviços de saúde oferecidos pelo município, o que inclui as unidades da Atenção Primária, Especializada e da Rede de Urgência e Emergência. Boa parte destes atendimentos são de pessoas advindas de vários outros municípios.

Nas Unidades de Saúde da Família (USF) - que atende somente cadastrados que efetivamente comprovem residência (o que não é difícil de burlar, apresentando um comprovante de residência de "amigos"), porta de entrada de toda a rede de cuidados, havia 70 mil cadastrados em 2020, número que subiu para 170 mil em 2022 e, atualmente, há mais de 202 mil moradores cadastrados nas 26 USF — um aumento superior a 188% em comparação a 2020, período marcado pelo início da pandemia da Covid-19.

Na rede de Urgência e Emergência foram observados dados importantes: a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) 24 horas de Inoã realizou 64.588 atendimentos entre janeiro e junho de 2023, um crescimento de mais de 31,4% em relação ao mesmo período de 2022. O aumento dos pacientes recebidos também foi observado no Hospital Conde Modesto Leal: no primeiro semestre deste ano foram 91.105 pessoas acolhidas, um incremento de mais de 24,8% em relação ao primeiro semestre de 2022. Na Unidade Municipal de Pronto Atendimento (UMPA) Santa Rita foram 32.992 atendimentos no primeiro semestre de 2023.

No centro cirúrgico do Hospital Municipal de São José do Imbassaí, foram realizadas 5.519 cirurgias em cerca de 11 meses de funcionamento do espaço, incluindo 14 especialidades. O Centro Pediátrico do Hospital Conde Modesto Leal, inaugurado em dezembro de 2022, também já é um destaque da rede de saúde: no local, foram registrados mais de 28 mil atendimentos desde a abertura e, atualmente, são acolhidas aproximadamente 150 crianças por dia, o que reforça a sua importância.

Em relação às unidades de Atenção Especializada, foram registrados mais de 140 mil atendimentos apenas em 2022, o que inclui o Ambulatório Pericles Siqueira Ferreira, o Centro de Diagnóstico e Tratamento (CDT), os Centros de Atenção Psicossocial (Caps), dentre outros serviços.

Regulação passa por problemas e vários postos de saúde estão sem médicos em várias especialidades. Demora de atendimento chega a três meses.

A secretária de Saúde, Solange Oliveira, garantiu que a gestão está empenhada em oferecer serviços de ainda mais qualidade e alinhados às novas demandas, em decorrência do aumento populacional da cidade, mas não é o que é visto em diversos PSF, onde pacientes demoram em muitos casos cerca de três meses para um atendimento.

Os exames tem acontecido de forma bastante rápida, mas as consultas em várias especialidades tem demorado cerca de três meses para o primeiro atendimento e o mesmo período para um possível retorno.

Profissionais dos postos se desdobram, mas pacientes reclamam muito (https://obaraoj.blogspot.com/2022/06/caos-na-saude-de-marica-agora-as.html), como no caso da USF do Barroco, onde várias especialidades estão sem médicos.

Já no PSF central, que atende vários bairros além do centro da cidade, moradores do Condado, Marques, Pracinha, Bela Vista, Colinas e Beverly Hills, estão sem clínico geral geral desde outubro. Na verdade, depois de matéria do jornal Barão de Inohan denunciando o fato (https://obaraoj.blogspot.com/2022/12/urgente-moradores-de-varios-bairros.html), um clínico geral foi contratado, e começou a fazer um trabalho de excelência sendo elogiado por todos, funcionários e pacientes.

Porém, o que é bom dura pouco. Em março, ele pediu desligamento alegando problemas de saúde. Mas um tempo sem um clínico geral, até que em maio, outro médico foi contratado, começando a fazer um trabalho até melhor que o médico anterior, mas também, durou pouco e em pouco mais de um mês, retornou para sua cidade do origem. Por que que os médicos não ficam muito tempo em Maricá, apesar do município pagara salários acima da média?

E quando estes moradores retornarão a ter o devido atendimento?

Problema também com odontologistas no posto de saúde central

Como no posto de saúde central são atendidos moradores de vários bairros, além da região central, foram criados três núcleos, e cada núcleo tinha um dentista a disposição, só que um precisou sair e meses depois mais um, restando apenas o atual dentista que se desdobra para atender os pacientes dos três núcleos. Com isso, os atendimentos entre uma consulta e outra, chegam a três meses de distância.

Secretária se pronuncia

“Estamos em um momento de crescimento exponencial da população de Maricá, que já supera 197 mil habitantes segundo o Censo 2022 do IBGE, por isso estamos investindo continuamente para otimizar os serviços de saúde. O planejamento é requalificar toda a rede de atenção à saúde, construindo, principalmente, novas USF e reestruturando as existentes. Assim, evitaremos o adoecimento da população, prestando assistência ainda mais qualificada desde o início do acolhimento”, destacou.

Novas unidades de Atenção Primária à Saúde

Dentro do planejamento de requalificação da rede, a expansão das Unidades de Saúde da Família (USF) é algo central. Está prevista a entrega de 21 novas USF nos quatro distritos da cidade até o fim de 2024 com equipes ampliadas. Além disso, serão reestruturados os serviços da rede especializada, com a criação de novos ambulatórios, equipamentos de saúde bucal, otimizando a assistência oferecida à população.

Em breve, também será entregue o novo espaço da USF Ponta Negra, que substituirá a unidade atual e contará com instalações completas, além de um espaço físico maior. A estrutura está localizada próximo à ponte Paulo Hermínio Duque Costa e terá a atuação de três equipes de saúde da família e duas de saúde bucal, essenciais para oferecer atendimentos de qualidade a mais de nove mil usuários cadastrados. A unidade possuirá consultórios, farmácia, área administrativa, além de salas de saúde bucal, procedimento, imunização, curativo, dentre outras.

Em relação à Atenção Especializada, também serão requalificados e criados novos ambulatórios de especialidades e Centros de Atenção Psicossocial (Caps) na cidade, beneficiando, principalmente, moradores do segundo, terceiro e quarto distritos (Ponta Negra, Inoã e Itaipuaçu, respectivamente).

Investimentos na urgência e emergência em Itaipuaçu

A Rede de Urgência e Emergência também será fortalecida, principalmente com a construção do Hospital de Itaipuaçu, fundamental para atender a população do quarto distrito — uma das regiões que mais crescem no município. A unidade hospitalar ficará em uma localização privilegiada, no entroncamento entre a Estrada dos Cajueiros e a Avenida Circular, no Jardim Atlântico, facilitando o acesso também para moradores de bairros próximos, como Inoã e São José do Imbassaí.

A unidade atenderá por livre demanda (portas abertas) e terá uma estrutura completa de internação, com mais de 100 leitos gerais, clínicos, pediátricos e um Centro de Terapia Intensiva (CTI) pediátrico. Além disso, a emergência terá sala amarela, sala vermelha e base descentralizada do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). A previsão de entrega é até o fim de 2024.

Além disso, em Ponta Negra, a Secretaria de Saúde de Maricá planeja a criação de uma Unidade de Pronto Atendimento Municipal (UPAM) 24 horas e uma base descentralizada do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Os projetos estão em elaboração e os terrenos onde serão realizadas as construções estão em processo de definição.

Nova maternidade municipal

Maricá também ganhará uma maternidade municipal, que ficará na Rua Pereira Neves, no Centro. O espaço será voltado a partos de risco habitual, contando com acolhimento completo e humanizado para mães e bebês, por meio da atuação de equipes compostas por médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, doulas com certificação e outros profissionais especializados na área.

A Maternidade Municipal terá centro cirúrgico, leitos de internação neonatal, leitos de enfermaria materno, banco de leite, laboratório e área para realização de exames de imagem — como mamografias, ultrassonografias e radiografias em geral. A estrutura também contará com salas de parto humanizado e adequado, além de enfermarias com alojamento conjunto, garantindo o direito a um acompanhante do início ao fim da internação.

O Centro Materno Infantil, que atualmente fica na Rua omício da Gama, também será realocado para as novas instalações, passando a funcionar em um espaço ampliado e totalmente reestruturado.

Enquanto isso não acontece, crescem as reclamações de lotação agora não apenas no Conde Modesto Leal (https://obaraoj.blogspot.com/2022/12/superlotacao-no-conde-e-saga-dos.html), mas também, no novo hospital municipal em São José do Imbassai (o que tem nome de genocida reconhecido pela ONU e que preferimos não divulgar). Na foto que inicia esta matéria, mostramos uma das salas de acolhimento, com inúmeros pacientes aguardando o atendimento e reclamando da demora das consultas e de falta de médicos que remarcam as consultas e não aparecem.

Sem contar na bagunça que voltou a virar a regulação, com a saída da profissional que a duras penas conseguiu organizar o setor. Mas esperamos que a FEMAR com seu orçamento bilionário, ajude a resolver o problema.