sábado, 2 de maio de 2020

Mortes aumentam, e corpos lotam necrotério do Hospital Salgado Filho, no Méier

Cerca de 15 cadáveres estavam fora das câmaras frigoríficas da unidade de saúde, uma das maiores da prefeitura


Sem espaço. Os corpos embalados fora das gavetas refrigeradas Foto: Agência O Globo 


O lado mais cruel da pandemia começa a se refletir nos necrotérios das unidades de saúde. Um vídeo obtido pela Rede Globo mostra pelo menos 15 corpos embalados em sacos plásticos do lado de fora das gavetas frigoríficas do Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier, um dos maiores da Zona Norte do Rio. Esta semana, outra imagem de cadáveres sobre macas enfileiradas no Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, também chamou a atenção. Em apenas 24 horas, o Estado do Rio registrou na sexta-feira (01/5), 67 mortes por Covid-19. O total de óbitos chega a 921, e há 10.166 casos confirmados da doença.

A Secretaria municipal de Saúde informou, em nota, que um contêiner refrigerado já foi alugado para aumentar a capacidade de conservação de corpos no Salgado Filho. Outros quatro hospitais já contam com essas estruturas provisórias, para enfrentar o crescimento do número de mortos por Covid-19.

O Salgado Filho tem12 gavetas refrigeradas. O hospital informou que os corpos que aparecem embalados na imagem estão dentro do necrotério, que é um ambiente refrigerado. De acordo com nota da Secretaria de Saúde, nem todos que estão naquele espaço são vítimas da Covid-19. Além de pessoas que morrem no próprio hospital, o Salgado Filho ainda recebe corpos de outras unidades de saúde da região, além daqueles que ficam à espera de identificação pelo Detran.

Mais contêineres
O vereador Paulo Pinheiro (PSOL), integrante da Comissão de Saúde da Câmara Municipal do Rio, disse que recebeu informações de falta de espaço nos necrotérios dos hospitais Pedro II, em Santa Cruz, e Albert Schweitzer, em Realengo, ambos na Zona Oeste. As duas unidades também devem receber contêineres frigoríficos.

— Ali no necrotério há refrigeração, mas não é a mesma coisa do que se o corpo estivesse nos morgues (câmaras refrigeradas). A temperatura dentro dos morgues é bem menor do que do lado de fora. Isso pode comprometer a conservação dos corpos — avalia Pinheiro, que é médico e que já foi diretor do Hospital Municipal Miguel Couto, no Leblon, Zona Sul do Rio.

Contêineres refrigerados já foram instalados ao lado dos hospitais municipais Souza Aguiar, no Centro; Evandro Freire, na Ilha do Governador; Lourenço Jorge, na Barra; e Ronaldo Gazolla, em Acari. Este último é a unidade da prefeitura que funciona como referência no tratamento contra a Covid-19.


A secretaria estadual de Saúde adotou a mesma medida no Hospital regional Zilda Arns, em Vola Redonda, no Sul Fluminense. De acordo com a pasta, o contêiner foi instalado com a finalidade de armazenar os cadáveres em locais mais adequados. A iniciativa também deverá ser adotada nos hospitais de campanha.