quinta-feira, 13 de julho de 2023

Maricá realiza capacitação para acolhimento de estrangeiros enquanto cresce número de moradores de rua

 Objetivo é instruir servidores no acolhimento de migrantes e refugiados que vêm morar na cidade.
E os moradores em situação de rua?


A Secretaria de Participação Popular e Direitos Humanos, promoveu na quarta-feira (12/07) capacitação com o nome de "Migrantes e Refugiados: Conceitos e Orientações para Atendimentos", com o intuito de instruir servidores no acolhimento a estrangeiros que chegam para se instalar na cidade. O evento, uma parceria com a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, foi realizado na Casa dos Conselhos de Maricá, no Centro, e teve a presença de representantes de diferentes órgãos do governo municipal.

Participou também a instituição Cáritas RJ, através do Programa de Atendimento a Refugiados e Solicitantes de Refúgio (PARES), que ofereceu atendimento a um grupo de estrangeiros no local. Um deles era o venezuelano Jose Tomás Sabino Figueroa, de 64 anos, que deixou seu país há cerca de três anos em direção Maricá.

“Vim com minha esposa e um filho porque a situação na Venezuela estava muito ruim, como ainda está. Eu trabalho como ajudante de pedreiro e consegui assistência médica e social através da Prefeitura. Hoje, já estou ambientado a cidade e até participo do Carnaval como componente da escola de Samba União de Maricá. É muito bom morar numa cidade tão acolhedora, onde há tranquilidade e beleza”, diz o migrante, que mora no bairro do Bambuí.

Quem atende os estrangeiros que chegam a Maricá, é Garry Ulisse, um haitiano que vive na cidade desde 2015 e, atualmente, é assessor para migrantes e refugiados da Coordenadoria de Igualdade Racial, setor da Secretaria de Participação Popular e Direitos Humanos. Segundo ele, existem hoje aproximadamente 150 pessoas vivendo em Maricá oriundas de países como Venezuela (a maioria), Haiti, França, Índia, Síria, Zâmbia e Benin.

“Vim com a minha mãe para cá e acabei ficando, enquanto ela retornou. Mesmo trabalhando em um mercado, comecei atendendo outros estrangeiros que vinham para cá e, só depois, fui integrado ao governo municipal para desenvolver esse trabalho. Hoje, sinto muita gratidão pela cidade e trabalho para atender cada vez melhor aos que chegam”, afirmou Ulisse, destacando que nem todos os imigrantes são refugiados.

“Há os que escolhem a cidade para viver, quem não vêm de áreas de conflito como a França, por exemplo. Todos nos procuram para regularizar sua documentação e, assim, poder viver legalmente no país”, explicou ele, que integrou a comitiva que participou da 17ª Conferência Nacional de Saúde, realizada em Brasília entre os dias 02 de 05 de julho.

Pioneirismo de Maricá

O trabalho do governo municipal foi elogiado pelo órgão estadual do setor. A coordenadora de migração e refúgio da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, Eliane Almeida, diz que a cidade está de parabéns por ter um imigrante na posição de gestor.

“Ele conhece na pele o problema e, com certeza, é bem mais sensível. A migração é um processo que faz parte da história do Brasil e há exemplos, como o de Clarice Lispector, que foi acolhida com a família vinda da Ucrânia e se tornou a grande escritora que foi”, lembrou Eliane.

Fotos de Marcos Fabrício

Enquanto isso, cresce o número de moradores em situação de rua no município. Araruama é um grande exemplo de solução possível!


Enquanto o município faz boa política de atendimento aos estrangeiros, brasileiros vindos de vários locais estão sobrevivendo em situação de rua nas praças e ruas de toda a cidade.

É crescente o número destas pessoas que não recebem nenhum tipo de atenção, e aquelas que recebem, não tem nenhuma chance de reintegração à vida social e ao mercado de trabalho.

Maricá, a bilionária cidade, poderia adotar a política praticada na quase vizinha Araruama (que tem um orçamento de 1/8 do orçamento maricaense, mas que em março inaugurou um magnífico complexo chamado NOVA VIDA.

Neste complexo que abriga pessoas em situação de rua (com ou sem familiares), as pessoas recebem abrigo (moradia) para solteiros, casais e até famílias com crianças, alimentação (toda produzida no local) e oportunidades são geradas no mesmo.

As crianças estudam em escolas próximas, os adultos que sabem executar algum trabalho, o fazem no complexo e podem até ser professores para aqueles que não tem uma profissão.

Cursos são oferecidos, e tudo que ali é produzido (na grande horta comunitária), na serraria, em artesanato, e outras profissões que possam gerar renda direta, são oferecidas e vendidas aos araruamenses e visitantes em loja própria no mesmo complexo.

Uma ideia tão simples, que Maricá poderia sim COPIAR (o     que é bom se copia sim, e no município espaço não falta, assim como dinheiro) retirando e dando DIGNIDADE aos moradores em situação de rua espalhados e crescentes no município.