terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Delação da Odebrecht pode 'mudar rumo' do governo

Taxa de rejeição do governo Temer subiu para 51%



As delações da construtora Odebrecht, que começaram na última semana, podem ter um impacto decisivo para o futuro do PMDB e contribuir para uma "mudança de rumo" do governo do presidente Michel Temer.

Na última sexta-feira, uma publicação da revista Veja divulgou que o político aparece como beneficiário de caixa doise teria recebido R$ 10 milhões, utilizados para finaciar diversas campanhas eleitorais municipais do PMDB, como a de Paulo Skaf, em São Paulo, enquanto o Temer ainda ocupava o cargo de vice-presidente do país.

Em sua delação, o ex-vice-presidente de Relações Institucionais da Odebrecht Cláudio Melo Filho, que fez as acusações contra o Chefe de Estado e contra outros políticos, afirmou que o dinheiro teria sido entregue no escritório de advocacia de um dos amigos e conselheiros de Temer, José Yunes.



O repasse da quantia, de acordo com Melo Filho, teria sido acertado em maio de 2014 durante um jantar no Palácio do Jaburu, no qual estava presente o herdeiro da construtora, Marcelo Odebrecht. No encontro, Temer teria solicitado de maneira "direta e pessoalmente para Marcelo" os recursos para as campanhas de seu partido.

Ainda na sexta-feira, o Planalto divulgou um pequeno comunicado no qual afirmava que Temer "repudia com veemência as falsas acusações do senhor Cláudio Melo Filho", já que "as doações feitas pela Construtora Odebrecht ao PMDB foram todas por transferência bancária e declaradas ao TSE", sendo assim, "não houve caixa 2, nem entrega em dinheiro a pedido do presidente".

Crise deflagrada

A delação ainda não foi homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), mas a citação de Temer 43 vezes na delação de Melo Filho e de vários outros políticos do PMDB, incluindo o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, que teria sido responsável por parte da distribuição dos R$ 10 milhões e por pedir que a quantia fosse entregue no escritório de Yunes, prejudicaram a imagem do presidente e do partido.

A situação é ainda mais grave já que esta é apenas a primeira delação das 77 acordadas pela empreiteira. O PMDB atravessa um período difícil no governo, com o "salvamento" do último instante do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), que se tornou uma ajuda indispensável para Temer, além do trâmite na Câmara dos Deputados de medidas polêmicas como a Reforma da Previdência e da PEC do Teto.

Rejeição

Além disso, segundo pesquisa de intenção de voto divulgada pelo Datafolha, o presidente tem a maior rejeição entre os possíveis candidatos às eleições de 2018, que subiu de 29% em julho para 45% agora. O governo de Temer também tem uma aprovação de apenas 10% e uma taxa de reprovação de 51%.

BAND