quinta-feira, 16 de abril de 2020

NO MEIO DA CRISE: sociedade, parlamentares e governadores lamentam demissão de ministro

Ministro da Saúde anunciou por rede social nesta quinta (16) ter sido demitido pelo presidente Jair Bolsonaro. Saída ocorre após divergências públicas sobre combate ao coronavírus. Mandetta deixa 'legado', diz Maia;


O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, afirmou nesta quinta-feira (16) que o agora ex-ministro Luiz Henrique Mandetta "deixa um legado" com sua passagem pelo Ministério da Saúde.

Após dias de especulação, Mandetta anunciou, por meio de uma rede social, que havia sido comunicado de sua demissão pelo presidente Jair Bolsonaro. Ao blog da jornalista Andréia Sadi, Mandetta afirmou que o oncologista e empresário do setor da saúde Nelson Luiz Sperle Teich é o escolhido do presidente para substituí-lo na pasta.

Parlamentares, governadores e políticos de diversos partidos, além de outras autoridades, também se pronunciaram nesta quinta lamentando a saída de Mandetta do ministério da Saúde (veja mais abaixo).

Ex-deputado federal, Mandetta estava à frente da pasta desde o início do governo, em janeiro de 2019, e ganhou maior visibilidade com a crise provocada pelo novo coronavírus.

Nas últimas semanas, contudo, Bolsonaro e Mandetta tiveram divergências públicas em razão das estratégias para conter a velocidade do contágio da Covid-19, doença provocada pelo vírus. Foram essas divergências, expressadas publicamente, que levaram à demissão nesta quinta.

Repercussão
Saiba como foi a repercussão da demissão de Mandetta:

Rodrigo Maia (DEM), presidente da Câmara dos Deputados: "O ministro Mandetta deixa um legado, uma estrutura, para que o Brasil possa, em conjunto, o governo federal, os estados e os municípios principalmente, tenham condição de atender sobre a base do que foi construído pelo ministro Mandetta as condições para atender da melhor forma possível a sociedade brasileira, mas principalmente os brasileiros que precisam do sistema SUS. Agradeço ao ministro, tenho certeza que falo em nome da maioria da Casa", disse Maia a jornalistas no Congresso.

Davi Alcolumbre (DEM-AP), presidente do Senado e do Congresso, e Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara (em nota conjunta): "O ministro Luiz Henrique Mandetta foi um verdadeiro guerreiro em prol da saúde pública nesse período em que esteve à frente do Ministério, especialmente no enfrentamento firme ao Covid-19. O trabalho responsável e dedicado do ministro foi irreparável. A sua saída, para o País como um todo, nesse grave momento, certamente não é positiva e será sentida por todos nós. A maioria das brasileiras e dos brasileiros espera que o presidente Jair Bolsonaro não tenha demitido Mandetta com o intuito de insistir numa postura que prejudica a necessidade do distanciamento social e estimula um falso conflito entre saúde e economia."

João Dória (PSDB), governador de São Paulo: "A saída do @lhmandetta é uma perda para o Brasil. Agradeço o apoio e contribuição com o Estado de SP no combate à pandemia. Desejo êxito ao novo Ministro da Saúde, Nelson Teich, e espero que siga procedimentos técnicos e atenda às recomendações da OMS."

Ronaldo Caiado (DEM), governador de Goiás: "Ao amigo e colega médico @lhmandetta, missão cumprida! Fez do nosso País, com todas as suas limitações na área da Saúde, referência internacional de como enfrentar a propagação do coronavírus. Salvou milhares de vidas. Obrigado."

Felipe Santa Cruz, presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB): "A ciência foi demitida. Mas será substituída por ciência e assim sucessivamente. Não haverá um único médico sério disposto a comprar, sob o custo de sua própria biografia e carreira, discurso negacionista que menospreze a gravidade da pandemia ou aponte para o caminho do caos."

Alberto Beltrame, presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde: "O Conass agradece ao Ministro Mandetta e à sua equipe pelos relevantes serviços prestados à saúde de nosso povo. Desejamos sucesso ao Ministro Teich na condução da grave crise de saúde pública que vivemos . Com equilíbrio, sabedoria e respeito à colegialidade da gestão do SUS, esperamos trilhar juntos caminhos seguros em defesa da saúde e da vida de todos os brasileiros."

Carlos Sampaio, líder do PSDB na Câmara dos Deputados: “É lamentável a demissão do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, no momento em que o país caminha para a fase mais aguda da pandemia. Mandetta se tornou alvo de críticas e intrigas dentro do governo nos últimos dias, justamente por estar fazendo um bom trabalho, alinhado à ciência, aos organismos e às autoridades internacionais. O que se espera, neste momento, é que seu substituto mantenha a linha de atuação que os países, na sua grande maioria, estão adotando. Não é possível que o mundo inteiro esteja errado. São vidas que estão em jogo e o esforço para preservá-las deve estar acima de disputas políticas e ideológicas”.

Senador Major Olímpio, líder do PSL: "Mandetta foi demitido porque não abriu mão de princípios científicos e médicos em nome da saúde do povo brasileiro. Nelson Teich assume o lugar de ministro. Eu vi artigos dele defendendo isolamento horizontal para todos. Se ele persistir nesse fundamento, vai ter problemas sérios com o presidente Bolsonaro e não vai durar 30 dias no cargo. Ou terá que rasgar seu diploma e contrariar toda a comunidade cientifica mundial. Sorte ao novo ministro. Mais sorte ainda ao povo brasileiro e à saúde pública."

Deputado Alessandro Molon (RJ), líder do PSB na Câmara: “Desde o começo desta crise, Bolsonaro escolheu o caminho da negação e guiou suas decisões pelo achismo, politizando o que deveriam ser ações técnicas com critérios científicos. A demissão de Mandetta não passa de um acerto de contas por parte de um chefe que, no auge de sua mediocridade, não tolera um auxiliar se destacando mais do que ele. Um comportamento irresponsável de quem está mais preocupado com sua reeleição do que em salvar as vidas dos brasileiros.”

Deputado Fábio Trad (PSD-MS): "Mandetta, esta mensagem é para o primeiro e não para o ministro: para quem punido por suas virtudes e não pelos defeitos, não se deixe bater com a demissão, pois ser demitido deste governo é ser absolvido pela história. Cabeça erguida, primo! Te amo!"

Eduardo Leite (PSDB), governador do Rio Grande do Sul: "Respeito a legitimidade do Presidente de fazer as alterações em seu time, mas lamento a saída de um ministro que coordenou com competência e dedicação exemplar a política de enfrentamento ao covid-19. Agradeço a atenção que @lhmandetta deu ao RS e desejo êxito a Nelson Teich."

Hélder Barbalho (MDB), governador do Pará: "Quero agradecer a todo empenho, parceria e atenção que o ministro @lhmandetta dedicou ao povo paraense. Gratidão, Luis Henrique Mandetta. Desejo sorte ao novo ministro Dr. Teich, tendo a certeza de que continuaremos com nossa parceria de alto nível com o @minsaude."

Senador Eduardo Braga (MDB-PA): "Nosso agradecimento a @lhmandetta por todo trabalho desenvolvido à frente do Ministério da Saúde. A quem assumir o cargo, ainda não oficializado até o momento, nossos votos de sucesso no enfrentamento ao coronavírus e na missão de, junto com o presidente da República e todos nós, unir o Brasil. Só conseguiremos sair vivos e bem desse tsunami se estivermos juntos num só propósito, que é a luta pela vida."

Senador Angelo Coronel (PSD-BA): "A lei na corte Bolsonarista está bem clara: Cale-se ou será demitido. Mandetta não aceitou a subserviência e caiu. A fila está aumentando. Até quando meu Deus?"

Senador Jean Paul Prates (PT-RN): "O Governo Federal anda, mais uma vez, na contramão. Enquanto o mundo e os governantes reúnem suas tropas para combater o coronavírus, Bolsonaro exonera Luiz Henrique Mandetta (Ministro da Saúde), principal figura dentro do governo na linha de frente contra o coronavírus. Em momentos de crises é a hora de reunir todos no enfrentamento ao coronavírus, não é hora de dividir uma equipe ou uma nação. Lamentavelmente, Bolsonaro tem preferido usar a última opção e confundir/ dividir a população brasileira."

Senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP): "Recebemos a notícia da demissão do Ministro da Saúde c/ preocupação. Vaidade e falta de diálogo marcaram mais esse triste episódio do governo. Esperamos q o novo ministro não seja negacionista, que seja técnico e siga as recomendações da OMS. Estaremos à disposição p/ colaborar."

Senador Fabiano Contarato (Rede-ES): "Em meio à pandemia do coronavírus, o presidente decidiu exonerar o Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. Saiu por não fazer o q o presidente gostaria q fosse feito! Saiu por capricho de um capitão! Exigimos q o Ministério da Saúde se paute pela ciência e Ñ pela conveniência."

Deputado Efraim Filho (PB), líder do DEM na Câmara: "A saída de Mandetta é uma notícia lamentada em boa parte do Brasil, pois conquistou a confiança e o respeito da família brasileira com sua postura técnica. Íntegro, permaneceu até o último minuto servindo ao País. Sai com sentimento de dever cumprido, salvou muitas vidas enquanto prevaleceram suas orientações. Obrigado Mandetta, você deixa exemplo para o Brasil e orgulho para o Democratas, de quem tem total apoio e solidariedade."

Senador José Serra (PSDB-SP): "Delicada e pouco recomendável a troca do ministro da Saúde em meio à uma pandemia mundial. No entanto, desejo que o novo chefe da Pasta tenha sucesso na empreitada e possa conduzir essa crise da melhor maneira possível para os brasileiros. Nelson Teich é um oncologista renomado e respeitado e merece um voto de confiança. O momento exige união, sobretudo entre os Poderes da República."

Camilo Santana (PT), governador do Ceará: "Externo minha enorme preocupação com a saída do ministro Luiz Henrique Mandetta do comando da pasta da Saúde, num momento de extrema gravidade pelo qual passa o Brasil diante da pandemia do coronavírus. O ministro Mandetta demonstrou conduzir seu trabalho com o rigor técnico necessário, colocando a ciência em primeiro lugar, sem ideologia ou partidarismo, que são questões inaceitáveis neste momento. Sua saída representa uma enorme perda para o Brasil. Que o Governo Federal sinalize um caminho para o país, com a máxima urgência, neste momento tão delicado."

Deputada Fernanda Melchionna (RS), líder do PSOL na Câmara: "A situação era grave, agora virou gravíssima. A demissão do ministro Mandetta por parte do Jair Messias Bolsonaro significa um caminho anticientífico, um caminho obscurantista, um caminho de propagação de fake news que já levou a 1.769 mortos conforme dados oficiais e mais de 30 mil pessoas infectadas, o que infelizmente tende a aumentar diante da irresponsabilidade desse governo inimigo da ciência e que, ao mesmo tempo, não paga os benefícios sociais para garantir que a população faça o isolamento social para conter a contaminação do covid-19."

Paulo Câmara (PSB), governador de Pernambuco: "Com preocupação recebo a notícia de mudança no @minsaude . O Brasil precisa de estabilidade e unidade. Espero que as decisões, no Governo Federal, sejam orientadas pelo que defendem os organismos internacionais e a ciência. Tendo a vida humana como prioridade máxima."

Senador Rogério Carvalho (PT-SE), líder do PT no Senado: "No epicentro de uma pandemia, é uma temeridade mudar a equipe de comando de um ministério com a importância do Ministério da Saúde, que é responsável pela coordenação de todas ações sanitárias de combate a pandemia do coronavírus."