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domingo, 15 de setembro de 2024

VERMELHINHOS, PÉROLA DA MOBILIDADE OU PROPAGANDA ILEGAL? por Hélio Braga


 Um dos carros-chefes da atual administração municipal há mais de uma década, os "vermelhinhos" - simpática alcunha criada pelo jornalista Pery Salgado, editor do Barão de Inohan em matéria publicada em setembro de 2013 e abraçada imediatamente pelos munícipes - são hoje uma das mais significativas marcas de Maricá.

Independente das falhas e vícios do sistema em seu desenho operacional atual, é inegável o papel que desempenham na mobilidade urbana e o quanto contribuem na rotina diária da população.

Dito isto, é necessário pontuar uma série de desvios  e equívocos, além da cereja do bolo: a evidente malversação de números (financeiros e administrativos) que a iniciativa apresenta de forma continuada desde o início e a escandalosa propaganda ilegal estampada em cada carro da operação cujo nome é uma afirmação (EPT) disfarçada de empresa.

A mais contundente discrepância do sistema recai na forma como é calculada a remuneração da Viação N.S. do Amparo na operação. Ao pagar esta operadora pela quilometragem rodada em detrimento do número de passageiros transportados, o sistema acaba por gerar uma enorme distorção nos resultados finais, uma vez que a adoção de tal metodologia faz com que o operador tenha pouco ou nenhum cuidado com elementos básicos da equação, tais como custo por quilômetro rodado versus número de passageiros transportados, além de não refletir o que representaria o custo unitário da utilização do serviço. Assim, para a empresa operadora, tornam-se irrelevantes elementos vitais para a saúde financeira do sistema que, em uma operação conduzida com foco em eficiência e eficácia, jamais seriam desprezados.

Como é possível não atentar para os horários de picos de utilização de cada rota operada para definir as freqüências de saída dos carros e, com isso, evitar carros vazios ou superlotados? Só mesmo um contrato celebrado com intenções pouco republicanas e/ou má-fé de ambas as partes - apenas para imaginar razões publicáveis - poderia justificar falhas tão primárias para uma operação que já se mostra negativa e, no médio e longo prazos, conduzirá à falência. 

Em uma gestão calcada em ética, transparência e responsabilidade, uma administração que saiba separar os cargos de perfil político daqueles que demandam um viés técnico e derivado da meritocracia - e assim será na prefeitura de Claudio Ramos - a proposta dos "vermelhinhos" será alvo de uma profunda revisão metodológica e se voltará inteiramente para o cidadão maricaense. De forma simples e objetiva, o sistema receberá uma orientação que assista quem necessita e beneficie o residente local cadastrado e portador do "MariCard", programa a ser criado e que lhe dará acesso aos carros a custo zero. 

Por outro lado, qualquer turista ou cidadão residente em cidades vizinhas que venha a Maricá, será tarifado em um valor quase simbólico, mas que trará uma real contribuição para o mantenimento do sistema. Afinal, todos nós pagamos pelo transporte coletivo que usamos quando estamos em outra cidade do país...

Com esta medida, somada a um novo critério de controle e remuneração da operação do sistema, além da adoção de um mapa de frequência que atenda aos diferentes fluxos de demanda ao longo do dia nas diferentes rotas, o projeto se ajusta econômica e operacionalmente para manter-se saudável e mostrar-se transparente nos aspectos ético e social. Mais ainda, afasta da cidade - ou pelo menos reduz a níveis aceitáveis - os visitantes indesejáveis que vêm apenas usufruir de programas sociais sem que nada tragam de positivo para o município, pelo contrário. 

Essas distorções, fruto de uma política assistencialista tão demagoga quanto nociva, têm atraído para Maricá o que jamais tivemos: furtos crescentes, mendicância, andarilhos e desordem urbana que respondem pela dramática redução da vida noturna da cidade e brutal queda no movimento de bares e restaurantes pela sensação de insegurança que projetam no inconsciente coletivo.

Você pode ser o vetor da mudança no cenário que acabamos de descrever. Basta dizer, em alto e bom som, em outubro, que não quer a permanência dessa organização criminosa que há 16 longos anos faz de promessas vazias e ações superficiais sua plataforma, mas que ao fim e ao cabo não entrega resultados nem cumpre suas promessas.

Não há resultados diferentes com as mesmas práticas que falharam por tantos anos...

Chega de mais do mesmo, escolha um novo caminho.  

Ainda há como fazer de Maricá uma referência nacional em qualidade de vida e retirá-la das páginas policiais pelos escândalos de improbidade, corrupção e descaso com a coisa pública.

Dia 6 de outubro liberte-se e mostre o conservador que você é.

Hélio Braga é cientista político